Capítulo 43

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POV: Catarina

  - Por favor - pedi baixo - Me deixa te ajudar!

  O conhecendo como o conheço, sei muito bem o conflito que está passando por sua cabeça nesse exato momento, é quase visível aos meus olhos o quanto ele deve estar pensando, considerando.

  Por que sempre tão cabeça-dura, Petruchio?

  - Catarina, eu...

  - Tudo bem, vem tomar café comigo, conversamos sobre isso depois! - pego sua mão e o vou puxando, paramos apenas para que ele amarre Duque num dos postes de iluminação pública, do outro lado da rua.

  Seguimos juntos até o portão de minha casa, já estávamos do lado de dentro quando ele se virou e me perguntou:

  - Teve pesadelo?

  - Na verdade, não - sorri, meu sono tinha sido muito tranquilo - Por quê?

  - Nada, só fiquei me perguntando o porquê d'ôce ter levantado tão cedo.

  - Não comi nada ontem antes de dormir - respondi já prevendo a bronca que levaria, minha voz tinha até mesmo um tom envergonhado, baixo.

  Não estava de toda errada, o olhar que Petruchio me dirigiu foi tão recriminador quanto qualquer uma das palavras que usaria para me dizer o quanto desaprovava essa ideia, talvez quase tanto quanto a oferta do meu dinheiro em seu bolso.

  - Não gosto que fique sem comer. Eu me preocupo com ocê.

  - Eu sei, grosseirão, eu sei - sorri segurando um pouco mais forte a sua mão.

  É por isso que gosto tanto de você!

...

POV: Petruchio

  Eu acho que nunca estive tão nervoso, como vou lhe dizer que não posso aceitar o seu dinheiro?

  E como fazê-la entender que precisa se alimentar bem?

  Suspirei me sentindo cansado, não apenas por ter acordado tão cedo, mas por todas as respostas que parecem surgir, se antecipando à conversa que ainda não tive, mas que não vou poder evitar ter.

  - Está bravo por que eu não comi ou por que está pensando em como vai me dizer não? - perguntou baixo, chamando minha atenção.

  Não havia notado o quanto havia lhe transpassado, o quanto nos conhecemos sem nem precisarmos de uma expressão.

  - Num estou bravo - resmunguei baixo.

  - Está com fome, então? - sorriu e notei o esforço que fazia para me tirar a razão.

  Ela não precisava de muito esforço, na verdade, basta que continue me ouvindo e me chamando de grosseirão.

  - Acho que sim - lhe sorri.

  É impossível esconder ou tentar evitar um sorriso que tenha ela como principal objetivo.

  Caminhamos até a cozinha, a mesa já estava posta. Mimosa sorriu animada ao me ver entrar.

  - Petruchio, bom dia!

  - Bom dia, dona Mimosa, como está?

  - Muito bem, obrigada. Que bom que veio, sente-se, sente-se, preparei um café maravilhoso.

  - Dr. Batista não vai brigar? - perguntei ao não vê-lo em nenhum lugar.

  - Não, mas em todo caso, eu grito mais alto que ele, não precisa se preocupar.

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