Capítulo 54

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  POV: Petruchio

  - Favinho, o seu pai foi me procurar - suspirei, mas optei por falar, deixar que as palavras pudessem finalmente me expressar.

  - Como assim o papai foi te procurar, ele não foi viajar? - parecia não acreditar.

  - Eu queria não ter que te contar - suspirei novamente, admito que me sinto sem coragem, sem ter por onde começar, mas já que comecei, acho melhor terminar - Quando vi o carro azul lá parado, cheguei até a pensar que fosse ocê indo me visitar - tentei brincar.

  - O que ele foi fazer lá? Ele não me disse nada - me olhou muito interessada, talvez até um pouco assustada.

  - Ele disse que tinha uma proposta para me fazer.

  - Petruchio, diga de uma vez, já estou ficando irritada com toda essa enrolação - suspirou e posso até mesmo imaginar a fumaça do incêndio vindo em minha direção caso eu enrole e não diga tudo, para que assim tome sua decisão, forme sua própria opinião.

  Sei que não devo esconder o que aconteceu esta manhã, mas realmente não gostaria de lhe contar, vai saber o que ela vai imaginar, não sei se minhas palavras serão dignas para fazê-la acreditar ou se é algo que ela possa suportar.

  - Ele disse que paga as dívidas da minha fazenda.

  - Se? - perguntou.

  - Se eu me afastar d'ocê.

...

POV: Catarina

  Papai só pode ter perdido o pouco que lhe restou de juízo, eu simplesmente não acredito, não posso acreditar que se sujeitou a um papel tão baixo.

  Procurar Petruchio para que ele se afaste de mim em troca de livrar a fazenda do leilão foi a coisa mais absurda que eu já ouvi, a pior coisa que ele poderia sugerir. 

  Entendo perfeitamente que meu noivado com Petruchio não esteja em seus planos, também não estava nos meus... mas seria muito mais digno ele brigar comigo, gritar, proibir qualquer coisa, fazer tudo, tudo, menos isso. 

  - Favinho, ocê tá me ouvindo? - passou uma das mãos em frente ao meu rosto, trazendo consigo um ventinho.

  - Desculpe - pisquei um pouco atônita - A última parte eu acho que perdi - tentei sorrir, mas a vontade que eu sentia era de sumir. 

  - Não queria ter que te contar isso, ainda mais aqui.

  - Não queria que tivesse passado por isso, Petruchio, papai não pensa nas coisas que diz, não é possível que esteja realmente disposto a me ver tão infeliz - é como se o ar deixasse de existir.

  - Não fique braba com ele, em algumas partes eu até concordo, acho que ele tenha razão.

  - Quais as partes que você concorda? - questionei me colocando de pé, encarando o seu rosto, agora completamente furiosa.

  Era só o que me faltava, ele concordar com toda essa palhaçada. 

  - Concordo que ocê merece mais do que eu posso dar. Como vai ser se viermos a nos casar, ocê vai morar na fazenda comigo? Me ajudar a vender queijos e... - o interrompi.

  - Se viermos a nos casar, eu tenho certeza que serei feliz.

  - Catarina, não vivemos num conto de fadas. A minha fazenda vai ser leiloada e mesmo que ocê consiga salvá-la, ela ainda está longe de ser uma casa encantada.

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