Capítulo três: Razão ou emoção?
JULIE
É tudo tão... tão doloroso.
Abraço a mim mesma e cesso o choro aos poucos. As vezes o único consolo que temos é a nós mesmo. Me sento na ponta da calçada, cantarolando um trecho de Wake up, enquanto espero dar o horário de Ana me buscar.
A vida é um teste, sim, mas você vai aos poucos (Life's a test, yes, but you go toe-to-toe)
Você não desiste, não, você cresce (You don't give up, no, you grow)
E você usa sua dor (And you use your pain)
Porque isso te faz ser você ('Cause it makes you you)
Usar minha dor. Vamos, eu consigo. Eu sobrevivi a um ano terrível sem minha mãe, um ano depois subi ao palco pensando que seria só eu cantando na frente de todos, realmente cheguei a pensar que tinha perdido os meninos naquela noite. Então não posso desistir. Não agora!
Minha cabeça está em um grande conflito entre a razão e a emoção, sinceramente, nessa briga eu não sei quem sairá vencendo.
...
— E ai querida? Achou o que queria hoje? — Ana questiona enquanto me serve com um pedaço de pizza.
Eu falei que a janta seria pizza. Reggie ficaria bem empolgado agora se estivesse aqui.
— Não, mas acho que encontrei uma pista. — mordo a fatia. — Amanhã eu tenho um encontro com uns rapazes. — tento falar enquanto mastigo.
— Como assim?
— Eles pareciam me conhecer no mercado. Sabiam meu nome e tudo. São velhos amigos, tenho quase certeza. Me lembro dos olhos de um. Talvez eles possam saber o que aconteceu comigo e com minha memória. — minto tentando encaixar minha história com a falsa.
— Ainda acho que deveria ir ao médico.
— E como um médico poderia me ajudar? Nem devem ter terapia para isso em 1995.
— Por que fala como se não fosse desse ano? — sua pergunta me pega de surpresa.
— O que? — solto uma risada nervosa. — Falei? Nem notei. Minha cabeça está ruim mesmo. — Ana também deixa escapar uma risada, que ao contraria da minha, é bem descontraída.
Não demoramos muito com a janta, pois somente nós duas comendo, sobrou bastante pizza. Me retiro da mesa e tenho uma pequena discussão de vinte segundos com a Ana para ver quem lavaria os pratos. Ela cisma que deve lavar meu prato e eu insisto que por estar ali de intrusa tenho que ter obrigações.
Obviamente eu ganhei a discussão e por um momento sorri por ter me lembrado minha relação com Carlos. Como será que minha família está? Como estão lidando com meu sumiço? Será que o tempo passa da mesma forma que aqui?
Tem tantas perguntas sem resposta que me sinto até sufocada. Antes de me deitar na cama, eu tomo uma ducha rápida para relaxar a tensão do meu corpo.
Ana me deixou umas coisas para caso eu quisesse usar na minha estadia aqui. Eu não entendo como essa senhora está sendo tão legal comigo. Confesso que fico curiosa para saber mais sobre ela.
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Remember [Juke]
ФанфикDepois do sucesso que Julie e seus "hologramas" fizeram no The Orpheum, tudo está indo muito bem para a nova banda queridinha da internet. Até que uma visita inusitada faz as coisas desandarem, pois agora Julie se encontra no dia 29 de junho de 1995...