I saw it in your eyes

Capítulo 34

Capítulo inspirado nas músicas:

Beneath Your're Beautiful - Labrinth ft. Emeli Sandé

Behind Blue Eyes - Limp Bizkit

Brave - Sara Bareilles

So Sick - Ne-Yo

Umbrella - Rihanna ft. JayZ

34º

A apresentação do Jacob tinha acabado agora mesmo, o que significava que agora era a minha vez. Preparei as minhas folhas de orientação, levantei-me e dirigi-me para a frente da sala.

Como é normal em qualquer apresentação oral toda a turma se encontra fixada em ti, mas isso nunca me fez desconfortável.Apesar de ser uma pessoas que odeia atenção exagerada das outras pessoas, as apresentações orais da escola foram sempre algo que gostei de fazer porque sentia que os meus colegas não estavam a apreciar a minha beleza, mas sim aquilo que eu estava a dizer-lhes.

Porém, hoje, eu estava desconfortável. Estava desconfortável porque o Ryan parecia ver através de mim, como se soubesse aquilo que eu estava a pensar ou então aquilo que eu iria dizer. Muito mais do que desconfortável era... desconcertante.

- Às vezes pergunto-me como seria viver num mundo onde todos nós fossemos cegos; como seria se um dia acordássemos com a vontade de realmente conhecer alguém.Se em vez de conhecer-mos e reconhecer-mos uma pessoa pela sua imagem, que tirássemos tempo para apreciar a voz de alguém, o toque de alguém.Deste modo não conseguiríamos distinguir raças ou culturas; iriamos se capazes de amar alguém a partir de outros parâmetros que não fossem a beleza.

Parei um pouco para respirar e dar uma vista de olhos nas reações gerais. Todos olhavam para mim atentos. Não me podia esquecer que isto era apenas uma encenação.

- Mas é isto que eu sou: escrava. Tenho donos e porque sou bonita usam-me a seu belo prazer sem que se lembrem que tenho sentimentos e estou exposta aos mesmos direitos que eles. Todos veem e apoiam; eu sou diferente. Outros fingem não ver, só porque estou condenada a um tom de pele que não escolhi e que faz de mim um ser desprezível.

Talvez se eles não me conseguissem ver eu pudesse ser feliz, ter uma família, amar alguém; mas estou presa e sem que tenha feito algo que me possa alguma vez incriminada, sou olhada de lado e desprezada.Talvez se fosse branca, eu pudesse viver com tudo o que a minha dona tem: a família, o amor, a oportunidade de ter um futuro. Eu não tenho essas oportunidades.

A minha felicidade, ou falta dela, depende de outras pessoas e apesar de que eu tenha nascido nesta casa não sou digna de partilhar nem um pouco da qualidade.Se um dia quiser engravidar, poderei fazê-lo (até me incentivam quanto a isso),mas nunca desejaria o mal a um filho meu. Nunca lhe daria um futuro condenado, pelo menos se fosse eu a escolher, e a verdade é que se tivesse um filho ele seria um escravo. Uma pessoa sem valor qu nascera predestinado.

Ser um escravo nestes tempos não é fácil e para muitos a minha língua não é compreendida, mas sei que um dia as coisas vão mudar e que a humanidade das pessoas vai ser mais forte do que qualquer tipo de cor impregnada na pele.

E aí tudo vai mudar. Eu vou mudar; vou gritar.E milhares de vozes gritarão comigo o chamamento da liberdade que nos fora retirado. A América será livre, os escravos serão livres e o mundo vai libertar-se.E se fechássemos os olhos e aprendêssemos a ver com o coração?

Proclamo lentamente, apercebendo-me agora que passara este tempo todo com o olhar no do Ryan.Desvio o olhar e imediatamente, apanho o da Mrs. Morgan a olhar para mim satisfeita. Sorrio.