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Dimitri

Eu ouvia um dos meus rocks dos anos 80, enquanto cuidava do carro da minha mãe. Um fusca amarelo, bem conversado, que ela não larga de jeito nenhum.

Mulher apegada...

Fiquei bem curioso ao saber que ela não queria que o mecânico mexesse no carro. "Briguei com o mecânico," foi o que ela disse pra mim. E depois, dona Olena fez um drama dizendo que eu deveria vir ajudar, antes que o Jay estragasse a sua filha favorita, Dorothy, o carro.

O pior foi a minha irmã Vikka me convencendo a vir em um jantar, pois, palavras delas e não minhas, minha vida acabaria mudando para sempre.

Revirei os olhos me lembrando das palavras daquela doida.

— Por que diabos esse jantar é tão importante? – Questionei.

— Esse jantar pode mudar nossas vidas.

— Por quê?

— Não faz pergunta difícil, irmão.

Depois de me dar uma grande revelação, não que fosse uma revelação, já que é apenas mais uma das loucuras dela. Vikka simplesmente disse que o jantar precisava de vinho, muito vinho. E fez a nossa mãe ir com ela e Jay comprar. Ou fazer o vinho, porque... estou falando da Vikka. Da doida varrida que é minha irmã.

Com as mãos cheias de graxa e o corpo sujo e suado, tirei os fones. Eu ainda não tinha descoberto o que estava fazendo o carro de Dona Olena não dar a partida. Tinha verificado, mexido ali e aqui, mas... não sendo um mecânico fica bem difícil resolver. E o fato da minha mãe não confiar em ninguém tocando em seu carro só prejudica.

Se for o motor, ela vai ficar péssima.

Coloquei as mãos ainda sujas na cintura sem me importar.
— O que você tem, hein? – Perguntei baixinho para o carro.

Alguém grunhindo do lado de fora me fez abrir o portão e quase cair para trás em seguida.

— Esquentadinha? – Falei, surpreso e estreitei os olhos.

Ela estava com vestido curto e florido branco. Os cabelos soltos e livres caindo em cascatas em suas costas. Usava botas de cano curto. Linda. Muito linda. Pouca maquiagem e uma boca muito beijável.

Que diabos você está fazendo aqui?

— Pedaço de mau caminho. – Disse ela e depois balançou a cabeça. Franzi as sobrancelhas e me esforcei muito para não sorrir. — Quer dizer, oi, camarada?

Pedaço de mau caminho é, esquentadinha?

— Oi... então, você é a grande mudança? – Coloquei as mãos na cintura e ergui uma sobrancelha.

— Pera... Eu sou o quê? – A esquentadinha sorriu e mordeu os lábios.

Não sorria. Não sorria desse jeito pra mim...

— Vikka me falou que teríamos uma grande mudança.

— A sua irmã me convidou para jantar aqui, e me prometeu que você não estaria.

Eternamente SeuOnde histórias criam vida. Descubra agora