Capítulo 3

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POV: Petruchio

Acordei suado e mais cansado do que quando me deitei, passei a noite praticamente em claro tentando afastar os pensamentos e as lembranças que envolviam aquela mulher.

Meus sonhos se voltaram todos para ela, mas que coisa.

Eu ao menos sabia o seu nome, por que me atormentava tanto?

Acordei frustrado e irritado com o canto do galo, pois ele era o único ali animado para cantar.

Me levantei e separei a roupa que usei ontem para vesti-la novamente. Passei no banheiro, onde lavei o rosto e fiz minhas necessidades.

Segui para a cozinha, a mesa já estava farta e o cheiro de café era inconfundível, me sentei na cadeira de costume, sendo bem recebido por Neca que não perdia tempo e já me servia.

- Bom dia, Seu Petruchio.

- Bom dia, Neca - respondi.

Assim que deixou a xícara em minha frente, à peguei e tomei um gole, estava divino, como sempre.

Cortei um pedaço do bolo de fubá que estava ali e o saboreei com o café ainda quente.

Calixto logo chegou e se sentou para comer também, não trocamos nenhuma palavra além de um "bom dia".

Acredito que o mau humor esteja estampado em minha cara, tanto que nem brincadeira ele puxou.

Logo me levantei, arrumei meu chapéu e segui para o galpão, dei mais uma olhada nos queijos e constatei que todos já trabalhavam, segui então para a carroça e comecei a carregá-la.

Esperei que Calixto terminasse de comer para me acompanhar, então subimos na carroça e partimos.

O caminho até a cidade foi sacolejante como todas as outras vezes, Calixto tentava puxar assunto, mas com o treino de ontem, eu já não o ouvia.

- Arri, Seu Petruchio, estou falando com o senhor.

- Não me aborrece, não, ôh Calixto que hoje eu num tô bom.

- Arri, dormiu com o traseiro descoberto, foi? - resmungou.

Chegamos à feira e paramos no lugar de sempre, o dia ainda estava no início e era mínimo o movimento naquele horário.

Decidi caminhar pela cidade enquanto ele tomava conta das nossas vendas.

Passei enfrente ao banco do banqueiro mais rico da cidade e até pensei em entrar e tentar um empréstimo, mas ainda estava fechado.

Perdi o tempo de quanto andei, parei novamente enfrente aquele portão e novamente me perguntei o que fazia ali.

Um homem bem vestido saia apressado carregando uma maleta enquanto falava com outro homem, possivelmente seu empregado.

Os dois entraram num carro de cor azul escuro, ao ser ligado, o carro fez um barulho alto, um menino correu para abrir o portão e com isso eu me afastei, assistia de longe enquanto o carro passava por mim.

O portão foi fechado com um baque praticamente surdo, o menino correu de volta para a casa e eu não vi mais nada.

O carro seguiu pela rua em direção ao centro, quem quer que fosse o dono desta casa, era muito, muito importante.

Balancei a cabeça negativamente antes de voltar para o meu lugar. A volta para a feira foi muito mais longa, talvez porque meus pés tinham tomado vida e agora meu corpo inteiro parecia arriado.

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