Capítulo cinquenta (1)

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Capítulo cinquenta e um: Nunca é um adeus.

JULIE

Somos feitos de momentos.

Momentos que nos marcam, nos transformam... Momentos que nós carregamos pelo resto de nossas vidas.

A vida é passageira.

O tempo voa.

Aproveite.

Frases típicas que estamos cansados de ouvir de vozes experientes. Porém, nunca realmente ouvimos. Por que? Por que somos seres tão resistentes e necessitamos desafiar o que não necessário? É a graça. Ela é feita disso. Até o dia em que nos tornamos aquela voz. Viva a vida, garota. Impressionante como somos uma espécie racional que, na verdade, nunca age racionalmente. Não importa, a beleza da vida está na emoção. Agir com coração ou razão? São questionamentos interessantes, mas se tornam escolhas difíceis quando se tem o seu futuro nas mãos. Razão? Coração?

Quem vence?

29 de julho de 1995 - 15 horas.

— Ei, pode me passar essa camisa?

Jogo o tecido e meu namorado segura-a, enfiando dentro de uma mala de mão.

— Vai deixar as coisas aqui?

Luke está guardando o resto de suas roupas. Os meninos saíram de manhã cedo para suas casas. Passaram a noite como eu havia pedido.

Dá para acreditar que foi a última noite? E foi maravilhosa como todas as outras. Consegui terminar de contar sobre High School Music para Luke. Ele foi resistente, mas se quisesse continuar me beijando, teria que me ouvir.

Estava pensando.

Nós nunca sabemos quando é a última vez que veremos alguém ou a última vez que iremos dizer eu te amo ou até mesmo ver nossa melhor amiga. Nós nunca somos preparados para esse dia. Assim como chegam, saem tão de repente. Não queria que o Luke tivesse essa sensação. Dessa vez, é diferente. Eu sei quando será a última vez. Sei quando será o último eu te amo, o último abraço e último beijo.

Os segundos passam e meus pensamentos me torturam.

A cada giro do ponteiro, fica mais perto do adeus. Meu estômago está embrulhado.

— É. Voltaremos para buscar depois do show. — ele passa suas mãos grandes pela testa, tirando um pouco de suor dali. — Hoje está muito quente. Não me parece um bom sinal. Vai chover muito à noite.

— Calor de chuva? Provavelmente. — observo os feichos de luzes entrando na garagem.

Na verdade, até o céu vai chorar hoje. Ele está sentindo o mesmo que eu.

— Vou tomar um banho. Se os meninos voltarem, fala para não deixarem nada jogado. — assinto e ele passa por mim como um furacão.

Luke está bem agitado. Não falamos mais sobre o que pode acontecer de noite. Estou fingindo que tudo se resolverá em passe de mágica. Mágica... Só poderia ter duas pessoas que resolveriam essa situação e uma delas definitivamente não está ao meu lado. Não encontro Caleb desde... Enfim, não consigo ter esperanças de sair dessa.

Devo admitir que pior que me despedir dos meninos de 95, é não me despedir dos meus meninos. Os fantasmas. Sei lá o que vai acontecer comigo. Espero que Willie esteja errado a respeito das consequências dos meus atos. Consequências de seguir o coração.

A última lembrança que tenho do meu Luke é um grito. Ele chamava meu nome.

— Eu não aguento mais tudo dando errado! — me viro para porta e Alex entra, gritando.

Remember [Juke]Onde histórias criam vida. Descubra agora