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Rose

Não podia ser. Não podia ser. Não podia mesmo ser. As lágrimas brotaram em meus olhos. Lágrimas escorriam, enquanto eu olhava aqueles dois tracinhos e depois olhava aquela palavra em outro teste, gravida, e outro teste, cinco semanas.

Chorei até me sentar no chão. Peguei em minha barriga e chorei mais uma vez. Chorei porque provavelmente aquele presente, que Deus havia me dado poderia não ficar comigo por muito tempo. E quando isso acontecesse, eu sabia que não restaria mais nada de mim.

A dor era gritante. Agonizante. Mas agora as coisas se encaixavam. Os enjoos, vômito e dores abdominais. Às vezes vontades estranhas e fome.

- Não era uma virose. Era você meu bebê. Era você.

Meu Deus. O camarada. O camarada. Eu não podia fazer isso com ele, não podia dar essa dor para ele. E nem para ninguém. Não podia dar um bebê que poderia nos deixar. Me destruir era uma coisa, mas destruir ele era o pior para mim.

Aquele fruto dentro de mim. Fruto do amor Que eu sabia, que estava sentindo por ele há um tempo e não queria admitir a mim mesma.

Eu não conseguiria ficar um tempo mentindo para ele. Dimitri não poderia saber. Então eu teria que fazer o mais difícil. Teria que deixá-lo. Mesmo que isso me matasse por dentro.

***

Era conversa mais difícil que eu já teria, e a mais dolorosa. Terminar assim, com Dimitri, tão repentinamente, aquele namorico falso, seria como destruir a mim mesma. Mas era melhor me destruir do que destruir a ele, magoa-lo agora para depois não sofrermos mais.

Fui até a sua casa. Entrei e havia flores, que ele havia comprado para mim e rosquinhas de chocolate, que ele comprava porque eu gostava. Meu coração estava cada vez mais apertado. Mas eu tinha que deixá-lo. Mesmo que fosse difícil. Mesmo que quebrasse meu coração.

- Roza? Você está estranha. Muito calada. Aconteceu alguma coisa? - Ele perguntou.

- Precisamos conversar. - Minha voz falhou.

- Sim, pode falar, esquentadinha.

- O namoro falso tem que acabar. Já não dá mais. Ultrapassou os limites. - Falei. Seu rosto ficou branco como papel. - Eu não...

- Eu preciso confessar uma coisa. Não sei se você sente o mesmo. Mas não importa. Não vou fugir. - Ele se aproximou de mim e eu me calei. - Estou apaixonado. E não é de hoje e nem de ontem. Faz tempo. Bastante tempo. Quando você bateu no meu carro, acho que acabou batendo no meu coração - O camarada tocou o peito, e colocou minha mão delicadamente sobre a sua. - Você está aqui, Roza e não pode mais sair. Mesmo que você não queira estar. Está aqui dentro do meu coração.

As lágrimas vieram, eu também sentia o mesmo. Mas como falaria da gravidez.? Como faria isso? Não podia fazer isso com ele. Não podia ver esperanças em seus olhos, para depois tristeza e dor. Eu o amava demais para causar tal sofrimento.

- Eu preciso ir embora. - Tentei me afastar. Ele não deixou.

- Não antes de me falar o que sente. Você me ama? Roza, me responda.

- EU NÃO SINTO NADA! - Gritei e vi a tristeza em seus olhos.

- Eu não acredito em você. Você está fugindo. Você não é o tipo de pessoa que foge. E eu não vou deixar você ir. Você não pode me deixar assim, sem dizer nada.

- Me deixe ir embora... - Pedi sentindo mais lágrimas nos olhos.

- Pare de fugir.

- Não estou fugindo.

- Você está fugindo, sim. Alguma coisa aconteceu... - Ele me fitou. - O que aconteceu?

As lágrimas desciam já sem eu perceber, e meu corpo tremia.
Dimitri me abraçou forte e eu o agarrei não querendo soltar nunca mais. Porque eu também o amava. O amava com todo meu coração. Adorava o seu sorriso. Eu o queria pra mim.

- Eu não posso. Não posso, Dimitri.

- Me conte, por favor?

Olhei no fundo dos seus olhos e falei:
- Estou grávida.

Eternamente SeuOnde histórias criam vida. Descubra agora