Faço minha mala e a de Lúcia. Perguntei quanto tempo ficaria lá mais ou menos. Natália disse que no máximo um mês. Eu assustei, é muito tempo longe de casa. Combino com a Flávia para cuidar do Téo para mim. Deixo tudo arrumado e saio em direção a Nathan.
A Natália foi nos buscar. Fizemos algumas paradas por causa de Lúcia, mas chegamos umas quinze horas na casa, casa não, uma puta casa! É muito linda. Com muitas árvores na frente, parecia aquelas casas do século XVIII. Entramos na casa e somos recebidas por uma senhora, Ana, a governanta. Ela disse que podemos ficar nos quartos de hóspedes. Natália disse que só era necessário um, pois só eu iria ficar enquanto ela já estava de saída.
Explico que eu irei ajudá-la a cuidar de Nathan, e vejo um grande alívio em sua expressão. Disse que ele nunca foi tão teimoso para tomar a medicação prescrita. Ela me mostra o quarto onde irei ficar. Encostamos a cama de casal na parede para que eu durma tranquila com Lúcia.
Ana me mostra o quarto de Nathan... É alguns metros do meu. Ela me mostra a casa. Tomamos um café e escuto Nathan em um aparelho: - Ana! Quero meu café!
- Pode deixar Senhor Nathan. – Quando ela desliga eu escuto um grosso. Solto um risinho.
- Deixa que eu levo... – Digo pegando a bandeja da mão dela.
- Tudo bem. – Aproveitei que Lúcia estava dormindo e fui até o quarto de Nathan. Bato três vezes antes de entrar. O quarto estava escuro, porém estava muito limpo. Bem simples o quarto, bem masculino. Com uma cama de casal com colchas azuis escuro, uma estante com uma TV, um guarda roupa e um criado mudo ao lado da cama. Ele estava assistindo TV, então entro e coloco ao seu lado. Nem percebeu que era eu. Até eu falar.
- Mais alguma coisa?
Vejo-o congelar.
- Lisa? – Pergunta num sussurro. – Eu devo estar sonhando.
- Não... Não está sonhando não. Sua irmã veio me procurar para me informar como o senhor anda se comportando. Como ela está começando a trabalhar ela me pediu para cuidar de você.
- Mas...
- Tome seu café Senhor Nathan. – Digo nervosa. – Logo trarei seu remédio.
- Lisa eu... – Ele é cortado com o choro de Lúcia. Congelo. Ele olha pra mim confuso. – Amanda está aqui?
- Não... – Olho pra ele e saio o mais rápido possível.
Vou até meu quarto e vejo Lúcia chutar as perninhas e agitar seus bracinhos. – Oi bebê... Mamãe está aqui... – Digo chorando. – Não se preocupe... Vou dar seu leitinho.
Sento em uma cadeira que Ana colocou para mim. Por incrível que pareça, consegui produzir leite para minha menina. A ajeito em meu colo, desabotôo minha camisa e coloco-a para mamar. Começo a cantar para ela e fazer carinho em sua pequena cabeça.
- Senhor Nathan!! Você não deveria estar fora da cama! – Assusto com os berros de Ana e olho pra porta. Nathan estava de muletas me olhando.
- Volte para cama Nathan... – Digo num sussurro. – Não irá te fazer bem... – Digo olhando para Lúcia com muitas lágrimas.
- Lisa... – Diz chegando mais perto. – Por que não me disse?
- Pra que Nathan? – Olho pra ele com raiva. – Pra pisar em meu coração de novo? Pra dizer o quanto não o mereço? – Lúcia sentindo meu turbilhão de sentimentos começou a chorar. Olho mais uma vez para ele antes de secar algumas lágrimas de meu rosto e ajeitar a minha roupa.
- Pronto minha linda... Pronto. – Digo colocando ela em meu ombro e dando pequenos tapinhas em suas costas para arrotar.
- Como ela se chama? – Pergunta-me baixinho.
- Lúcia. – Digo com ternura.
- Posso segura-la? –Olho pra ele. Ele realmente quer fazer isso.
- Sente-se ou vai se machucar mais... – Ele me obedece e estende os braços para pega-la. Ela solta um pequeno arroto e já a entrego.
Ele a pega e ela sorri com sua boca sem dentes. Ele fica maravilhado. Bobo até. – Ela é a sua cara. – Me diz.
- Não... é você todinha
Ele me olha e vê dor em meus olhos, vê todo o sofrimento que passei durante o ano passado inteiro, vê como sofri sem ele na hora do parto, toda a dificuldade que passei sem ele.
- Lisa... Me desculpa... – Diz com lágrimas nos olhos.
- Está tudo bem... Já superei. Já chorei muito, reuni os pedacinhos do meu coração quando Lúcia nasceu. Decidi seguir minha vida sem olhar para trás, só para frente.
Ele abaixa a cabeça e me entrega minha pequena.
- Senhor Nathan! Parece que não escuta o que o médico lhe disse. Repouso absoluto. Nada de ficar andando pela casa.
- Eu sei Ana... –Responde Nathan. – Só estava conhecendo minha filha...
Ana olha pra mim e eu confirmo tristemente com a cabeça. Ela faz um OH com a boca.
- Oh meu Deus! – Diz ela. – Deixe me vê-la. – Diz pegando Lúcia. – Olha só! Ela tem a marca dos Wolfman! – E solta uma gargalhada gostosa. – Pelo menos você não o enganou né moça! – Diz apertando uma de minhas bochechas. Ela solta quando percebe que meu olho estava vazando. – Ô minha menina... Por que está chorando?
- Oh... Não estou chorando não... – Digo tentando limpar meus olhos.
- Está sim... Conte-me o que aconteceu.
- Anda Ana... Tenho que tomar meus remédios. – Diz Nathan andando até a porta.
- Já eu volto. – Sussurra Ana.
Lúcia estava com a fralda suja. Resolvo dar um banho em minha menina. Preparo uma água morninha e a limpo. Coloco sua fralda e coloco-a para dormir.
Ana aparece de novo. Observa Lúcia dormir e senta ao meu lado na cama.
- Agora menina... Conte-me tudo. Você é Lisa, não é mesmo?
Aceno afirmativamente com a cabeça.
- O Senhor Nathan vivia te chamando sabia? Ele não sabe disso. Mas acho que ele sentia sua falta.
- Não... Ele só me tolera só isso. Eu o amava sabia? Eu percebi no dia em que me entreguei pra ele, acho que ele não curtia virgens. Confiava tanto nele. – digo chorando de novo e encostando minha cabeça no ombro de Ana. – Pensei que ele gostava de mim também sabe. Me sentia mulher perto dele, não uma menina assustada da faculdade. Me sentia... Segura. Protegida. Amada. – Dou um sorrisinho. – Mas toda vez que confio demais em um homem ele me machuca, e quando machuca é difícil cicatrizar Ana... Você não sabe como é difícil... – Choro convulsivamente. Ana acaricia minha cabeça falando coisas carinhosas, que tudo vai se resolver.
- Anda menina. Pare de chorar, vai sujar todo meu uniforme...
- Desculpa. – Digo limpando meu rosto. – Você deve ter muitas coisas para fazer do que me escutar lamentando que fui rejeitada duas vezes... – Sorrio sem graça.
- Você é uma moça bonita, vai encontrar alguém que te ame...
- Oh não. Não quero me envolver com homem nenhum... E meu coração não está comigo... Está com ele.
Ana me da um sorriso triste e se levanta. E eu vou para o banheiro chorar mais debaixo do chuveiro.
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Alugando um amor
ChickLitPLÁGIO É CRIME! Desde que se conheceram, Lisa e Miguel se tornaram melhores amigos. Mesmo com mudanças, faculdades e namoros eles continuaram unidos. Lisa (arquiteta que ama gatos e livros) é uma solteirona de 25 anos... Na verdade sempre foi. Desde...