POV: Catarina
- Por favor - pedi baixo - Me deixa te ajudar!
O conhecendo como o conheço, sei muito bem o conflito que está passando por sua cabeça nesse exato momento, é quase visível aos meus olhos o quanto ele deve estar pensando, considerando.
Por que sempre tão cabeça-dura, Petruchio?
- Catarina, eu...
- Tudo bem, vem tomar café comigo, conversamos sobre isso depois! - pego sua mão e o vou puxando, paramos apenas para que ele amarre Duque num dos postes de iluminação pública, do outro lado da rua.
Seguimos juntos até o portão de minha casa, já estávamos do lado de dentro quando ele se virou e me perguntou:
- Teve pesadelo?
- Na verdade, não - sorri, meu sono tinha sido muito tranquilo - Por quê?
- Nada, só fiquei me perguntando o porquê d'ôce ter levantado tão cedo.
- Não comi nada ontem antes de dormir - respondi já prevendo a bronca que levaria, minha voz tinha até mesmo um tom envergonhado, baixo.
Não estava de toda errada, o olhar que Petruchio me dirigiu foi tão recriminador quanto qualquer uma das palavras que usaria para me dizer o quanto desaprovava essa ideia, talvez quase tanto quanto a oferta do meu dinheiro em seu bolso.
- Não gosto que fique sem comer. Eu me preocupo com ocê.
- Eu sei, grosseirão, eu sei - sorri segurando um pouco mais forte a sua mão.
É por isso que gosto tanto de você!
...
POV: Petruchio
Eu acho que nunca estive tão nervoso, como vou lhe dizer que não posso aceitar o seu dinheiro?
E como fazê-la entender que precisa se alimentar bem?
Suspirei me sentindo cansado, não apenas por ter acordado tão cedo, mas por todas as respostas que parecem surgir, se antecipando à conversa que ainda não tive, mas que não vou poder evitar ter.
- Está bravo por que eu não comi ou por que está pensando em como vai me dizer não? - perguntou baixo, chamando minha atenção.
Não havia notado o quanto havia lhe transpassado, o quanto nos conhecemos sem nem precisarmos de uma expressão.
- Num estou bravo - resmunguei baixo.
- Está com fome, então? - sorriu e notei o esforço que fazia para me tirar a razão.
Ela não precisava de muito esforço, na verdade, basta que continue me ouvindo e me chamando de grosseirão.
- Acho que sim - lhe sorri.
É impossível esconder ou tentar evitar um sorriso que tenha ela como principal objetivo.
Caminhamos até a cozinha, a mesa já estava posta. Mimosa sorriu animada ao me ver entrar.
- Petruchio, bom dia!
- Bom dia, dona Mimosa, como está?
- Muito bem, obrigada. Que bom que veio, sente-se, sente-se, preparei um café maravilhoso.
- Dr. Batista não vai brigar? - perguntei ao não vê-lo em nenhum lugar.
- Não, mas em todo caso, eu grito mais alto que ele, não precisa se preocupar.
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Entre o Amor e a Desilusão
FanficSão Paulo, anos 20. Catarina Batista é filha do banqueiro mais bem sucedido de toda a cidade, dona de uma beleza extraordinária, mas tanto quanto bonita, é teimosa e geniosa. Tem ideias modernistas e luta por elas da maneira como pode. Defende o...