Capítulo 30

5.1K 401 12
                                    




Carla narrando:

Faziam 6 meses desde aquela ligação, e juro que tentei falar com ela algumas vezes, mas ela simplesmente me bloqueou e anda me evitando em todos os tipos de redes sociais possíveis! O que é super compreensível, faria o mesmo, depois de eu ter entregado meu coração pra uma pessoa pra ela vir e falar que estava apaixonada por outra? eu ia surtar! Ao mesmo tempo que eu sabia que tinha feito o certo, sabia que uma hora ou outra ela ia me superar e parar de levar aquela vida de bebedeira, que só estava prejudicando ela, e a Paula sempre foi bem teimosa, nunca escutava ninguém. E SIM, EU TO ME ODIANDO POR ISSO, MAS QUERO VER ELA BEM, E ELA CLARAMENTE NAO ESTAVA BEM, NAO ME XINGA, SO QUERIA O BEM DA MINHA NAMORADA... ex namorada. Ex namorada...

Enquanto os dias iam se passando bem lentamente, porque parece que ate o universo estava me castigando, ficava me perguntando o que ela estava fazendo, se estava com alguém, pois eu estou aqui travada, só penso nela. Queria desmentir toda essa historia, mas já era.

    A cada dia que passava ficava mais difícil, essa contagem ta errada, era pra cada dia que passar doer menos. O trabalho tava indo ótimo, todos gostaram de mim, passei da fase de experiência e tinha me adaptado bem ao francês além de ter aprendido um pouco da língua na adolescência, convivia bem com todos. Mas eu poderia ir bem em tudo, não tendo a Paula aqui do meu lado fica tudo sem graça...
     A noite veio e guardei minhas coisas que estavam sobre a mesa onde eu trabalho, peguei minha bolsa e fui pra casa.

     Depois de ter tomado meu banho e ter feito minhas higienes, me deitei bem cheirosa e liguei o celular pra ligar para a Júlia, estava com tanta saudades da minha melhor amiga. Ela sempre me entendeu como ninguém. Os meus últimos dias no Brasil foram corridos, tive mal tempo de tomar um café com ela pra conversar, mas desde então nós conversamos por mensagem e vídeo chamada, poucas horas, pois o fuso horário é cansativo.

      Júlia: OI GATAAA

      Carla: Oi meu amor! Eai como estão as coisas por aí no Brasil?

      Júlia: Tudo uma merda, como sempre. E por aí em Paris? Já fez amigos novos? Essa tal de MARIANA, sua nova amiga, já anda me substituindo?

       Carla: A gente já conversou sobre isso, Júlia. Você é insubstituível, para de ser besta!

       Júlia: Eu sei, só faço pra te irritar, você seria muito burra de me trocar.

Carla: Seria mesmo... — me encostei na parede e fitei o celular. — Sabe amiga, eu amadureci muito aqui, fui forçada a sair da mente adolescente e viver uma vida adulta, sozinha, novas responsabilidades, não era como eu esperava, é um pouco assustador.

Júlia: Entendo, mas você precisava disso! Talvez... quando você voltar as coisas se resolvam entre você e a Paula, não sei, podem se resolver.

       Carla: Vão se resolver, Júlia, vou explicar pra ela o que aconteceu.

Júlia: Mas você nunca pensou que... sei lá, que ela possa conhecer outra pessoa? Porque assim Carla, nunca duvidei do amor dela por ti, ela e perdidamente boiola e apaixonada, mas po, tu simplesmente jogou na cara dela que tá apaixonada por outra, um dia ela vai sair da poça de sofrer por ti e conhecer alguém.

Carla: Não tinha pensado muito nisso, eu nem gosto de pensar nisso. Mas parando pra pensar... eu não posso, eu não quero que isso aconteça. — meus olhos marejam.

Júlia: Eu sei, mas você precisa pensar... Eu vi a Paula com uma menina, elas estavam comendo um lanche, mas não vi nada de mais, elas podem ser só amigas, mas isso me fez refletir sobre isso.

Carla: O que? tu conhecia a menina? como ela era?

Júlia: Não, nunca tinha visto ela na vida. Ela é um pouco menor que a Paula, tem o cabelos compridos e pretos, bem brilhosos aliás

Carla: Júlia!

Júlia: Tô brincando! Eram bem opacos — eu sabia que ela estava mentindo— E os olhos verdes, mas assim, nem é essas coisas não, é um verde bem feio tá?

Carla: Não precisa mentir pra fazer eu me sentir bem.

Júlia: Tá bom então, ela era um mulherão. Mas como eu te falei, não vi nada de mais, elas podem ser só amigas. Quando a Paula me viu ela ficou um pouco sem graça e me cumprimentou como uma amiga dela.

Carla: Hmm... Entendi, amiga... eu vou tentar dormir tá bom? Vai dormir também que sei que você tá cansada.

Júlia: Tá bom amiga, vou dormir mesmo, não fica pensando muito nisso tá? beijos, eu te amo.

Carla: Beijos, te amo.

        Desliguei a chamada e joguei o celular na poltrona que ficava do lado da minha cama. Como eu não tinha pensando bem nesse assunto? Eu sou burra sou o que? A Carla pode arrumar uma pessoa melhor que eu, que faça ela feliz, ela deve me odiar por ter partido o coração dela. Mas se ela tá com alguém, saindo, lanchando por aí, isso quer dizer que ela já não tá tão mal assim. O que era exatamente meu objetivo, mas não com essa parte de ter OUTRA PESSOA! Sei que é injusto que eu queira que ela me espere, pra que eu pudesse explicar que não aguentava ver ela se acabando por minha causa, por isso terminei, daí ela ia me beijar e falar "eu te perdôo amor" e aí íamos ser felizes para sempre.
    Agora o que me restava era rezar pra que essa menina seja só uma amiga, ou não também, só quero que a Paula seja feliz, e se ela conseguir fazer isso sem mim. Eu vou ter que superar.

Redes da autora:

Instagram: @pamellacondoisele
Twitter: @pamellaguiarr

Lua de Prazer Onde histórias criam vida. Descubra agora