Catching feelings

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Eu nunca acreditei que era mesmo pra valer
Eu nunca admiti que me importava com você
Agora tanto faz não quero mais me esconder
Estou falando na sua frente que eu te odeio
Por gostar tanto assim de você

18 de Março de 2017

Los Angeles, Califórnia - Estados Unidos

02:50 A.M.

P.O.V. Justin Bieber

  — Quer mais alguma coisa, meu jovem? — Neguei com a cabeça para a pergunta de James, ele sorriu, contou o troco em suas mãos e me entregou o dinheiro em seguida — Anda trabalhando muito durante a noite, algum motivo especial? — O homem era dono da padaria que ficava aberta 24 horas em frente a praça aonde costumo me apresentar

— Digamos que aprendi a apreciar o dia — A mulher de James olhou para mim por cima da revista que folheava, como se tivesse sido chamada na conversa, ela me fitou com curiosidade

Nunca achei que chegaria o dia em que te veria se importar com alguém além do seu violão — Eles não me conheciam, não sabiam nem mesmo sobre o meu vicio, achavam que eu era apenas um adolescente que não tendo condições financeiras para se sustentar, vivia pela arte

Chegava a ser irônico o fato de que em outrora, eu não seria o cara na fila do pão, eu seria aquele que compraria a padaria inteira

— BIEBER! — Drake, um homem que vende pulseiras, colares e outros acessórios feitos a mão próximo aonde eu trabalho, adentrou a padaria com a respiração ofegante. Ele não segurava o violão que deixei sobre sua supervisão e poderia constatar que se algo acontecesse com o instrumento ele precisaria de um implante dentário, pois eu arregaçaria sua boca inteira — Tem uma garota gritando por você lá na praça, ela está só de lingerie e parece completamente transtornada — A primórdio pensei que fosse um engano, mas meu peito apertou e antes mesmo de começar a andar, sabia que tinha alguma coisa muito, muito errada

— Até mais, James — Sai em disparada em direção a rua, não olhei para os dois lados, atravessei correndo a avenida chegando enfim a praça, havia um amontoado de indivíduos próximo ao banco em que costumo performar a minha música, mas dessa vez, não eram o meu show que eles assistiam.  

Hope estava ali, fornecendo a eles mais do que um espetáculo

Empurrei algumas pessoas pelos ombros para conseguir chegar até a morena, ela não gritava, como Drake me falara, mas estava com os olhos arregalados e parecia com medo de ser atacada por alguém a qualquer instante

Vestia apenas uma lingerie preta que mal cobria a sua intimidade, com a barriga a mostra, somente um sutiã de renda impedia que seus seios fartos saltassem por ai, alguns homens comentavam o quanto ela era gostosa e perguntavam o preço do programa, mas Brown, não se dava ao trabalho de lhes responder

Para falar a verdade, ela nem parecia escutar eles

Seus olhos estavam vermelhos e seu nariz irritado a fazia levar o dorso da mão até ele regularmente para limpá-lo, mesmo que já estivesse completamente limpo. Descalça e com os cabelos bagunçados, Hope se encontrava alterada, não queria acreditar no que estava vendo mas era notório que ela tinha usado alguma merda. Conheço a reação, conheço a forma como a garota parece estar lutando contra o próprio corpo para manter o controle, conheço o efeito

Encarei todos que ousavam julgá-la pelas suas vestes, ela não era uma puta, caralho!

Assim que as íris de Hope me notaram no meio da multidão seu peito que oscilava constantemente pareceu se acalmar, foi como se ela tivesse encontrado o que tinha vindo procurar para começo de conversa. Qual era a porra do seu problema? Aonde arrumou drogas? Mexeu no caralho das minhas coisas? E mais importante que isso, AONDE ESTÃO SUAS ROUPAS? Brown sentou no banco e afundou o rosto nas próprias mãos, provavelmente o Mundo estava girando para ela agora e a morena não tinha nem noção se a minha presença ali era de fato real. Drake, ao chegar e perceber que eu não teria condições de expulsar ninguém dali, dispersou as pessoas que a contragosto, deram o fora dali. Travado, não conseguia me aproximar de Hope, não podia acreditar que ela tinha feito uma merda tão grande quanto se drogar. Sei que não tenho moral nenhuma para falar isso, mas ela não pode entrar nesse caminho. Só há uma maneira de sair dele. Em um caixão. E eu não enterraria mais ninguém que gosto. Perturbada por completo, a jovem dona do apartamento 32, começou a gritar. Ela levantou a cabeça e berrou ao ponto de chamar atenção de todos que passavam por ali, isso serviu para que eu acordasse do transe.

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