Capítulo 20

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Capítulo inspirado nas músicas:

Oath – Cher Lloyd

Teenagers – My Chemical Romance

Of The Night – Bastille

Mountains – Carolina Deslandes ft. Agir

Brave – Sara Bareilles

20º

Tinha acabado de vestir a minha sweat dos Rolling Stones quando a campainha tocou. Franzi a testa e olhei para o relógio analógico ao lado da cama, que mostrava as nove horas da mnhã. Estava sozinha em casa, visto que a minha mãe estava a fazer o turno da manhã no hospital, e não esperava ninguém exceto a Dalilah a empregada que a minha mãe havia contratado para nossa casa. Calcei as botas e olhei para a minha figura ao espelho. Informa e confortável, mesmo o meu estilo.

A campainha voltou a tocar, mais insistente desta vez, lembrando-me que ainda havia alguém à minha porta. Desci as escadas calmamente, ouvindo de novo a campainha.

- Já vai! – gritei para a porta.

Mas quem é o idiota que se lembrou de vir tocar à minha campainha a esta hora? Jesus!

Irritada, abri a porta com mais agressividade do que o devido e deparei-me com a minha melhor amiga e o seu sorriso enorme.

- Bom dia! – exclamou ao passar por mim para entrar em casa.

- Jo, que raio? Que estás aqui a fazer a esta hora? – perguntei ao fechar a porta.

Ela virou-se rapidamente para me encarar com o seu sorriso megawatt. Olhou-me de cima abaixo e bateu pequenas palminhas ao ajustar a sua mala Nike preta no ombro.

- Ainda bem que estás vestida! Temos muita coisa a fazer hoje antes do jantar.

Franzi o nariz para o que ela havia acabado de dizer.

- Como assim?

Revirou os olhos e pousou a mala no chão, para se poder sentar no sofá.

- Tu e eu, vamos tirar o dia para cuidar de nós. Vamos comprar os vestidos e os acessórios para logo à noite, depois temos a nossa marcação para a cabeleireira, manicura, esteticista e consegui arranjar para uma maquilhadora que me aconselharam. Tratei de tudo, não tens de te preocupar com nada.

Durante algum tempo, fiquei simplesmente a olhar para ela sem saber bem o que dizer. Até que finalmente parei para pensar e só então fiquei confusa.

- Para quê isso tudo? O jantar é em tua casa ?É que mais parece que vamos para alguma gala! – exclamei caminhando para o sofá.

- Existem várias razões para isto tudo. Vou começar pelo facto de que já não fazemos nada como isto há séculos e que agora passas a vida agarrada ao Ryan. Também estamos a fazer isto tudo porque eu preciso urgentemente de mudar a minha cor de cabelo. – disse ao mostrar as pontas do seu cabelo azul. – E por fim, vamos fazer isto tudo porque depois do jantar vamos todos juntos a uma discoteca à qual nunca fomos. Discoteca essa que tem como única regra: raparigas produzidas e rapazes de camisa.

E então a realização do que ela me havia dito embateu contra mim como um camião. Ela era a minha melhor amiga desde sempre e eu desde sempre que tenho sido egoísta com ela. A Jo era a melhor amiga que alguém poderia alguma vez pedir. Apoiava incondicionalmente mas não era aquele tipo de pessoa que ficava a chorar pelo problema. Ou arranjava uma maneira de resolver ou então fazia uma piada sobre o assunto para aligeirar o humor e livrar das tristezas. Já eu? Eu tenho sido a pior melhor amiga do mundo! Tenho segredos para ela, afasto-me dela quando estou triste e não deixo que me apoie e agora ela pensa que eu a estou a esquecer, só porque o Ryan apareceu na minha vida. Eu não estava a chutá-la para canto, mas sem dúvida que parecia. Ela era demasiado importante para mim, só que eu não conseguia mostrá-lo.

I saw it in your eyesOnde histórias criam vida. Descubra agora