Capítulo 47

284 16 106
                                    

POV: Petruchio


  - Aniversário? - perguntei, mas como não obtive resposta, me virei para Catarina e pela forma que ela me olhava de volta, soube que era completamente culpada.

  - Você não contou para ele? - interveio Mimosa, o seu tom de voz era chocado, curioso e até mesmo acusatório - Como não contou para ele? - perguntou mais alto.

  - Como não contou para mim? - não sei, não consegui, não sei se ao certo entendi o que aconteceu aqui.

  - Não sei - deu de ombros, mas sem olhar diretamente para mim - Não costuma ser um dia muito bom, então achei que não fosse necessário contar ou comemorar - terminou num tom de voz muito mais baixo. O mesmo tom de voz solitário que me faz pensar tudo ao contrário.

  Estendi a mão e toquei a sua, logo a segurando e a abrigando entre as minhas. Por incrível que pareça, apesar do calor que fazia, sua mão estava fria.

  Nossos olhares se cruzaram e eu vi tudo o que tenho causado, o que meu coração tem provocado e aceitado.

  O revirar de olhos veio com um brilho incalculado, inesperado, totalmente apropriado e meu.

  O canto de seus lábios tremularam e então o meu sorriso preferido apareceu, fazendo espelho ao meu.

  Notando que sobrava, e que naquele momento não era completamente desejada, Mimosa entendeu a deixa e saiu sem precisar ser enxotada.

  Sei que aquele não era o momento apropriado, mas qual outro seria? Seu pai poderia muito bem aparecer como naquele outro dia em que estávamos na cozinha...

  - Acho que não te dei um beijo de aniversário!

  - Acho que esse erro pode muito bem ser reparado - respondeu baixo.

POV: Catarina
 

  A proximidade do seu corpo é o suficiente para me deixar ansiosa e ofegante, mas não em comparação à aproximação da sua boca - pois quando isso acontece, é como se eu fosse estranhamente, outra pessoa.
 
  Petruchio trouxe minha mão ainda aninhada entre as suas e a depositou sobre o seu peito, exatamente acima do seu coração que tão acelerado batia.

  Meus olhos se fecharam, como se apreciasse aquela mais bela sinfonia. O fluxo de sangue se intensificou nas minhas veias sanguíneas.
 
  Acredito que se eu me visse agora, até eu mesma me estranharia. É bem vindo o calor que me invadia.

  Não me assustei quando sua mão livre - aquela que não segurava mais a minha - alcançou e acariciou meu rosto, me fazendo voltar a abrir os olhos, encarando os seus ainda mais escuros e pretensiosos, cheios de vida e até mesmo ironia.

 Não sou capaz de descrever o que passou por mim em não contar o motivo da minha visita, a verdade não dita e agora, explícita, nítida.

 Eu queria sim comemorar o meu aniversário, mas em sua única e exclusiva companhia.

 Eu sei que ele sabe disso, por isso o sorriso convencido nos lábios agora tão próximos dos meus.

  Fecho os olhos ao sentir seu nariz tocando o meu, prendo a respiração ansiando, esperando por esse beijo como se nunca antes tivesse beijado. 

 Sinto o calor de sua respiração conforme seu nariz segue tocando meu rosto, seus lábios finalmente me tocam e suspiro com tão pouco. O beijo deixado no canto direito da minha boca faz ferver o meu corpo, ansiar o retorno.

Entre o Amor e a Desilusão Onde histórias criam vida. Descubra agora