Prologue

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E são tantas marcas

Que já fazem parte

Do que eu sou agora

Mais ainda sei me virar

21 de Fevereiro de 2017

Los Angeles, Califórnia - Estados Unidos

09:41 A.M.

P.O.V. Hope Brown

Enquanto a agua escorria por todo o meu corpo eu só conseguia nutrir um certo desgosto pelo próprio.

Era meu ganha pão, graças a ele, tenho o que comer, nada extravagante, apenas o suficiente para me sustentar. Nem ao menos percebi que estava chorando, já era rotineiro o fato de lágrimas escorrerem de mim toda manhã após uma noite de prostituição.

Perdi as contas de quantas bocas beijei hoje, fui para cama com cinco caras e ainda sinto minhas pernas fracas graças a violência utilizada pelo ultimo, ele achava que estava me dando prazer, mas eu só queria gritar, gritar aos quatro cantos do Mundo, gritar para que alguém se tocasse que ali, no meio de um quarto da boate Red Lips, existia uma garota que precisava ser salva.

Porém, tinha plena convicção que ninguém viria me salvar

Esperei que o choro cessasse para enfim fechar o registro, peguei a toalha que estava depositada em um gancho daquele banheiro que dividia com as outras garotas do local, me sequei e em seguida enrolei o pano entorno do meu corpo. Sai dali de cabeça baixa, fui direto para o meu quarto, vesti a lingerie preta, a regata da mesma cor e o short jeans, soltei os cabelos que estavam presos em um coque e encarei o reflexo no espelho da penteadeira que havia ali.

Agora, sem maquiagem, minhas olheiras ficam bem mais explicitas do que anteriormente

Os olhos azuis se encontravam opacos, sem vida nenhuma, parecia que eu havia acabado de ser atropelada por um caminhão e era assim que me sentia por dentro. Devastada e destruída. Diagnosticada com depressão à exatos três anos, travo uma batalha diária que é a de continuar vivendo nesse Mundo hostil, encarei meu braço, repleto de marcas, fechei os olhos e por um momento senti o ardor da lamina me rasgando, do metal cortando a minha pele, do sangue escorrendo. Andrew, o responsável por tomar conta da boate, a principio não quis me contratar justamente por todas as cicatrizes visíveis em torno do meus pulsos e coxas, mas eu dormi com ele, provei a minha capacidade na cama e depois disso, o homem pouco se importou com a minha doença. Nunca gozei. Nunca senti prazer no sexo, faço por fazer, faço por obrigação e não dou a mínima para isso. Não me importo com absolutamente nada, desde um bom tempo. Abri as iris, pronta para dar o fora dali, quando o meu chefe, adentrou o ambiente sem ao menos bater na porta, o encarei através do espelho, ele sorriu presunçoso em minha direção, senti o estomago embrulhar, esperava que ele não estivesse afim de me foder, não aguentaria mais alguém tocando em mim naquele dia. O vi caminhar até mim, ele depositou suas grandes mãos entorno dos meus ombros antes de se pronunciar

- Devo te dar os parabéns pela performance de hoje, Hope - Sorri sem mostrar os dentes

- Obrigada, senhor Andrew - Apesar do moreno não ser tão velho, gostava de o chamar de "senhor", deixava claro que não tínhamos intimidade alguma, apesar de as vezes, o desgraçado forçar a barra

- Todos os clientes que te comeram saíram mais do que satisfeitos, Céus, John teve quase um orgasmo ao falar da sua performance - Minha mente se voltou a transa com ele, quiquei até minhas pernas não aguentarem mais e pedir por socorro, rebolei tanto em cima do homem que pensei até mesmo que não conseguiria chegar ao fim, ele não fez absolutamente nada a não ser ficar deitado e se aproveitar

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