POV: Petruchio
Catarina tem razão.
Bom, ela tem razão sobre muitas coisas - e claro, ela não precisa saber que eu penso assim - mas uma em específico me chamou bastante atenção, ela gosta de mim.
Ela realmente consegue sorrir quando está próxima de mim. Toda aquela raiva que ela parecia sentir quando a conheci, parece não existir.
Eu sei, eu posso sentir.
Tudo o que eu faço é para fazê-la feliz, nem que seja por poucos segundos, a sua risada é o que me mantém aqui.
Sem ela eu não seria nem mesmo capaz de existir. E esse não é um destino do qual eu possa fugir.
- Mas ocê é uma fada? - perguntei enquanto segurava a risada. A sua presença me inspirava, por mais bobas que sejam as minhas piadas.
- Fada? - se virou, me encarando com olhos confusos, suas sobrancelhas estavam unidas, uma feição clara de quem pensava e não entendia nada - Sobre o que exatamente está falando, Petruchio?
- Arri, não são as fadas que concedem desejos a meros mortais pobres como eu?
- Bruxas também concedem desejos, mas não comemore, isso só acontece as vezes - sorriu travessa - E não te concedi nada ainda.
- Ah - suspirei me abaixando e sentindo o cheiro do seu cabelo - Ocê num é bruxa, não! É fada - beijei o topo de sua cabeça - Com certeza uma fada!
Seus olhos brilhavam quando voltou a me encarar, o calor invadiu meu peito e juro que se não fosse pelo motorista de seu pai sentado no banco à nossa frente, eu a teria beijado até não conseguir mais respirar.
Acredito que ela viu o desejo estampado no meu desespero. Sua mão segurou a minha, deixando um aperto reconfortante enquanto sua cabeça alcançava e se apoiava em meu ombro.
Suspirei satisfeito, afinal, é muito mais do que eu mereço.
O restante do caminho até a cidade foi tranquilo, Cosme nos avisou assim que chegamos em nosso destino.
- Chegamos, dona Catarina, onde devo deixá-los? - perguntou num tom de voz baixo.
- No centro, por favor! Ou melhor, onde for mais perto para que você volte para casa, não quero que papai brigue com você por minha causa.
- Não se preocupe com isso, acredito que ele ainda esteja dormindo a essa hora.
- Bom, eu espero que sim, caso contrário, nós dois iremos ouvi-lo - brincou - Com certeza ficará muito bravo.
O carro percorreu mais alguns quilômetros antes de Cosme estacioná-lo.
Desci primeiro para ajudar Catarina que antes de sair completamente, agradeceu a ajuda do motorista.
- Só uma coisa, dona Catarina - a chamou antes de dar uma nova partida - Caso seu pai esteja acordado e me pergunte onde estive, sobre o que fiz, tem alguma desculpa que eu possa usar que não entregue sua visita?
- Na verdade, eu não me importo que diga a verdade, Cosme. Não precisa mentir por minha causa, já fez muito por mim acordando tão cedo e me levando até a fazenda de Petruchio. Obrigada!
Fechei a porta e a acompanhei até a calçada.
- Desde quando ocê é tão educada?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Entre o Amor e a Desilusão
Hayran KurguSão Paulo, anos 20. Catarina Batista é filha do banqueiro mais bem sucedido de toda a cidade, dona de uma beleza extraordinária, mas tanto quanto bonita, é teimosa e geniosa. Tem ideias modernistas e luta por elas da maneira como pode. Defende o...