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Dimitri

A batida na porta me tirou dos meus pensamentos. Jay sorriu entrando no consultório.

— Nunca te vi tão feliz. – Pisquei. — Quem diria que a esquentadinha te faria tão bem.

— Por que diz isso?

— Dimitri, vamos ser sinceros. Você vem cantando trabalhar e sai cantando. Você vai mais vezes a casa da sua mãe, está saindo de casa e entrou na academia em que Rose e minha esposa dão aula.

— Eu só precisava praticar mais exercícios. - Menti.

— Tem uma academia aqui pertinho e você era matriculado lá.

Touché...

— Eu só queria mudar.

— Mudar ou ficar mais perto de Rose?

Era um pergunta que eu me recusava a pensar.

— Onde você quer chegar com isso?

— Amigo, caro amigo. Seu paspalho, você está apaixonado.

— Não, não, eu e a esquentadinha somos namorados, mas não... não. Quer dizer eu, eu não, sabe não estou assim.

— Aham. A mim você até pode tentar enganar, mas a si mesmo não pode amigo.

As palavras de Jay me fizeram refletir mais umas vez, e se Rose e eu estivéssemos indo longe demais. E se eu realmente estivesse me apaixonando por ela?

Porque eu realmente gostava de sua companhia, de sua risada. De seu péssimo gosto para filmes. Suas piadas maliciosas e a comida horrenda que ela tentava fazer ser comestível, e eu fingia comer e engolia para não magoá-la. Ou quando ela dormia aninhada em meu peito e roncava como um motor velho a noite toda. E eu, já havia me acostumado com o barulhinho de seu ronco.

Mas isso não era bom pra mim, porque quando Roza, se cansa-se dessa brincadeira de namorados e... de mim, eu não teria mais ela. E  eu queria ficar perto dela. Não pelo  sexo, que estava cada vez melhor, mas porque a cada dia eu estava me apegando mais a ela.

Sorri ao me lembrar de seu ciúmes de uma mulher, que estava com uma gatinha no consultório, e por um segundo tive esperança de que, o que eu havia criado com ela durasse para sempre.

***

Animadamente jantávamos juntos em um restaurante italiano muito bom. Falamos de tudo e de nada ao mesmo tempo. Era fácil falar, ficar em silêncio ou rir com ela.

Rose estava muito animada, pois havia recebido um aumento de salário na academia pelo desempenho dos alunos. E ainda mais,  suas aulas gratuitas de defesa pessoal para mulheres tinham novas alunas. Inclusive minhas irmãs, que fizeram o favor de testar um golpe de defesa em mim. Minhas costas ainda doíam, mas a esquentadinha havia me prometido uma massagem e um chá, eu não ligava pra massagem, mas se ela quisesse me dar um chazinho... ah, eu com certeza não recusaria.

— Você conhece aquele homem? Ele não para de te olhar. – Falei para esquentadinha, enquanto um cara sentado do outro lado do salão nos encarava. Encarava ela.

A esquentadinha se virou e arregalou os olhos.
— Eita. Sim. Conheço.

— Conhece de onde? - Perguntei.

— Bar. Acho que ele não está muito feliz. Mesmo fazendo bastante tempo.

— Que diabos você fez?

— Ele disse que gostava de mim e acabou chorando. – Respondeu ela.

Segurei o riso e perguntei:
— Por quê?

— Não sei. – Ela deu de ombros e deu uma garfada em sua comida. Um macarrão à bolonhesa. — Acho que foi porque eu disse que, também gostava de mim.

Arregalei os olhos.
— Você não fez isso!

— Pior que eu fiz.

— Malvada.
Dei um risinho.

— Você deveria me agradecer, talvez ele e eu estivéssemos casados agora. E então, você ficaria sozinho e não teria o privilégio de me conhecer.

— Eu estaria muito bem, sua convencida.

— Quando se é uma mulher gostosa como eu, posso ser como eu quiser. – Provocou ela. E eu adorava isso.

— Um pé no saco! – Retruquei.

— Não. Na verdade montando você bem devagar. – Ela bebeu seu vinho devagar e eu podia jurar que seus olhos brilhavam com o fogo. Um fogo que eu queria me queimar.

Abri a boca para fazer mais uma provocação, mas meus olhos não acreditaram no estavam vendo. Minha ex, estava entrando no restaurante com um homem. Eu achei que ela não estivesse no país. Estremeci de nervoso.

Fazia tanto tempo. Tanto tempo. E ela ainda podia me afetar e me fazer mau.

O ar parou de circular quando Tasha veio a nossa mesa com um sorriso, no rosto.

— Camarada? – Esquentadinha levantou uma sobrancelha, sem entender o que estava acontecendo.

Isso não estava acontecendo. Engoli em seco.

— Dimitri, há quanto tempo? – Ouvi a voz de Tasha e pude jurar que o mundo girou.

Eternamente SeuOnde histórias criam vida. Descubra agora