Capítulo 30

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Capítulo inspirado nas músicas:


Back To Black - Amy Winehouse

Irreplaceble - Beyoncé

Wild World - Cat Stevens

Disappear - Evanescence

Just a Dream - Nelly




30º



A Jo decidiu voltar para sua casa, mas obrigou-me a prometer que amanhã ia com ela às compras. Deixei-a em casa e vim logo para casa.

Tinha a intenção de passar o serão a escrever o meu discurso para história, mas quando vi o carro da minha mãe estacionado na garagem.

Olhei rapidamente para o relógio, que só por acaso, apontava para as sete em ponto, o que quer dizer que a minha mãe já devia estar a trabalhar à uma hora.

Eu tenho tendência para pensar sempre no pior, e por isso peguei na mala atabalhoadamente e corri do carro para casa.

Ao entrar em casa os acordes do piano embateram logo ao meu encontro e imediatamente estaquei. Nocturne de Chopin, a minha preferida.

Aproximei-me da sala para apreciar a música. Havia sido o meu avó a ensiná-la à minha mãe e a minha mãe ensinou-me a mim.

Lembro-me que levei um ano e meio para conseguir reproduzi-la decentemente, se pensar bem nisso, acho que nunca conseguirei tocá-la de forma perfeita.

Mas a minha mãe está a tocá-la na perfeição e a melodia está a elevar-me. Mas algo continuava sem estar bem, pois a minha mãe agora raramente toca e está em casa a esta hora pelo que não consigo relaxar. Nem mesmo a ouvir Chopin.

- Huh mãe? - aproximei-me quando a música parou completamente.Virou-se para olhar para mim e a sua expressão fez o meu recuo instantâneo.

- Como foi o dia, querida? - perguntou casualmente, mas eu sabia melhor do que isso.

- Foi como os outros. - franzi a testa. - Que está a fazer em casa a esta hora?Levantou-se do piano e pegou na chávena de chá que estava pousada na cauda do piano.

- Troquei a folga de domingo para hoje. - encolheu os ombros.

Não desenvolveu e só isso fez com que ficasse tensa.

Que raio se estava a passar?

- Por algum motivo em especial? - perguntei imitando o tom casual que não era de todo casual.

- Sim. - respondeu simplesmente. - Temos de falar.

Oh.

- Que se passa? - franzi ainda mais a testa e sentei-me também no sofá.

- A diretora ligou-me esta tarde. - a cara ficou ainda mais séria. - Uma semana, Maria! Faltaste às aulas por uma semana consecutiva sem dar sequer uma justificação? Sem falares comigo?

Ah boa. Isto não vai ser bonito.

- Sim. - esfreguei as mãos nas coxas. - Eu não conseguia ir às aulas.

Inclinou a cabeça para um lado a observar-me, movimento que faz quando está realmente chateada.

- Não conseguias? - o tom indignado crescia. - Tu nunca foste assim, filha. Tu detestas faltar às aulas, és igual ao que eu era com a tua idade, por isso não me venhas dizer que não conseguias! O quê, não te apeteceu ir, foi isso?

I saw it in your eyesOnde histórias criam vida. Descubra agora