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Não revisado.

23 anos antes.

O cheiro de bolinhos de amora flutuava pelos cantos da cozinha do castelo. Resquícios de farinha e amora estavam espalhados pelo balcão, e chão. E o relógio pendurado na parede, de pedra, indicava as onze da noite. A menina de olhos violetas esperava ansiosamente em frente ao forno de pedra, verificando pela oitava vez em cinco minutos, se os bolinhos estavam prontos. Ela soltou um suspiro triste e se virou para a mãe, que estava juntando a bagunça da cozinha.

-Não está pronto ainda, mamãe. – Um biquinho infantil e adorável se instalou em seus lábios.

-Eu sei, meu amor. Temos que esperar só mais alguns minutos. – Acalmou a mulher de cabelos encaracolados.

-Estamos esperando uma eternidade. – Exclamou.

As pontas da enorme camisola que a garota usava, se arrastaram pelo chão de granito, conforme ela caminhava em direção a mesa que a mãe estava apoiada. Ela parou em frente a mulher alta e ergueu os braços, pedindo ajuda para subir no acento alto da mesa. A rainha a pegou com delicadeza e a pousou na mesa de madeira. A menina se acomodou e soltou um bocejo audível.

-Está na hora de ir para cama. Vamos comer os bolinhos amanhã. Tá bom?

-Não, eu não estou com sono. – Respondeu com os olhos arregalados, para provar que não estava sonolenta.

-Então suba para o seu quarto e se acomode na cama. Levarei os biscoitos em alguns minutos, e comeremos juntas.

Pulando da bancada a menina se botou em pé novamente e seus cabelos trançados se movimentam conforme ela correu pelos corredores do castelo. Subindo as escadas com dificuldade, pelo seu tamanho, ela chegou aos seu quarto. Brinquedos estavam espalhados por todos os lados, e livros infantis empoeirados nas prateleiras. As paredes eram pintadas com o céu noturno e no teto uma grande lua se destacava. A menina caminhou ate sua grande janela, puxou as cortinhas prateadas, e observou sua pintura favorita. O céu noturno.

O céu estava manchado em preto, e apenas as estrelas e a lua o iluminavam. Estrelas de diversas cores, algumas já mortas, mas que continuavam a brilhar. Outras nem apareciam, por seu brilho ainda estar muito longe de Lourien. Ela, Asterin Majoris sabia tudo sobre as estrelas e o universo. Astrologia era seu assunto favorito. Sabia de cabeça nomes de diversas estrelas, que iluminavam seu planeta. Aster observou ela. A deusa. A Lua que era infinita.

Ao olhar para o objeto brilhante no céu, a garota fez um desejo, pois as antigas lendas da criação, diziam que a deusa Lua realizaria qualquer desejo que fosse genuíno. Todo dia, que ela se lembrava, Aster fazia um pedido. Eles podiam variar, um dia ela pedia para que não precisasse comer legumes no almoço, e no outro ela desejava que pudesse cavalgar pela floresta negra sozinha e bravamente, todos seus pedidos eram loucos e genuínos.

Mas naquela noite ela desejou algo que nunca desejara antes. Desejou com toda a sua força infantil, que aquela noite durasse pelo eterno.

Ela desejou. E então ao ouvir barulhos de passos, ela rapidamente se afastou da janela e correu em direção a mãe, que entrava no quarto, segurando uma enorme bandeja dourada. A mulher parou no enorme tapete, se sentou e fez um sinal, para a filha se aproximar. A menina sentou-se ao lado da mãe, que pegou um dos bolinhos e estendeu em direção a ela. E então, com a voz melodiosa, começou a cantar uma canção antiga. De celebração. Usada para comemorar mais um ano de vida. Aster começou a cantar alegremente, junto com a mãe, pegou o bolinho e assoprou a única vela que o enfeitava.

-Você lembrou. - a menina se agarrou nos cabelos da mãe. – Pensei...pensei que você havia esquecido.

-Claro que eu lembrei, estrelinha. – A mulher sorriu tristemente quando continuou. – Apenas não pude comemorar antes, por causa de seu pai. Você sabe como ele não gosta desse tipo de coisa.

Herdeira da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora