Alugando um amor

Capitulo 33 - Sala de jantar

            Bom... Depois daquele quase enfarte as crianças entraram na linha. Passou o natal, recebi muitas ligações, fiz ligações... Lúcia queria saber do tio Miguel. Bom, ele se separou da Juliana e casou mais duas vezes... Ah! E teve um filho com cada uma... Como vou falar isso pra ela? Ele continua sendo meu amigo, mas não era como antes... Nicolas prefere a Natália e as minhas amigas, que, aliás, estão ótimas.

            Passamos a virada do ano na praia e sim, pulamos as sete ondas... Mesmo com eles estando de castigo consigo convencer Nathan a levá-los. Ele não admite, mas ele ficou com muito medo naquele dia. Voltamos pra casa... Nossa rotina, nossa vida... Meu lar. Nosso lar. Minha família. Sim, temos alguns problemas no caminho, mas eu não trocaria por nada e não mudaria meu passado por absolutamente nada.

            Se não fosse pelo Miguel nunca teríamos nos conhecido... Não teríamos essa família. Você deve estar se perguntando: e o Téo? Continua o roliço de sempre, só que agora tem mais carinho e atenção que antes.

            - Mãe? – me viro e encontro Lúcia me encarando.

            - Oi filha...

            - Tenho uma tarefa da escola pra fazer e preciso de você e do papai... – vejo Nathan surgir atrás dela.

            - Ok... E é sobre o que?   

            - De como vocês se conheceram... – encaro Nathan. Estava tão assustada como eu. Como íamos falar das nossas doidisses?

            - Bom... – começo. – Mamãe estava andando preocupada pela rua... Tinha um casamento para ir e não tinha um par pra me acompanhar... Estava muito desligada aquele dia...

            - Papai estava dirigindo... Também muito desligado do mundo.

            - Atravesso a rua sem olhar dos lados, o que você não deve fazer ok?

            - Papai freou a tempo de não a atropelar...

            - Eu caí no chão e desmaiei.

            - Desço do carro correndo pra ver quem era a louca que não parou no sinal verde e... Vejo sua mãe ali deitada no meio da rua. Só tinha os olhos pra ela... – encaro Nathan, ele nunca tinha me contado isso antes. Lúcia estava com uma carinha feliz. – Coloco sua cabeça no meu colo e sinto seus sinais vitais. Estava ótima, só com um arranhão na perna. A levo para o hospital antes de ajuntar transeuntes.

            - Acordo assustada claro... E quando noto seu pai na minha frente, sentado com as mãos na cabeça logo falei: é ele que vou levar comigo na festa...

            - Eu fiquei assustado com a proposta que ela fez... Muito assustado.

            - Mas ele topou... Logo acontece coisas que você NÃO está na hora de saber e casamos... – sorrio para ela.

            - Nossa!! Com certeza vou ganhar muitos pontos por isso! Obrigada!! – e sai correndo.

            - Você nunca me contou sua versão dos fatos... – sorrio para ele.

            - Bom... Você nunca perguntou...

            - Há!

~o~

            - Como está a vida? – pergunto a elas.

            - Nossa... Como crianças são umas pestes... – Flavia bufa. – Só tenho dois e não agüento mais...

            - Ah, não fala assim... Meus meninos até que não fazem tanta bagunça... – Paula comenta.

            - Bom... Até agora as meninas brigam um pouco... Mas é normal. – complementa Natália.

            - Minhas crianças são perfeitas... – fala feliz Helen.

            - Meu Deus Helen... Você tem quatro! Quase fico sem cabelo com os meus... – me jogo no sofá. – Nathan fala que vai ser pior na adolescência e acredito...

            - Pare com isso Lis... Alex e o Fê também me descabelam, mas não é por isso que vou parar de amá-los...

            - Concordo Paula... Hahahaha não trocaria por nada esses doidinhos...

            - Com certeza...

            - Vamos comer?

            - Piiizzaaaaa!!!

            - E chocolate...

            - Muito sorveeete!

~o~

            Chego em casa e observo Nathan ensinando os dois na sala de jantar.

            - Não filho... É pra pintar só com essas três cores...

            - Mas não quero só essas... – reclama.

            - Não é o que está pedindo aqui Nicolas... – repreende.

            - Ok...

            - Pai, vê se consegui acertar essa conta...

            - Deixe me ver... Tire o braço. Assim não consigo ver...

            - Tá...

            - Você deixou de somar esse dois aqui...

            - Eita...

            - Olá... – digo.

            - Mãe! – e eles correm para me abraçar.

            - Como foi o dia de vocês? – pergunto agachada para ficar na altura deles.

            - Papai está nos ajudando com as lições de casa...

            - A é?

            - Oi Lis... – ele vem me cumprimentar.

            - Oi amor... – e beijo castamente sua boca. – Como foi?

            - Não deram tanto trabalho...

            - Ah sei... – digo cruzando os braços.

            - hahahaha. Vem... Vamos terminar essas tarefas...

            - Vem mãe... – Nicolas me chama.

            - Já vou... – vejo eles se sentarem em seus lugares. Percebo que sim... Os amo taaaanto, essa família que teve um começo meio louco, mas que com certeza tem muito amor, e um pouco da loucura também. Essas três pessoas me fazem refletir que minha vida é outra, aquela do passado ficou no passado... Olho só para frente, me preocupo com meus filhos, minha casa, meu trabalho e claro... Meu marido. Sei que dores de cabeça vão me atormentar enquanto eles crescem e sei que um dia tudo irá passar, vou sentir saudades, vou envelhecer e um dia verei meus netos aqui... Nessa mesma sala de jantar estudando, e vejo meu querido e amado marido ali, sentado também os ajudando enquanto estou ali na cozinha preparando um lanchinho. Se mudaria meu passado? Afirmo mais uma vez... Nunca. Não troco esses loucos por nada...

Fim...