Capítulo 11

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POV: Petruchio

  A semana passou sem grandes acontecimentos, consegui fazer boas vendas de queijo, mas ainda precisava de muito para liquidar todas as dívidas que comprometem o meu crescimento.

  No final da semana já havia decidido se iria ao jantar na casa de meu tio ou não. No fim, a culpa e a curiosidade acabaram falando mais alto.

  Havia acabado de tomar banho e já estava me arrumando quando Calixto bateu na porta me perguntando se poderia entrar.

  - Que que é que houve, Calixto?

  - Nada não, seu Petruchio, só estava aqui pensando se o senhor tem mesmo certeza de que ir nesse jantar é uma boa ideia.

  - Uma boa ideia num é, mas eu vou em consideração ao meu tio, ele me chamou com tanta consideração, não posso me desfazer dele.

  - E se a mulher dele tiver outros planos? E se o senhor passar vergonha lá na casa deles?

  - Arri, Calixto, ocê não me desanima, não.

  A minha vontade já era mínima, ele falando desse jeito só me deixava com ainda mais vontade de ficar em casa, mas eu não havia tomado banho atoa.

  Terminei de me vestir e passei um dos perfumes que comprei uns tempos atrás na cidade, confesso que preferia mil vezes o meu cheiro natural, mas o pessoal da cidade é tudo cheio de não me toques.

  - O senhor não exagerou no perfume, não? - perguntou com o nariz franzido - Perfume é coisa de mulher, seu Petruchio.

  - Não me irrita, ôh Calixto - pedi antes de lhe dar as costas.

  Terminei de ajeitar o meu paletó de domingo e penteei meus cabelos cumpridos para trás e minha roupa havia acabado de ser passada.

  - Já vou indo, não espere por mim que pode ser que eu dê uma prolongada.

  - Claro - riu e caminhamos para fora do quarto, ele me acompanhou até a porta e me desejou boa sorte, não que eu precisasse, claro.

  Subi no cavalo que um de meus empregados já havia selado e parti.

  O caminho à cavalo é feito muito mais depressa do que com a carroça, com isso, cheguei cedo à casa do meu tio.

  Desci e prendi o cavalo em um dos postes de iluminação pública próximo à casa, dei mais uma ajustada na minha roupa e ajeitei o chapéu. Dei alguns passos decisivos até a porta e bati.

  Aguardei alguns segundos antes da porta ser aberta e meus olhos se encontrarem com os de Dinorá, mulher de meu tio Cornélio.

  - Petruchio, o que faz aqui? - perguntou com sua natural cortesia.

  - Meu tio está?

  - Sim, mas você não deveria estar aqui - afirmou e deslizou os olhos por meu corpo - Pelo menos está bem arrumado - comentou.

  - Arri, não vai me deixar entrar? - perguntei.

  - Claro - respondeu de má vontade.

  - Petruchio - disse meu tio ao me ver passando pela porta - Que bom que veio.

  Como sempre, estava muito bem arrumado, seu terno preto bem portado em conjunto com o vestido bem costurado de sua esposa, sem contar na casa bem decorada e iluminada.

  - Meu Tio - sorri me apressando para abraçá-lo.

  - Fico feliz por ter aceitado meu convite.

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