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Não revisado. 

As celas se tornaram o seu conforto, as paredes a abraçavam, e encarar o teto cinzento não parecia mais entediante. E ela sabia de uma coisa. Estava ficando louca. O mundo parecia ter parado, só para ele poder desabar. O tempo não existia. E as únicas coisas que ela sabia era que eles vinham e traziam comida para ela.  Apenas para você não morrer de fome, diziam. Seu corpo cheirava mal, e seu cabelo coçava com frequência, e se tinha uma coisa, que ela tinha certeza, era de que cortaria as madeixas prateadas, se conseguisse escapar. Cortaria as mechas compridas ao ponto, delas serem tão curtas que não a incomodariam mais.

Ela não via a Lua fazia dias, não cheirava o ar puro pareciam anos.

Ela estava ficando louca. Aster Majoris estava desabando.

Ela tinha tempo para pensar e sentir tudo. Mas o tempo não passava.

Existiam dezenove barras de ferro por cela. Existiam trinta e duas sardas no seu ombro direito. E ficar uma semana sem banho podia acabar com sua sanidade.

Tudo o que ela ansiava a pedir aos seus ''inimigos'' era por um banho. Mas ela não queria ser vista como fraca, aquilo esmagaria seu orgulho. E faria os dourados sentirem pena. Eles notariam como ela é fraca, e sem esperança.

Sem esperança de ver o reino novamente. De ver o castelo onde cresceu. Ver Eyra, e até mesmo seu pai.

Tudo estava desabando.

Ela não sabia se o final de tudo aquilo, ainda existiriam forças. Para o fim e para lutar.

Ela só queria um reino melhor. Ser uma boa rainha, e rir com Eyra. E viver feliz nesse vasto universo que a cerca.

Mas agora as pontas estão soltas e tudo continua a desmoronar.

-Aqui estou eu, herdeira. -A única pessoa que vinha falar com ela anunciou, enquanto passava pela porta de ferro. Em suas mãos estavam um prato com comida, e um sorriso animado manchava os seus lábios.

Os passos leves de Louvis se aproximaram da cela, e ele abriu as grades, com a mão livre. Os cabelos loiros foram jogados para trás quando ele se aproximou de onde Aster estava. A garota se levantou do chão onde estava jogada e se sentou em uma postura ereta.

-O que você trouxe hoje, meu salvador? -Disse com um sorriso irônico e um revirar de olhos.

Louvis era o único que vinha importuná-la e conversar com ela. Ele sempre aparecia com um sorriso fácil nos lábios e um prato de comida em mão. A fazia esquecer tudo o que estava acontecendo. E nos últimos dias uma relação de amizade vinha surgido. Aster gostava do tempo que passava com o garoto. Ele era engraçado, gentil, e não parecia a julgar, como todos os outros. Ele nunca a lançou um olhar de ódio, e nunca pareceu detestar ela e sua linhagem.

-Almoço. -Disse o obvio, e então se sentou ao lado dela, estendendo o prato recheado de comida. – E eu ainda roubei alguns chocolates. – Ele remexeu no bolso com movimentos desajeitados, e tirou e lá dois bombons coloridos. Ele deu um a Aster e abriu o pacote do outro, jogando o inteiro na boca. -Está muito bom.

Aster o observou indignada, e colocando o bombom no chão, ela começou a comer de seu prato. Ela conteve o ruido de alívio ao degustar da comida. Pelos deuses, ela amava a comida daquele lugar.

Aquela havia sido a pequena rotina que eles criaram. Louvis vinha todos os dias com o almoço, e ela passavam as tarde conversando. Aster nunca confessaria mas as tardes de conversa a mantinaham sã. E a lembravam do mundo a fora.

-Você sempre faz essa cara estranha quando está comendo? – Perguntou e logo corou, quando se deu conta que as palavras haviam escapado pelos seus lábios.

Herdeira da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora