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Não revisado.

Ele se considerava um homem inteligente. As suas muitas décadas de vida deveriam confirmar isso. Mas naquele momento ele se sentia estúpido. Não acreditava no que tinha feito. Mostrado sua única esperança para seu inimigo. Uma espiã do rei. Uma pessoa que se conseguisse fugir poderia ruir com todos os planos da vila, todos os seus planos. Todos os anos que o seu povo levou para se reerguer poderiam não servir de nada se o rei descobrisse. Kahed simplesmente não acreditava. Tudo poderia ruir pelo seu simples erro de acreditar na bondade de todos.

Ele teria que dar um jeito naquilo. Naquela confusão.

Ao se afastar do lugar onde estava a garota, ele passou as mãos no cabelo, com nervosismo, e olhou para o horizonte. A Lua brilhava com intensidade iluminando a terra com sua luz, e as pequenas lamparinas do vilarejo já tinham sido acesas. Aquela era sua casa. Sua vida. Se aquilo acabasse não haveria mais esperança. Tudo pelo que ele lutara nos últimos vinte anos teria sido em vão.

As pessoas encaravam com curiosidade em sua direção conforme ele caminhava em direção a casa dos guerreiros mortais. A vila era dividia dessa forma; mortais e imortais. Os mortais eram os dourados que conseguiram fugir antes do grande incêndio, todos se esconderam até o fim da guerra. E os imortais, foram caçados e presos na Grande prisão, a maioria era fugitivo, e outros apenas descendentes.

Soltando alguns palavrões ele parou em frente a porta e bateu com força, para avisar sua presença. Uns murmúrios vieram de dentro e Kahed entrou. Cinco beliches estavam no pequeno local, um armário de armas estava posicionado no fundo e jovens caminhavam e conversavam pelo lugar. O homem olhou ao redor em busca da cabeleira castanha. Ao passar os olhos pelo local ele notou o garoto, concentrado, sentado na cama enquanto ajustava um arco. Um mortal, que faria qualquer coisa para se vingar pela morte de seus pais. Isso o tornava leal a Kahed e a vila. Era um dos principais guerreiros e espiões do grupo. Kahed tinha orgulho do garoto.

-Demen. –Chamou, enquanto se aproximava da cama.

Os olhos escuros brilharam surpresos. Não esperava a visita do seu comandante tão cedo.

-O que precisa? - Demen voltou a olhar para o arco, e suas mãos se mexeram com agilidade pela a extensão.

-Preciso que descubra quem é a garota que você resgatou.

O semblante de Demen se virou em confusão, e Kahed continuou:

-Ela tem algo contra nós, dourados. Receio que possa ser uma espiã do reino.

-A garota de cabelos cinzas? -Indagou ainda confuso, e prosseguiu. - Ela parece ser inofensiva.

-Mas ela não é. Pode ser tudo parte um plano, e seu ódio por dourados só reforça isso. E do mesmo modo, eu não quero arriscar nossa segurança.

- Mas uma espiã? Nessa área? Nós não vemos um a anos.

-Eu sei, por isso preciso que vá investigar como está Lourien nesse momento. Faz três meses que não mando um dos nossos para ver como está o reino. O caos pode ter se instalado...

Demen revirou os olhos, mas concordou.

-Tudo bem. Vou pegar os equipamentos e irei para a ponte do comércio, e lá onde o povo gosta de falar e fofocar. Vou ver se descubro algo.

-Obrigado, Demen. – O homem agradeceu e então acrescentou- Ah, e preciso de mais uma coisa. Peça ao Louvis para ir tomar conta dela. Ela está machucada, pode ter quebrado o braço.

Quando o nome de Louvis fora pronunciado, o ar pesou na sala, e o rosto de Demen se tornou uma máscara fria.

-Não.

Herdeira da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora