• Capítulo 15

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Eu posso ouvir sirenes e violinos
enquanto a sua morte me atinge.

Gritos. Minha cabeça estava em gritos ao observar os degraus estendidos em minha frente. Cravei minhas unhas na palma de minha mão formando o mesmo em um punho, enquanto via a minha imagem anterior caindo escada a baixo. Podia sentir meu interior tremer, minhas pernas estavam bambas quando o primeiro passo foi dado. O momento passava em meus olhos constantemente quando segurei no corrimão da escada.

Não me sentia confortável, pelo contrário, estava atormentada. Podia dizer que era um tipo de trauma, afinal eu pedir meu filho aqui, nesse mesmo local, isso deixaria qualquer uma em um estado de angústia. Via minha silhueta sobre o chão enquanto sombras estavam ao meu redor, rodeando-me, meu corpo ainda mantinha no topo da escada quando a imagem abaixo pregava peças em minha cabeça.

__ Você está bem ?

Uma voz calma estalou pelo recinto, mas meus olhos mantinham naquele mesmo foco onde estava a dois dias atrás, hipnotizada apenas murmurei com um barulho de garganta.

__ Eu perguntei se está bem ?_ Sua voz aumenta dois tons por conta da distância.

Fechei os olhos balançando suavemente a cabeça saindo daquele transe. Já havia perdido a conta do tempo que estava ali, em pé, sobre o primeiro degrau. Sentir meus ombros relaxarem e minha mão abrir fazendo um pequeno ardor surgir em minha pele quando o  formato das quatros unhas ficaram desenhadas e avermelhadas, com um pequeno resquício de sangue, apenas fechei novamente dessa vez gentilmente o movimentando para trás de meu corpo.

Ergui minha cabeça para olhar Shelley há me observar, a mesma me encarava com a postura curvada com seu celular em mãos enquanto esperava uma resposta de mim.

__ Sim, eu estou bem !

__ Pensei que estava criando raizes aí encima._Sua expressão estava neutra quando seu olhar direcionou para o aparelho em suas mãos.

__ Foi apenas uma alucinação !_ Com a posição ereta, respiro fundo ao descer os degraus, conforme vou descendo minha mão desliza pela madeira fazendo ali minha segurança.

__Acho que você deve escutar isso toda hora, mas sinto muito pela sua perda.

__ Na verdade não, pelo menos não toda hora, mas obrigada mesmo assim._ Caminhando até sua direção agora posso ver nitidamente seu rosto, suas bochechas levemente rosadas dava um ar natural, apesar de sua expressão sempre fechado Shelley era uma garota muito bonita, com seus cabelos negros e sua franja sobre o rosto.

__ De mamãe me surpreenderia se fosse ao contrário._ Ela solta um pequeno riso fazendo seu aparelho dentário iluminar sua boca.__ Seria legal ter uma criança na casa, aqui as vezes é muito chato !

__ Quem sabe em outro momento, talvez não era para ser._ Digo triste._ Então, o que tem de bom pra fazer aqui ?_ Pergunto tentando disfarçar meu desconforto.

__ Aproveita pra conhecer a casa, não que isso seja uma coisa legal pra si fazer._ Ela da de ombros caminhando na direção oposta._ Colocar os pensamentos em dia é melhor do que não fazer nada !

Essa é a última coisa que queria, ficar com meus pensamentos. Sua presença sai de minha vista, e agora estou sozinha nessa enorme sala. Bill e Olívia foram para empresa e a única pessoa que poderia conversar prefere estar no seu mundo virtual, me sinto uma inútil por ficar avulsa, minha vida está passando diante dos meus olhos e eu não estou fazendo nada.

Direciono-me até a janela contemplando as lindas rosas do jardim, um homem baixo de macacão marrom caminha levando em suas mãos um vaso de cor branco até uma pequena cabine de vidro onde podia ver de longe um amontoado verde de flores. Voltando para sala aspiro me sentindo agora entediada, passando os olhos em cada detalhe decido por andar mais um pouco, em direção retilínea continuo a caminhar ao lado da escada quando uma porta me chama atenção.

Dangerous || Bill Skarsgård Onde histórias criam vida. Descubra agora