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Não revisado. 

Já peço perdão pelo capítulo pequeno :) 

A fogueira crepitava em sua frente, a brisa quente beijava suas faces. Ela abriu os olhos, assustada, e os tons alaranjados iluminaram seus olhos. Os olhos astutos percorreram as paredes de pedra da caverna, e então ela arquejou ao notar a enorme figura a encarando. Os mesmos olhos verdes de antes a encaravam. Um bufar quente saiu pelo nariz do animal, como se ele estivesse incomodado com a presença da garota. Os pelos da nuca de Eyra se arrepiaram com o perigo. O dragão parecia ainda mais perigoso ao meio brilho do fogo. Ela acreditava que tudo não passara de uma mera ilusão, mas os olhos inebriantes a encarando diziam que aquele era a realidade.

Ao tentar mover as mãos ela notou a corda grossa que a prendia. O nervosismo a atingiu, e o dragão continua a encarar. Um assobio ecoou pela caverna e o chão tremeu quando o dragão avançou. Eyra fechou os olhos e esperou o impacto. Nada. E quando ela tornou a abrir os olhos notou as enormes patas esticadas no chão, ele havia apenas se deitado. As pupilas finas ainda a analisavam.

-Vejo que acordou.

Eyra ergueu o queixo assusta na direção da voz. Não havia notado a mulher de cabelos fogosos no canto das pedras. Um sorriso plácido se desmanchava em seus lábios, e o vestido cor de sangue se moveu com suavidade quando ela se aproximou de Eyra. A garota abriu os lábios para questionar, mas a mulher a interrompeu.

-Calma, garota. -Acalmou. – Vou te explicar tudo. -Continuou e piscou. -Mas primeiro coma.

A mulher estendeu a mão, e então Eyra notou a tigela estendida. Ela se inclinou para olhar e notou a sopa flamejante, em um tom marrom, e alguma planta escura. Eyra fez uma careta.

-Obrigada, mas eu passo. -A careta se afincou ainda mais quando sentiu o cheiro estranho que vinha da tigela. – Me ensinaram a não aceitar comida de estranhos.

-Coma, garota. Se eu quisesse você morta, você já estaria morta.

-A obrigada pela sinceridade. – Debochou, com um revirar de olhos, e negou com a cabeça a sopa. -Não estou com fome.

A mulher deu de ombros e em um movimento a sopa e a tigela queimou dentre seus dedos. Uma ameaça passiva em direção a Eyra. O fogo consumiu a tigela e tudo virou cinzas na mão da mulher, que se virou para Eyra e sorriu.

-Então vamos ao que interessa. – Continuou e se sentou ao lado do dragão, acariciando as escamas pesadas. O rabo do animal se arrastou pelo chão, animados pelo carinho. – Desde que você pisou em nossas terras, estamos te vigiando. Estamos vendo o seu desempenho em sobreviver nesse lado da floresta, e você é como uma guerreira. Você não desistiu. Estava a três dias sem beber água, mas continuou a procurar e a caçar. Nós gostamos de pessoas como você. Procuramos pessoas como você...

-Nós? Você e o animal? - Interrompeu em uma pergunta, enquanto apontava com o queixo em direção ao dragão.

-Eu e meu povo. -Respondeu entre dentes, por ter sido interrompida. – Sou Hiraya, anciã dos povos de fogo. Você foi recrutada. E a partir de agora é uma guerreira da tenda 4.

-Espera, o que? – Ela empalideceu e perguntou, com os olhos arregalados. -Povos de fogos? Isso é apenas mais uma lenda. Vocês foram extintos durante a guerra, e o seu povo se separou por toda Lourien.

-Isso é apenas mais umas das milhares de mentiras que Caelum conta a seu povo. – Respondeu, e o nome do rei saiu como um resmungo de ódio. – Somos guerreiros, não vamos nos render a um homem orgulhoso como o rei.

-Isso...

-Eu sei, que isso parece estranho, mas eu estou te recrutando para pertencer a meu povo.

-É assim que você sugere isso? Me sequestrando?

-Não sabiamos se você era confiável.

-O que mudou?

-Te revistamos, e agora sabemos quem você é.

Eyra concordou com a cabeça, e os olhos examinaram a mulher, que tinha o rosto iluminado pela meia luz da fogueira.

-E se eu não aceitar? -Questionou rondando as opções.

-Não tem essa opção. -Exclamou direta. – Você está perdida. Quer viver o resto da sua vida miserável vagando sozinha pela floresta? Sem nada pelo o que lutar?

Ela se contorceu com a verdade. E pensando por alguns segundos ela perguntou.

-O que eu ganho fazendo parte do seu povo?

-Algo pelo que lutar.

Bom, aquela definitivamente não era uma boa recompensa. Mas Eyra, realmente não tinha mais nada pelo que lutar. O que seria de sua vida sem nada pelo que lutar? Se a única coisa pelo que lutar for ser manter viva? Sem uma ambição, sem nada...

-Venha.

Então Eyra notou que estivera perdida em pensamentos, e agora a mulher ruiva estava em sua frente, desprendendo seus braços.

-Vou te apresentar a alguém, e então você pode decidir se quer ficar ou não.

Hiraya ajudou a garota a ficar de pé e então começou a caminhar em direção a escuridão da caverna. Eyra acompanhou seus passos. Então ela percebeu. A luz que vinha do lado de fora. A luz clara da Lua, e as estrelas. O corpo de Eyra tremeu conforme elas se aproximavam do lado de fora.

-Espero que você não tenha medo de altura. -Disse com um sorriso animado saboreando seus lábios.

Mais dois passos e Eyra chegou na ponta no precipício. Aquilo era uma caverna. No meio de uma montanha. As palavras sumiram pelo estomago embrulhado de Eyra. A vista das rochas montanhosas eram como uma obra de arte. Da altura em que ela estava dava para se ver o grande rio que cruzava o continente, e a floresta que manchava aquelas terras. As nuvens se misturavam com as montanhas e o vento frio assoprava os cabelos longos da garota para trás.

-Como vamos...-As palavras mal haviam sido ditas quando a mulher de olhos amarelos respondeu.

-Ryuu vai nos levar.

O dragão se colocou ao seu lado ao ouvir seu nome. E Eyra encarou a altura que a deixava tonta. Ela morreria.

-Vamos eu te ajudo a subir.

-Eu acho que...

-Vamos logo, garota. -Apressou a mulher, sua paciência se partindo.

Eyra examinou o dragão e suspirou. A Hiraya a ajudou a subir na cela que cobria o dragão, e então se ajustou na frente para direcioná-lo.

-Se acalme. Ele pode sentir você tremendo. Eu posso sentir você tremendo.

Segurando a respiração, na tentativa de acalmar seu coração, Eyra disse;

-Vai logo.

Os braços finos de Eyra agarraram a cintura da mulher, e ela fechou os olhos com força.

Então eles voaram.

Ela sentiu. A liberdade, provavelmente teria aquele cheiro. Teria aquela movimentos. O vento a beijou e seus cabelos cortaram a brisa. Mesmo com os olhos fechados ela sentiu. O céu não parecia mais machucar. Tudo se parecia com liberdade. Eyra abriu os olhos devagar. Tentando se acostumar com a sensação. As asas enormes do dragão estavam posicionadas e se curvavam de modo áspero. As estrelas rangiam aos céus em uma iluminação prateada e pareciam alcançáveis. O mundo brilhava em seus pés. Toda Lourien parecia brilhar, mas ela sabia que aquela era apenas uma pequena parte de todo o continente.

Ela se soltou da mulher, que ria e cantarolava. A brisa congelante das montanhas, escapou pelos seus dedos. E Eyra soltou um sorriso. Voar poderia ter se tornado sua nova paixão.

Volto na quarta beijoss.

 Próximo capítulo da Eyra ta repleto de coisas e segredos uhull

Herdeira da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora