First time

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De tanto apanhar eu já nem sinto dor

Palavras ferem mais que o soco do agressor

Quem traz pra dentro o que se encontra ao redor

Tende a ficar somente com o que há de pior


13 de Outubro de 2013

Los Angeles, Califórnia - Estados Unidos

01:17 P.M.

P.O.V. Narrador

Aquele dia tinha tudo para ser apenas mais um ensolarado no estado da California, sem grandes acontecimentos, sem grandes emoções. Entretanto, em uma mansão no lado norte da cidade de Los Angeles, as coisas se encontravam um pouco diferentes do esperado

A residência dos Brown por fora era tudo o que uma casa de uma família tradicional seria, a grama limpa, o jardim bem cuidado, o carro impecável. Nada que indicasse de qualquer maneira que ali dentro, vivia uma garota em desespero

Faziam exatos 9 dias desde que Hope comera pela ultima vez

Os braços da garota se encontravam roxos enquanto ela assistia as irmãs e a mãe adotiva almoçarem o que a menor havia preparado para todas, suas pernas ainda possuíam as marcas da cinta que Ruby usara pela ultima vez em que espancá-la, seu estomago roncava como nunca. Hope sabia o porque estava sendo castigada, a garota tinha ido até o mercado há uns dias atrás e ao invés de trazer o troco, resolveu comprar um chocolate para si. Um maldito chocolate. Ela achava que merecia, era seu aniversário afinal, estava fazendo 15 anos, uma data que esperava que sua família se lembrasse. Mas ninguém lhe desejou parabéns. O único companheiro da menor no dia 04 de outubro, fora o seu fiel diário. Tentou explicar as circunstancias a viúva da casa, tentou lhe fazer entender que foram apenas alguns centavos, mas nada que Hope dissera fora capaz de impedir a fúria de Ruby. Então ela apanhou, como sempre acontecia quando errava, apanhou e não teve nem mesmo o direito de chorar pois a maior dissera que se ela o fizesse, as coisas só ficariam ainda mais feias. Por isso, a jovem engolira todas as lágrimas e só as soltara em seu quarto, na imensidão da madrugada em que passara em claro.

Melaine e Arielle não interferiam na criação de Hope, pelo contrário, seria até mesmo possível dizer que as duas irmãs apreciavam o sofrimento da outra

Não a viam como igual, nunca viram e desde sempre deixaram claro para Hope, que ela não pertencia aquela família. O que a menor não entendia era porque eles a tinham adotado, porque tinham tirado ela do orfanato se nunca iriam lhe fornecer amparo, carinho e amor.

Hope nunca conhecera o amor

Já tinha visto filmes é claro, mas tal realidade parecia tão surreal que ela nunca cogitou que aquilo acontecesse mesmo na vida de algumas pessoas. A menor, só entendia o que estava na sua frente, e o que estava na sua frente era apenas desprezo

Engoliu em seco quando Melaine deixou escapar um resmungo apreciativo, que deixava claro o quão gostosa estava a comida. Hope viu que Arielle tentou esconder o sorriso e não conseguiu.

Suas pernas estavam fracas assim como todo o seu corpo, mal tinha forças para se manter em pé mas tinha que o fazer, eram ordens de sua mãe e Hope obedecia as ordens.

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