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não revisado.


Um minuto.

Dois.

Ele se remexe no trono, impaciente.

Três.

Quatro.

Esperando...

Cinco.

Seis.

Seis minutos e o relógio badalou. A torre do relógio anunciou o começo do novo dia, e o barulho soou por toda Lourien. Era meia noite. O dia seguinte da coroação, que não aconteceu. O dia depois da morte da herdeira.

-Majestade. - o guarda disse enquanto entrava na sala. 

-Sim?

-Ele esá aqui.

O guarda se afastou da porta,e por ela entrou o Deus do caos. Theon adentrou o ambiente com arrogância, como se o mundo estivesse aos seus pés. Os cabelos compridos estavam presos em um coque, as roupas eram escuras. E o rosto inexpressível. Os olhos prateados vazios, cheios de pesadelos. As sombras que o acompanhavam traziam  um ar frio e travesso.

-Meu grande amigo. – cortejou com deboche. – Soube que a herdeira morreu. Minhas condolências. Parece que você conseguiu o que queria.

O rei soltou uma risada, o rosto aliviado.

-Sem sua ajuda eu não teria conseguido. Obrigado. Acredito que agora você irá cobrar a sua dívida, não? É só falar que eu te darei.

-Bom, como você me prometeu qualquer coisa. – O deus fez uma pausa, como se avaliasse suas opções. Pensou. Pensou, e então perguntou. - Se eu pedisse a coroa, você me daria?

O rei ficou sem palavras. Aquela alternativa nunca havia passado pela sua cabeça. Dar seu trono? Seu império? Tudo pelo que ele lutou?

-Estou brincado. – O caos replicou, depois de perceber o choque do rei. – Não está na hora de cobrar minha dívida, ainda.

-Ora, graças a Lua. Eu pensei...- o rei suspirou aliviado, e tentou acalmar seu coração, que batia com adrenalina pela surpresa. - Eu pensei que você queria o trono.

-Seu império não me interessa. Mas me diga, o que irá fazer para comemorar?

-Não sei ainda, só sei que amanha terei que dar minhas justificativas ao povo. Farei um jantar. Você está convidado, como meu aliado. Podemos até começar a discutir uma aliança entre as terras do caos e Lourien.

As terras do caos pertenciam a Theon. Terras sombrias, sem vida, e sem prosperidade. A distância entre Lourien e as terras são de um oceano. O oceano denominado como sem vida. Sem luz. Toda a luz que encosta nas superfícies daquelas águas, é absorvida de imediato. E ao atravessar o oceano você chaga as Terras do Caos, um território misterioso, que ninguém sabe o que tem como segredo. Muitos dizem que há a existência de criaturas horríveis, verdadeiros monstros. Outros espalham boatos que dragões vivem naquelas terras, mas estão adormecidos pela neblina esquisita que cerca o local. Theon, vive naqueles territórios, muito antes da monarquia existir, e por ser um deus nunca ninguém o contestou, ou contestou sua autoridade. Treze anos antes Caelum fora visitar o local, em busca de ajuda, mas ele não ficou por muito tempo, para descobrir se os boatos eram verdadeiros.

-Conversaremos sobre isso.

O assunto encerrado, mas o rei ao perceber que poderia convencer Theon a ser seu novo aliado, perguntou:

- Já que está aqui, o que acha de uma bebida?

-Claro.

O rei fez um movimento e um criado apareceu ao seu lado.

-Traga a minha bebida mais valiosa. A bebida dos Sparrows. - Os olhos do rei brilharam de orgulho.

O criado assentiu e foi rapidamente em direção ao bar que ficava nos fundos da sala do trono. Ao voltar ele carregava uma bandeja com duas taças e uma garrafa transparente, que contia um líquido colorido dentro. A bebida criada pelos Sparrows, a bebida das estrelas.

Os Saprrows eram pequenas criaturas feitas da Ursa maior. Com orelhas pontiagudas, pele azul brilhante e grandes olhos roxos, eram criaturas habilidosas. Conseguiam ver o além vida e fazer a bebida das estrelas. Povoaram Lourien por muitos anos, até serem escravizados durante a guerra dos impérios. Foram escravos do rei Caelum por anos, tudo o que faziam eram criar bebidas para o consumo do rei e da nobreza. Até serem enfim extintas. Com o fim da espécie a bebida se tornou algo raro e valioso.

O criado serviu a bebida nas taças e entregou uma delas ao rei. Ao se aproximar do deus do caos, as sombras ceraram o criado, que estremeceu e entregou a bebida. O criado rapidamente se afastou, e o deus soltou um riso de escárnio.

-Vida longa ao rei. -O deus levantou a taça e brindou ao rei.

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Vozes. Vozes ecoavam por toda a cabeça da princesa. Um homem? Dois homens conversando? Por que estava tão escuro? Por que seu copo doía? Tudo doía.

A garota tentou abrir os olhos, mas falhou. Aquele era o fim? Não. Não era.

O barulho de água escorrendo aumentou conforme a garota se concentrava. Uma cachoeira? Um rio? O oceano?

O que estava acontecendo?

Asterin tentou abrir os olhos novamente. Nada. Era o completo breu. Como se ela não tivesse força para viver. Ela se concentrou novamente, no ambiente em que estava. Estava sendo carregada. Seu corpo balançava, conforme o outro alguem caminhava. O barulho de água ficou mais audivel. Então uma voz perguntou: 

-Aqui está bom? 

Um zumbido; uma dor aguda atingiu a parte direita da cabeça da garota. Dor. Pelas estrelas, como doía.

-Sim, vamos acabar logo com isso. - O homem que segurava a princesa disse.

-Não, não está bom. – Uma terceira voz disse. Espera, três homens? – O rei ordenou que jogássemos o corpo perto do povo de fogo. Estamos muito ao norte, estamos no lugar errado.

O rei? Seu pai? 

-Cara, eu só quero acabar logo com isso. O rei não vai vir verificar se jogamos no lugar certo. E a correnteza vai levar o corpo, para o sul. 

-Eu concordo com o Jurian.

Jurian, o guarda supremo? O que estava acontecendo?

Um momento de silencio. E a dor voltou. A cabeça da garota doía tanto que parecia que explodiria. Então os flashes de memória começaram. O vestido. A coroação. O povo. Seu pai. O altar. O cálice. As imagens começaram a aparecer. Tudo voltou tão rápido, que o choque percorreu pelo corpo da princesa.

 Ela nao estava morta.Mas e sua coroação? 

A garota tentou gritar, tentou se mover, tentou abrir os olhos novamente. Não conseguia. Não conseguia...

Desespero. Se sentia sufocada. Não consegui respirar.

-Joga logo a merda do corpo então. – A voz do terceiro homem saiu com raiva, como se não tivesse com vontade de discutir. 

O pânico se instalou na princesa. Não. Não. Não. Eles estavam no Rio Eris, jogariam seu corpo e ela morreria. Estava consciente, mas seu corpo não se movimentava conforme seus comenados. 

A princesa tentou gritar novamente, mas seu corpo foi arremessado. Água inundou seu corpo. Invadiu seus pulmões. E ela deixou de tentar girtar.

Sem respirar.

Ela não conseguia respirar.

Iria morrer.

O pânico se instalou e ela tentou nadar.

Tentou voltar para a superfície, gritar por socorro.

Então tudo escureceu. 


Vou postar mais essa semana. 

Ultima vez que eu mato a Aster prometo. 

Herdeira da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora