Ayla's pov
Já se passaram quatro dias desde o ataque. Quatro dias tentando me aproximar do meu futuro noivo e falhando miseravelmente. E nesses quatro dias iniciei uma amizade completamente improvável com Brian. Eu não chamaria de amizade, chamaria de uma boa conversa.
Ontem, encontrei ele no mesmo banco e nós ficamos horas conversando, sobre coisas importantes e outras nem tanto. Mas uma coisa é certa, não importa o assunto ele sempre me faz rir. É inevitável, nunca pensei que iria rir com um estranho, mas ele não é mais estranho. Mas ainda sim é estranho, pois eu nunca fui uma pessoa sociável, sempre fui bem fechada. As únicas pessoas que realmente me conhecem são Calisto, Celina, Lis e Alan, bom, e agora Brian está me baixando a minha guarda. É estranho, pois eu o odeio. Tá bom, talvez eu não o odeie tanto assim.
Já contei para Celi o que estava acontecendo e ela me disse o que o pai dela a fez prometer. Ela se preocupa comigo quando sai para me encontrar com ele a noite, mas ela só está assim por causa do pai.
Somos bons amigos. E ele se dá muito bem com Lis e Calisto, já Celi... bom, ela prometeu ao pai dela que ia ficar longe dele e não vou força-la a nada.
Mas apesar de eu e Brian estarmos conversando as vezes, Celi e eu não nos afastamos nem um pouco. Ela apoia a nossa amizade, e até diz que eu estou mais feliz.
Celina e eu nos conhecemos desde que eu nasci. E desde de lá nunca nos separamos. Ela me conhece mais do que eu mesma, sabe todos os meus segredos, todos os meus medos e ansiedades. Ela é um ano mais velha que eu, mas as vezes acho que ela é mais nova, pela sua cabeça meio infantil.
Contei para Lis e Calisto a mesma coisa. Calisto ficou com ciúmes birrento e Lis o repreendeu. Ela também me disse que nós deveríamos nos encontrar às escondidas, pois se Aloíso nos visse ia entender de forma errada.
E é isso que eu pretendo fazer hoje. Até sei para onde levá-lo, já que conheço o palácio é cada centímetro dele. Mas a tarde está apenas começando então farei quando a noite chegar.
Quebra de tempo:
Estou a um passo de enlouquecer. Estou passeando pelo jardim com Aloíso e novamente ele não para de falar sobre as caças dele. Será que ele não sabe falar sobre outra coisa?
-Me fale mais sobre você.- Aloíso me pergunta. Me surpreendo um pouco, ele nunca perguntará sobre minha vida, meus interesses. Talvez hoje não seja tão ruim.
-Meus pais sempre foram compreensíveis e dedicados ao povo e a mim e meu irmão. Eles me deram uma boa educação, tanto no caráter, como no aprendizado...- ele me corta.
-Espera o que?- ele para e eu o olho confusa. -Você teve aprendizado?- ele pergunta.
-Sim...- respondo simples, mas o ponto de interrogação não sai de seu rosto. -Por que a pergunta?
-Você é uma mulher!- Aloíso fala abominado com o que acabo de dizer.
-Como?
-Mulheres só aprendem sobre boas maneiras e etiquetas! É assim que o mundo funciona! Sem a influência da sua espécie.
Sua espécie? Meus pais sempre me alertaram contra esse tipo de gente. Mamãe sempre me disse que nesse mundo, todos iriam dizer para mim "fique no seu lugar", "você é apenas um rosto bonito", "nunca deve falar ou expressar opiniões", e ela me ensinou que isso é errado, mas que é assim que o mundo funciona. Meu pai sempre concordou com a minha mãe, por isso que ninguém no meu reino questiona a minha autoridade por causa do meu gênero. Eles moldaram o reino com essa perspectiva, de que as mulheres tem tanto poder e influência quanto os homens, as vezes até mais. Já os outros reinos não tiveram essa oportunidade de aprendizado. Eles pensam que mulheres são só para benefícios carnais e relativos.

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𝔗𝔥𝔢 𝔗𝔴𝔬 𝔖𝔦𝔡𝔢𝔰 𝔒𝔣 𝔗𝔥𝔢 ℭ𝔯𝔬𝔴𝔫
ActionEm meio a uma corte de segredos e injustiças, a maior das batalhas ocorre em seu coração. Após a morte de seus pais, os Monarcas de Blumen, a vida da Princesa Ayla se torna um turbilhão de sentimentos e responsabilidades, principalmente depois q...