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não revisado. 

O desconhecido a avaliou por alguns minutos antes de fazer um aceno.

-Venha vou te mostrar, espero que você seja confiável – disse com um olhar questionador.

Aster arrumou sua postura e levantou a cabeça com confiança, não podia demonstrar seu medo. O homem passou pela porta e Aster o acompanhou. Um pequeno degrau apareceu em sua frente, e a diante uma trilha de pedras, que levavam ao centro da pequena vila. Casas de madeiras estavam construídas ao redor de um grande pinheiro decorado com luzes, e ao redor das casas estava a floresta. Uma construção de vidro estava no outro lado do pinheiro, e flores cercavam a construção. Algumas construções estavam identificadas. A padaria. Enfermaria. Refeitório. Era como se fosse uma pequena vila no meio da floresta.

Pessoas riam e caminhavam ao redor. Crianças corriam entre as casas. Harmonia e alegria escorriam pelos ares em volta.

Uma sensação de desejo foi arremessado ao coração de Aster. Ela desejava que todas as terras fossem daquela forma. Ela desejava que seu futuro reino fosse daquela maneira. Que a miséria e a dor deixasse de existir para o seu povo.

-Que...que lugar é esse? – indagou com sentimentos.

-Nós chamamos esse lugar de Vila das Estrelas. – disse com um sorriso de orgulho no rosto.

-Como? Como esse lugar é tão próspero? - A voz da princesa era puro choque, ela acrescentou. – O sol brilha com intensidade, e as flores ainda vivem.

O final da guerra devastou boa parte do território de Lourien. Espécies de animais poderosos foram extintas. Plantas que só sobreviviam com a presença do sol foram sumindo aos poucos. E as que sobreviveram só evoluíam com poder, e eram comercializadas na ponte. O sol havia deixado de brilhar por muito tempo.

-A guerra não acabou com tudo. O poder das trevas não reinou por toda parte. A esperança nos alimenta todos os dias. - Soltou uma risada de escarnio. – Venha vou te mostrar tudo.

O homem desceu os degraus e Aster o seguiu. Eles começaram pelo lado direito. O desconhecido apontou para as casas que estavam daquele lado, e disse que eram de moradores. Continuaram caminhando até chegarem em frente a casa de vidro. Era uma estufa. Pelo lado de fora Aster podia notar grandes lacunas envolvidas com flores, e diversas plantas. Ela olhou com curiosidade, se virou para o homem e perguntou:

-Podemos entrar?

Ele hesitou, e respondeu:

-Acho que não é uma boa ideia...

Ignorando a resposta do homem, Aster abriu a porta de vidro, e adentrou. Um ventou quente levantou seus cabelos ao passar pela porta. Cheirava como ar puro preenchido pelo cheiro adocicado de alguma flor. O verde estava em todo lugar, do teto ao chão. O pôr do sol refletia no vidro, deixando o ambiente ainda mais bonito. Uma pequena mesa de ferramentas estava centralizada, e nela uma mulher de cabelos crespos e pele negra trabalhava com as flores. Ela cantarolava alguma melodia, magia escorria pelas pontas de seus dedos e avançavam em direção a flor. Os olhos de Aster se arregalaram, ao perceberem, que a flor desabrochou em um tom alaranjado. Como se a garota tivesse dado vida a ela. Os cabelos encaracolados se movimentaram em um vulto quando a desconhecida se virou ao notar a presença de Aster. Seu semblante era sério e irritado, por ter sido interrompida.

-O que quer? – perguntou com grosseria.

-Eu...

-Ela ficou impressionada com as flores, e quis entrar, Amber. – o desconhecido respondeu.

O semblante sério se desfez ao notar a presença do homem.

-Quem é ela, Kahed?

-Nossa visitante.

Amber analisou a garota de cabelos prateados. E franziu o senho.

-O que ela está fazendo na vila? Nunca vi ela...

-Sam a achou no meio da floresta.

-Claro, Sam sempre está fazendo algo. – Debochou e se virou para um vaso em que ela estava trabalhando.

Um sentimento que Aster não conseguia distinguir pintou o rosto do homem.

-Estamos indo. – Kahed afirmou e Amber apenas resmungou, concentrada em seu trabalho.

Eles saíram da estufa. Kahed soltou um suspiro de frustação assim que alcançou o lado de fora.

-Ela é sempre assim? – curiosidade passou pela voz da garota.

-É...é complicado. Ela não tem culpa de ser assim, só está na defensiva.

Aster olhou para o homem com expectativa, na espera de que ele revelasse algo a mais. Ele apenas ficou em silêncio e continuou a caminhar.

-Bom, aqui é o refeitório. – Ele mudou de assunto e apontou em direção a uma construção bonita e decorada.

Enquanto apontava e apresentava o lugar, algumas pessoas apareciam para conversar. Sorrisos calorosos eram distribuídos. Ele apresentou as pessoas e suas funções. Todos trabalhavam e sorriam. Um sorriso quente e brilhante como o sol. Esperança estava por toda parte.

O céu começou a escurecer em tons de preto. O sol já havia sumido e a Lua já aparecia, quando Aster notou o erro.

Percorrendo os olhos por volta da vila ela percebeu, que magia estava por toda parte. O ar cheirava a magia. Um tipo quente e acolhedor de magia. Um tipo que Aster nunca teve contato. A magia antiga e a vinte anos esquecida.

As pessoas eram todas iluminadas, o Sol brilhava para elas.

E como um vidro estilhaçado se juntando novamente, a herdeira entendeu.

Que o poder que escorria pelos ares era diferente de tudo que a herdeira conhecia. Aquele tipo de poder só rastejava por terras abandonadas em Lourien. Terras antigas.

Filhos da estrela.

Magia do sol. Do fogo, prosperidade.

Eles eram os dourados. Filhos do sol. Herdeiros do sol. O povo que seu pai matou e caçou por anos. O povo que matou sua mãe.

O mundo se encolheu em sua volta. E então tudo que estava brilhando, não tinha mais graça. O tempo parou. E o gatilho fora apertado.

O rosto da garota se fechou em uma máscara fria, as emoções congeladas, seu sangue fervia em descrença e com a voz por um fio ela perguntou:

-Quem são vocês? Vocês são os que restaram, não são? Fugiram da prisão?

O homem soltou uma gargalhada e respondeu:

-Você só descobriu agora? Claro, claro, alguns fugiram da prisão, sim. Mas os outros, como eu só escaparam de guerra e vieram para cá. E criamos esse lugar. – Confessou. – Pensei que havia descoberto assim que notou o sol brilhar com intensidade.

Ao se virar para olhar o rosto da garota ele percebeu o erro que tinha cometido. Seu semblante ficou sério ao notar a raiva que emanava da garota.

E então era tarde demais.

Ele trouxera uma fiel do rei, ao coração do seu inimigo.

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Volto com mais capítulos semana que vem... 

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Herdeira da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora