6

172 26 153
                                    

Dimitri

Eu poderia deixar pra lá. Poderia facilmente esquecer... poderia... É eu poderia, se eu pudesse!

Que inferno!

Às vezes odeio ter a merda de uma consciência. Eu levei a esquentadinha pra casa dela, na verdade, eu até tive que colocá-la em seu sofá, depois que ela dormiu no carro e não acordou mais.

Infelizmente o sutiã dela ficou no banco, junto com a camiseta azul. Que droga! Que droga!

Essa garota só atrai confusão. Só confusão. Não acredito que ela tentou me dar um soco, e depois me beijou pra fazer ciúmes no namoradinho. E que beijo foi aquele...

Balancei a cabeça e lavei o rosto. Eu não tinha tempo pra pensar nela. Eu tinha que ir trabalhar. Ir fazer algo, que a tirasse da minha cabeça. Esquentadinha ou deveria dizer: "A maldita mulher que cruzou o meu caminho?"

Inferno! Agora eu não consigo parar de pensar nela e em... palavrões. Que ótimo Dimitri! Que ótimo!

Respirei fundo pensando em como seria abarrotado de perguntas no dia seguinte. Meu amigo e minha irmã não me deixariam em paz. Eles não conhecem limites, por isso se casaram, apenas pra fazer da minha vida um... inferno!

Argh!

*

A pior coisa que acontece nas segundas-feiras é que minha irmã sempre leva o marido até o nosso trabalho. Então, toda a paz da clínica veterinária simplesmente vai embora, como se um furacão e um meteoro colidissem. Tudo causada por ela. Vikka. A minha odiada e amada irmã.

Fui o primeiro a chegar, seguido pela nossa recepcionista Cléo. Uma senhora loira, que sempre nos traz biscoitos caseiros e sorri o tempo todo. Sim. O tempo todo. Isso é normal? Não faço ideia.

Depois de alguns comprimentos e uma breve descrição da minha agenda de pacientes com patas, fui para minha sala.

Tomando um café puro e com muito açúcar, respirei fundo pensando nas palavras da minha irmã. Será que ela tem razão? Será que preciso mesmo de alguém? Será que...

Balancei a cabeça.
— Dimitri, você está começando a enlouquecer. Como em nome de Deus você dá ouvidos a sua irmã? É a Vikka, seu cabeçudo. Não surta... E – Balancei a cabeça de novo. — Você está falando sozinho, de novo. Obrigada universo!

A porta ao lado da minha bateu. Sala do Jay. Peguei a ficha que estava analisando e sai da sala.

Não bati na porta ao entrar na sala do meu amigo e revirei os olhos com vontade de sair correndo quando...

— Vocês tem uma casa! Por que tem que se agarrar como jacarés aqui? – Grunhi.

Os dois se afastaram. Não havia arrependimento em seus rostos, só alegria e sorrisos maliciosos.

Porcaria de lua de mel sem fim. Seria egoísmo causar a separação deles para ter alguns minutos de paz? Acho que não.

— Não estrague a vida sexual alheia, se você não tem uma. – Retrucou minha irmã, me fazendo trincar os dentes.

Eternamente SeuOnde histórias criam vida. Descubra agora