Prólogo

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sem revisão.

O grande castelo se erguia na terra montanhosa, a música ecoava pelas paredes de pedra. Nobres caminhavam pelos corredores com suas taças de bebida. Pessoas flertavam nos cantos escuros, e as mulheres de vestidos escandalosos rodopiavam no imenso salão de dança. O rei caminhou dentre seus convidados, cumprimentando e comemorando. Sua coroa brilhava a luz dos candelabros prateado, que iluminava o ambiente. O monarca recebia elogios e abraços, parecia até que havia salvado o mundo. O dia era de comemoração, felicidade para alguns e miséria para outros, pois o rei conquistou. Ele conquistou todos os cantos de Lourien, a terra que um dia brilhara, agora era dominada pelo império Lunar. Os dias de sol seriam raros, e as noites seriam mais longas. Era a morte de uma era, e uma afronta contra o deus do sol, que viu seus herdeiros serem destruídos.

A capa roxa do rei se arrastou pelos degraus da ampla sacada. A luz da lua o recebeu, a lua iluminava a noite com um brilho intenso, que parecia que ria em silencio, da ousadia do monarca. Os lábios de Caelum se curvaram em um sorriso vitorioso. Toda Lourien estava na palma de sua mão. Todo o poder dos Deuses fluía pelo amuleto em seu pescoço. E agora o deus do sol fora apagado.

O rei bebericou da sua bebida, quando sentiu uma presença fria em sua volta. O ar antes quente, se tornou gélido.

-Você conseguiu. – Exclamou uma voz melodiosa por trás do rei. – Conseguiu tudo o que irá se tornar a sua ruína.

O rei se virou em um movimento ágil, e a mulher de cabelos brancos em sua frente sorriu. Ramory. A regente dos povos de gelo, que vivem ao norte de Lourien. Ela se aproximou, passando as mãos pelo seu vestido preto, que fazia um contraste luminoso contra sua pele branca, como a neve.

-O que faz aqui? – Caelum questionou, apoiando sua taça na cerca da sacada. Os olhos cristalinos da mulher brilharam maldosos, mas por trás deles tristeza se escondia.

- Estou aqui para presenteá-lo pela sua vitória – Debochou e se aproximou do ouvido do rei, sussurrando- Eu tive uma visão. E qual seria o melhor presente a dar ao meu rei, do que uma profecia?

O semblante do rei se tornou puro desdém, e ele se voltou para a Lua. Fechou suas mãos em um punho, como se ele não suportasse a presença da mulher.

-Não seja tola. Suas profecias não me servem. -Atacou o rei, irritado. – Não apareça em meu castelo para falar baboseiras...

-Ora, mas...- a voz da mulher se tornou calma e controlada, entretanto o rei a interrompeu abruptamente, se virando para ela.

- Você nem conseguiu salvar sua filha. Se suas visões realmente funcionassem, você conseguiria ter me impedido. -Acusou abrindo um sorriso maldoso no rosto.

Os olhos de Ramory se arregalaram, e ela se afastou do rei em um passo rápido, acuada. A máscara fria sumiu de seu rosto, e no lugar dela, veio raiva.

-Não estou aqui para discutir a forma como você desonrou nosso deus, ou a forma como matou minha filha e seu marido... – disse e avançou na direção do rei, com o dedo apontado em seu peitoral.

-Ora, não se esqueça dos herdeiros. – O rei disse com ironia, e a mulher o empurrou com raiva.

-Pare – gritou a mulher a voz vibrando com raiva, seus olhos se tornando uma confusão sentimental. – Não ouse falar deles.

Caelum soltou mais uma risada, e Ramory levantou a mão para acertá-lo com um tapa. O rei segurou sua mão a centímetros de seu rosto e soltou um ruido.

-Não venha ao meu castelo com ameaças banais. Suma do meu reino. -Ordenou o rei com a voz autoritária, ele apertou o punho da mulher com força. - Não quero ouvir de suas profecias. Não quero ouvir nada do seu povo.

A mulher puxou o braço, e se afastou do rei. Ela piscou e seus olhos brilharam em um azul vibrante, com a voz alta ela declarou o destino daquelas terras. Cada palavra saindo como uma lâmina;

"O seu sangue flui com poderes imortais, e vai se apaixonar pelo brilho de uma estrela, sua salvação será sua ruína"

O rei trincou os dentes e com a voz baixa, quase como uma ameaça disse:

-Saia do meu castelo.

Ramory piscou novamente, e o azul deixou seus olhos, ela se virou , desceu os degraus da sacada, arrumou os cabelos brancos, e continuando a caminhar. Antes de ir, ela silabou ao rei;

-Que os deuses permitam.

O rei arregalou os olhos e as sombras surgiram em sua mão, ele a mataria. Ele avançou em sua direção, mas já era tarde demais. Ela havia sumido em uma névoa de gelo, deixando no salão o vento congelante de sua presença. As mãos de Caelum tremeram. E a profecia foi jurada ao universo. 

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