Parei o carro no meio fio e desci, logo avistei uma criança, graças a deus não estava ferida, mas muito mal tratada. Cheguei perto dela e ela se assustou.
Carla: Oi, tudo bem? Como se chama?
Ela continuou calada, parecia totalmente assustada, parecia que estava fugindo de alguém, a pressas, roupas sujas, cabelos alvoraçados, e de longe deu pra ouvir sua barriga roncar.
Carla: Onde estão seus pais?
Mais uma vez ela ficou calada e olhou para o chão.
Carla: Você quer comer alguma coisa, hmmm, depois eu posso te levar pra casa se você me falar onde mora...
O menino fez que sim com a cabeça e eu coloquei ele no banco da frente do carro, meu deus o que eu tô fazendo? Eu posso até ser acusada de sequestro... Mas eu senti uma proximidade tão grande por essa criança, senti que tinha que ajudar, que alguma coisa estava errada. Ele parecia traumatizado com algo, eu sentia que devia ajudá-lo da melhor forma possível. Durante todo o caminho ele não disse uma palavra se quer. Chegamos em uma lanchonete e eu desci do carro com ele e levei ele para escolher alguma coisa pra comer.
Enquanto ele comida um enorme folheado com suco, eu o observava, a fome dele era tanta, que aquele folheado enorme parecia ser só uma mísera cozinha pequena. Senti compaixão por ele.Carla: Agora que você terminou, posso te levar até sua casa?
??? : Moça, você é muito boa, a senhora quer que faça alguma coisa em troca? lave seu carro... ou eu posso pedir dinheiro na rua pra senhora. Mas eu não posso voltar pra casa.
Carla: De maneira alguma. Por que faria isso? Por que não pode ir pra casa?
???: É que eu não coletei dinheiro suficiente pro papai hoje, e eu sem querer comprei comida com o que consegui, se eu voltar sem o dinheiro dele ele vai me bater...
Carla: Meu deus que horror... — eu coloquei a mão na boca em uma expressão de horror — Olha, você não vai precisar voltar pra casa, nunca mais, eu prometo, a gente pode passar no shopping comprar umas roupas e deixa que EU resolvo isso, se preocupe com coisas de crianças.
???: Acho que é melhor do que voltar pra casa, e seja o que for que a senhora vai querer de volta, deve ser melhor que voltar pra casa.Ok, eu poderia ser acusada de sequestro? Poderia. Mas poderia também botar o responsável desse menino na cadeia. E depois disso, não sei...
Novamente a criança entrou no banco da frente do meu carro e eu dei partida para casa. Dei mais uma olhada para ele, e como ele estava mal tratado que chegava dar dó daquele estado. Estacionei o carro na garagem do prédio do Victor e desci do carro para abrir a porta pra ele.*
Victor: Carla, que demora, quem é essa criança?
Carla: Depois eu te explico tudo. Agora pode dar um copo de água pra ele?Victor foi até a geladeira e eu fui abraçar Paula que estava intrigada olhando pra mim.
Carla: Tenho coisas pra te contar.
Paula: Por que você trouxe uma criança pra cá?
Carla: Ele tá sofrendo maus tratos pelo pai, é obrigado a pedir esmola na rua, se não apanha. Eu tive que fazer alguma coisa.Chego perto do menino e faço uma bagunçinha no seu cabelo.
Carla: Você não me disse seu nome...
?????: Matheus
Carla: Matheus, que tal a gente comprar umas roupas pra você hoje?
Matheus: O papai vai brigar moça, eu tenho que voltar pra casa, se não...
Carla: Eu não aceito um não como resposta, e não se preocupe com seu pai, deixa ele comigo. Ok?Ele faz que sim com a cabeça, mas é de notar seu semblante preocupado. Isso tá muito errado. Crianças precisam brincar e não se preocupar com coisas desse tipo, eu precisava tomar alguma providência quanto a isso.
Christian, nosso cozinheiro de mão cheia tinha terminado o almoço e eu fiz o prato do Matheus bem reforçado. E fiquei observando ele comer como se aquela fosse a última vez q ele ia colocar alguma comida na boca.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Lua de Prazer
RomancePaula uma policial responsável e dedicada totalmente ao trabalho, com a vida toda em ordem, sem planos nenhum para relações, seja qual for. Porém o destino coloca Carla em seu caminho. Paula tenta manter o foco, mas fica difícil quando aparece a C...