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Ele sonha na direta com a liberdade
Ele sonha em um dia voltar pra rua longe da maldade

Na cidade grande é assim
Você espera tempo bom e o que vem é só tempo ruim

05 de Março de 2017

Los Angeles, Califórnia - Estados Unidos

01:46 A.M.

P.O.V. Hope Brown

Meu vizinho fuzilava o senhor Augustus como se pudesse parti-lo ao meio pela força do pensamento, o loiro amassara o papel em sua mão sem nem mesmo abrir o envelope

— Eu...acho melhor o senhor ir — Me voltei ao sindico do prédio, ele intercalara o olhar entre mim e Bieber antes de concordar com a cabeça, virar pelos calcanhares e sair andando em direção ao corredor — Justin... — Não sabia ao certo como desarmar o jovem a minha frente, ele parecia uma bomba, prestes a explodir

— Você deve ir também — Franzi o cenho, completamente confusa. Ele gostaria que eu vazasse para se enfurnar em drogas até esquecer o próprio nome, não é? Tal pergunta obvia fora respondida por mim mesma sem a necessidade de ser proferida em voz alta

—Não vou — Geralmente não costumo bater de frente com ninguém, aceito ordens e pronto. Entretanto, enquanto pudesse evitar que Bieber se jogasse na cocaína, evitaria

O loiro me encarara com um sorriso presunçoso estampado em seu rosto, a expressão sarcástica indicando que ele seria um babaca antes mesmo de se pronunciar

— Qual o seu problema, porra? Não te quero aqui, é burra o bastante para entender? Quer que eu desenhe? — Justin caminhou até o meio da sala, me limitei a fechar a porta, nos dando privacidade

— Sei o que esta fazendo e não vou embora — Acreditava veemente que afastar as pessoas fosse um dom de Bieber, não faço ideia de por onde anda a família dele, mas não posso julga-lo por isso, afinal, olhe bem para mim

O observei sentar-se no sofá e enterrar o rosto em suas mãos, desnorteado

Odiei presenciá-lo daquele jeito, vulnerável ao ponto de nem mesmo querer discutir comigo como sempre fazia quando estava drogado. Sem saída, ele não fazia ideia de como seguir a vida agora que acabara de perder o apartamento fornecido pelo governo. Filhos da puta, como podem jogar uma pessoa sem condições de volta na rua?

Quando ganhamos a vaga nesse projeto, é claro o fato de que PRECISAMOS disso

Não importa o que ele tenha feito, poderiam ter dado uma pena que fosse menor que a expulsão. Vai se foder, realmente não davam a mínima para o que acontecia com a gente

Acredito que se morrêssemos, faríamos um favor a maioria desses hipócritas

Justin levantara o olhar, quase como se tivesse certeza que estava sendo analisado, cravou suas íris castanhas em mim, notei que seus olhos agora marejados, lutavam contra as lágrimas a todo custo. Porra. Nem mesmo que quisesse conseguiria ignorar aquilo, por isso, optando por não dar ouvidos a minha cabeça que me dizia que ele me queria longe, caminhei até o mesmo e me sentei ao seu lado, depositando a mão em cima das suas costas. Seus músculos definidos sob meus dedos faziam com que o ar me faltasse, não era a hora disso, tinha plena ciência desse fator mas minha mente voava mesmo assim. Me inclinei ficando com o rosto na altura do de Bieber, o hálito quente e pesado dele bateu-se de frente comigo e perdi todas as palavras, sendo assim, aproximei-me do jovem o bastante para roçar nossas bocas uma na outra, selei seus lábios em ternura, de forma demorada, na intenção de acalmar seu peito que deveria estar gritando em agonia. Não iria aprofundar o toque mas no instante em que a língua de Justin pediu passagem, cedi sem pensar duas vezes. Cederia, enquanto ele me desejasse, cederia. Fora o beijo mais calmo que já demos e ouso dizer que o mais intimo até então.

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