POV: Petruchio
Catarina encerrou o beijo quando ficamos com falta de ar, seu rosto estava corado, seu peito subia e descia descompensado, seus olhos brilhavam, seu cabelo estava bagunçado e ela nunca esteve tão linda.
Um sorrio não tão inocente me curvou os lábios e tudo o que eu mais queria era recomeçar a beijá-la até não exitir mais ar para respirar.- Você acha que vai me comprar com seus beijos, Julião Petruchio? - perguntou com os dentes cerrados - Eu continuo muito brava com você.
- Está braba atoa, porque é só em ocê que eu consigo pensar.
- Já disse isso para a sua amiga, a que fazia tanta questão de se insinuar para você? - perguntou.
- Não, não disse, mas estou dizendo pro'cê, Catarina.
Suspirei cansado quando ela manteve uma distância até que grande entre nossos corpos, sem me dar chance para me aproximar e me desculpar.
Sim, eu esperava que ela me desculpasse com os beijos que eu estava idealizando lhe dar.- Está tarde, preciso ir para casa.
- Está fugindo, Catarina?
- Fugindo de você? - riu, mas não havia humor em sua risada - Era só o que faltava - revirou os olhos irritada - Está se dando muita importância, Grosseirão.
Foi quando ela me deu as costas, fazendo com que todo meu corpo se frustrasse, eu não esperava brigar quando finalmente a tinha inteiramente só para mim.- Catarina - a chamei antes que se afastasse e fosse tarde demais para que eu pudesse me desculpar.
Se era isso o que ela queria, sim, eu pediria desculpas, pediria desculpas pelo encontro mau calculado, pelas marcas de batom que não evitei, pelo cheiro de perfume barato impregnado em mim.- O que foi? - se virou ainda com os olhos irritados.
- Eu senti sua falta - suspirei voltando a me aproximar, estendi gentilmente as mãos para que as dela me tocassem.
Seus olhos encaravam as linhas das minhas mãos e acredito que pensava se era uma boa ideia se deixar levar.
Minha coragem já vacilava quando senti suas mãos delicadas tocarem as minhas.- Posso te acompanhar até em casa?
- Pode - disse por fim, tirando suas mãos das minhas.
Corri até Duque e a carroça, o desprendi do poste e fui puxando suas redéas pela rua, sentia os olhos de Catarina me acompanhando e assim começamos a andar.- Pensei que preferisse ir de carro.
- É, com certeza seria muito mais confortável - respondeu sem vontade - Se quiser posso pegar um e te poupar do trabalho.
Mas arri égua, será que ela não entendia que tudo o que eu queria era estar ao lado dela?- Por que é tão difícil fazer ocê entender que eu gosto d'cê? - questionei baixo.
- Talvez porque você ainda esteja sujo de um batom que não saiu da minha boca - respondeu - E cheirando um perfume que eu nunca usaria - concluiu com a boca franzida.
- Arri égua, mas eu já limpei as manchas de batom.- Sim, limpou, mas não as evitou - disse e pela primeira vez reconheci o sentimento em sua voz.
Não era apenas ciúmes, afinal.
Catarina havia mesmo ficado chateada.
Isso me deixou péssimo.Suspirei novamente sem saber sobre o que falar, como me desculpar e fazer essa situação se encerrar.
- Pois se ocê quiser nunca mais que eu me aproximo dela.
- Você não entende, não é? - perguntou se virando para mim - Eu não sou como ela e nem como nenhuma das outras mulheres com que você já ficou. Não sou fácil de lidar e não sei se estou pronta para quando você se enjoar dos beijos que trocamos e resolver me deixar, porque uma hora você vai querer alguma coisa que eu não vou conseguir te dar, Petruchio.
- Por que que ocê tá falando isso? - perguntei - É claro que ocê não é como ela e é por isso que é tão burra, tão burra que não percebe o quanto que eu tô - suspirei sem achar a palavra certa para me expressar.
Apaixonado? Encantado?
- Olha como fala comigo - empinou o queixo, me encarando de baixo - Não percebo o quanto você está o quê, Julião Petruchio?
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Entre o Amor e a Desilusão
FanfictionSão Paulo, anos 20. Catarina Batista é filha do banqueiro mais bem sucedido de toda a cidade, dona de uma beleza extraordinária, mas tanto quanto bonita, é teimosa e geniosa. Tem ideias modernistas e luta por elas da maneira como pode. Defende o...