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Não revisado.

Abrindo os olhos, ela despertou.

Seu sono havia sido repleto de pesadelos. Pesadelos com Aster. A cena do palácio se repetia em sua mente. Várias e diversas vezes. O corpo jogado no altar. A pele vibrando em uma magia silenciosa. O rei... Os pesadelos a perseguiam. E a cama desconfortável não ajudava. Soltando um bocejo alto ela se levantou. A noite ainda dominava ao lado de fora, mas, bem, aquela era Lourien a cidade da noite, e da escuridão.

Eyra atravessou o pequeno quarto e entrou do apertado banheiro. As paredes mofadas e o espelho sujo fizeram companhia enquanto ela lavava o rosto. Eyra levantou a cabeça e se encarou no espelho. Os cabelos ruivos, antes brilhoso se tornara uma bagunça suja, e embaixo dos olhos duas manchas escuras se formavam. Resmungando, ela abriu o chuveiro e entrou na banheira. Lavar o rosto não seria o suficiente. Tirando os resquícios do dia anterior ela se banhou. E ao sair do banheiro em meio a fumaça, ela caminhou até sua bolsa, em busca de uma calça, e camiseta limpa. Após estar vestida ela amarrou seu cabelo molhado no alto de sua cabeça, e caminhou até a janela empoeirada. Pessoas já andavam pelas ruas, e comerciantes abriam suas lojas. Eyra agarrou sua bolsa, e saiu do quarto.

Fazia dois dias, que tinha deixado o castelo. E suas esperanças já havia desaparecido. Não tinha achado um trabalho, e todas as suas economias já tinham sido gastas. Quem diria que duas noites em uma hospedaria suja custaria tão caro? Então tudo o que lhe sobrava eram cinco moedas, e uma vontade gigante de desistir. Não existia mais nada pelo o que lutar. Mas Eyra não cederia. Ela não desistiria. Iria lutar por tudo que Aster não teve chance. Eyra acharia um emprego, e no futuro veria aquele rei traiçoeiro cair. Por isso, seu próximo plano seria ir ao campo. Sua única opção era deixar o povoado e se virar no campo, atrás de uma família, que precisasse de seus serviços.

Os degraus velhos de madeira soltavam ruídos conforme Eyra descia a escada. Ao chegar no pequeno hall da hospedaria, ela se arrastou até o balcão, e acenou para a mulher alta, que analisava um papel enrugado. A mulher se virou para ela com um sorriso simpático, e perguntou:

-Olá, posso lhe ajudar?

-Olá, sim. Eu queria saber se tem uma loja, que vende armas não enfeitiçadas...

-Oh, sim, sim. No final da rua, fica ''Os artifícios'', só as melhores armas são produzidas lá... eles devem ter armas não enfeitiçadas. – disse alegre, e voltou o olhar para a lista, que segurava.

Eyra mordeu os lábios, concordou com a cabeça, e antes de passar pela porta, gritou:

-Obrigada.

-Volte sempre. -respondeu a mulher de trás do balcão.

Eyra saiu pelas portas gastas da hospedaria, e seus pés  encostaram no chão de pedregulho da rua. Ela desciou das pessoas em sei caminho, e seu estomago roeu de fome. Ignorando ,  continuou avançando dentre as lojas, até o final da rua. A imensa placa de madeira pendurada na parede de pedras chamou sua atenção. ''Os artifícios'' estava escrito na placa. Pela vitrine, Eyra olhou para o lado de dentro. Tudo parecia escuro, se não fosse pela pedra vermelha, que brilhava e ilumina o lugar. A garota empurrou a porta e entrou. Um sininho tocou anunciando sua presença, e um homem de cabelos escuros surgiu pelos fundos. Seu rosto era velho e repleto de rugas, ele caminhava apoiado em uma bengala em direção a Eyra. Forçando os olhos, por trás dos óculos, ele perguntou rabugento.

-Sim? O que deseja?

-Estou atras de um arco não enfeitiçado.

-Um arco? - o homem perguntou e se afastou em direção a uma estante mal iluminava nos cantos da loja. –Sim, sei,  tenho apenas dois prontos. Um de fibra de vidro, e outro feito com uma opala negra. – Saindo da escuridão da estante ele voltou segurando dois arcos.

Herdeira da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora