Capítulo 9

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POV Rose

Já se passava da uma da manhã e depois de uma curta noites das garotas com Cat, a pequena capotou, fiquei um pouco com os garotos no quarto até todos acabaram dormindo mas eu perdi o sono. Fui até a cozinha encontrando Jay cozinhando algo, chegando mais perto, reparo nos ingredientes para bolo. Me sento na bancada e a mesma me encara soltando seu sorriso de sempre.

-Oi querida, não conseguiu dormir?

- Perdi o sono, está fazendo o bolo para amanhã?- pergunto a observando, a mais velha assente enquanto delicadamente pegava os ingredientes.- Qual o sabor?

- Baunilha com morangos, quer me ajudar?- sorrio em resposta e vou até ela seguindo a receita e colocando os ovos no recipiente. - É o preferido de Vinnie, acabo fazendo todos os anos.- comenta e eu sorrio e a mesma continua.

- Gosta de cozinhar Rose?

- Uh, eu amo. Meu pai mal faz um ovo frito então eu aprendi cedo e amo até hoje.- fico feliz, eu amava cozinhar mas faltavam oportunidades. A loira me olha com ternura e continuamos fazendo o bolo. Misturamos tudo e colocamos no forno, por fim me sentei novamente na bancada e Jay senta ao meu lado. 

- Vinnie me contou que está aprendendo a BSL, é muito gentil de sua parte.

- É importante pra ele tia Jay, então também se torna importante para mim.- digo simples, as pessoas realmente se impressionavam com isso.

- Ele criou um carinho enorme por você esses tempos para cá Rose, tirando os garotos que eram crianças demais para pensar nessas coisas quando se conheceram, você foi a primeira pessoa que se abriu a fazer amizade com ele sem ter maldade por trás. Você tinha que ver a felicidade que Vin chegou para mim quando viraram amigos. Só queria agradecer, por ser tão gentil e aberta em um lugar tão novo.- a olho chocada. Na minha cabeça, era algo tão bobo que não tinha sacado o tamanho disso para Hacker e sua família.

- Vinnie é a pessoa mais carinhosa e calorosa que eu conheço tia, não sabia da onde tinha vindo isso até aquele almoço na sua casa. Você, seu marido e o jeito que criam Cat e Vinnie, não tinha como eles virem de outra forma se não fosse como criaturas amáveis. Para Kio e Jor essa doçura parecia rotineira e me deixou feliz em saber que todos eram assim por natureza.

A mais velha me observa por um tempo e sorri mas nos despertamos quando o forno apita, Jay tira o bolo e pouco a pouco coloca o glacê branco por cima. Não conversamos depois disso, apenas a observei decorar o bolo com o bico de confeiteiro. No final, ficou parecido com bolos de festas infantis, daquelas com pinhatas e salgadinhos. Não tive festas como aquelas. Aos meus oito anos, quando já era apenas eu e meu pai, o mais velho me levou para comer comida chinesa. Eu não gosto de comida chinesa mas acho que ele não percebeu. Raramente ele percebia coisas sobre mim. Não tive bolo os outros anos também mas pelo menos tive coragem de pedirmos pizza ao invés de bolinhos primavera. Ganhava um livro de papai todos os anos. Tirando os que eu já tinha mas aquele, aquele era sempre especial. Era uma coleção rara de algum clássico ou edição especial. Papai ao menos sabia que eu amava livros e nas manhãs do dia dez de fevereiro os deixava no pé da minha cama antes de sair pra trabalhar, embrulhado em papel celofane e um laço desajeitado me tirando um singelo sorriso para depois passar o resto do dia lendo. Pelo que eu entendi, aniversários são importantes para os Hackers. Comemorar a vida. Era um bom momento para festejar. 

Jay guardou o bolo na geladeira para a manhã seguinte e a vi se voltar para a cozinha e depois de um tempo voltar com duas canecas. Chocolate quente. Me entregou uma delas e me puxou até a varanda se sentando em uma cadeira e eu em outra.  O céu infelizmente estava nublado e não dava pra ver as estrelas, não tirando a beleza do lugar. O ar frio me fez encolher e brincar com as meias nos meus pés enquanto levava a bebida até minha boca e sentia o gosto adocicado em meus lábios. Não falamos muito, ficamos apenas juntas. Não sei exatamente quanto tempo ficamos lá. Só sei que depois de uma caneca vazia, o sono me consumia e fui obrigada a ir deitar.

Deafness - Vinnie HackerOnde histórias criam vida. Descubra agora