ETHAN STONE
-Pensei que ela estivesse de folga.
Drew abocanha um pedaço de pizza enquanto simplesmente dou de ombros, seus cabelos curtos refletindo o brilho das luzes. Não me arrependo de ter pago para ele raspar a cabeça, sua cabeleira cor de fogo sempre chamou muita atenção e por incrível que pareça Andrew careca deixou as fãs enlouquecidas.
De qualquer forma seu cabelo está crescendo novamente e dado o resultado fracassado de meu experimento não o desafiarei a cortar mais... Por enquanto.
-Estava. - Bebo um pouco do meu refrigerante - Até eu buscá-la essa manhã para vermos alguns apartamentos e Maggie contar que negociou com o padrasto. Ela trabalha hoje e ganha folga quando a mãe e Rob voltarem de viagem.
-O que aconteceu, Eth? - Jake solta a pergunta no ar e interrompo o trajeto de meio caminho da pizza a minha boca. O belo vocalista está sentado no chão como Drew e eu, seu diferencial é que sua garota está entre suas pernas, com a cabeça apoiada em seu peito. O clima de romance que os envolve me causa náuseas.
-A mãe e o padrasto de Maggie vão viajar. - Repito.
-Não é isso. Você está estranho.
-Pensei que eu tivesse sido a única com essa impressão. - Lexy diz e pega mais um pedaço de pizza das caixas abertas na mesa de centro - Você está mais calado, Eth.
-Por que não estou enchendo o saco de ninguém, estou estranho? - Solto uma risada forçada e sem humor - Estou bem, só muitas coisas na cabeça.
-Maggie é um dos problemas dele. - Drew responde e quero perfurá-lo com lazer.
-Quando você ficou tão fofoqueiro?
-Todo mundo sabe que isso aconteceria em algum momento, era mais que óbvio. Eles só não estão comentando por educação.
-Ele finalmente percebeu que gosta dela? - Jake pergunta e reviro os olhos, nem deveríamos estar conversando sobre isso. É uma questão minha, não uma terapia em grupo.
-Conta à eles. - Drew me cutuca com o cotovelo e vejo o casal diante de mim brilhar de curiosidade e empolgação mal contida.
-Maggie quer ir embora. - Jake se assusta e Lexy murcha em seus braços, ambos parecendo devastados pela informação e eu mal comecei a falar - Sendo preciso, para Londres viver com o pai. É uma oportunidade de abrir o próprio negócio e realizar seu grande sonho. Não acho que ela esteja errada, por mais que o euro, em especial a libra esterlina, custe mais que o dólar.
-A diferença cambial é pequena. - Drew interrompe.
-Bem, sim, mas todos sabemos que os Estados Unidos é um país pensado para o negócio. Pouca burocracia, impostos relativos aos estados... Foda-se. Maggie quer ir e eu não posso impedi-la de realizar seu grande sonho.
-Há outra questão também.
-Drew, cale a boca!
-Se está contando a merda, conte tudo de uma vez!
-Ela também está gostando de um cara. Não disse quem é ou o que faz, mas disse que não deveria estar gostando dele e que ir embora seria uma grande oportunidade para esquecê-lo.
-Resumindo tudo. - Lexy fala ao terminar seu pedaço de pizza e colocar a latinha de refrigerante sobre a mesa - Maggie está apaixonada por você e vai embora com a desculpa de esquecê-lo e abrir seu próprio negócio.
-E você está pirando com a ideia de perder sua amiga, mas não quer se responsabilizar e assumir quaisquer sentimentos que tenha por ela. - Jake completa - Não podemos te dizer o que fazer, Eth. A decisão de deixar o passado para trás tem que partir de você.
-Você fala como se fosse fácil.
-Acho que você precisa dar uma volta e esfriar a cabeça. - Drew fala e concordo com ele, ficando de pé rapidamente.
-Nos vemos depois. - Pego meu casaco e as chaves da moto antes de sair.
Sempre odiei filmes dramáticos, principalmente os que envolvem um casal, as decisões parecem ser idiotas e a resolução dos problemas parece muito simples. É uma porra quando nós estamos na situação dramática. Eu amo a Maggie, mas não sou o cara bom para ela. Não sou o tipo de cara de namora, seria um terrível companheiro e - quem sabe no futuro - um péssimo marido e sinceramente um pai terrível. Não sou o cara com quem se constitui um futuro ou uma família, sou o cara que você procura quando quer se divertir e transar.
Todos no grupo são fodidos, essa é a verdade. Aquela porra de estacionamento de trailers foi a pior época de nossas vidas, o único dos quatro com uma vida relativamente estável é Jake e isso porque seu pai só surtou nos últimos anos de sua vida. Eu não sei como uma mulher deve ser tratada, eu não sei como uma família normal funciona.
Meu parâmetro de afeto foram as noites em que tia A me permitia dormir no seu sofá e comer da sua comida porque minha mãe estava drogada demais em casa para eu ficar por lá, ou violenta demais para eu conseguir entrar em casa sem ser atacado por ela com algum objeto cortante.
Pelo amor de Deus, meus momentos mais tranquilos foi na garagem da tia A, juntando sucata da rua para montar uma bateria, golpeando os tambores para aliviar a raiva que eu sentia por não ter um minutos de paz. Por chegar em casa e ser recebido por um cara de diferente todo dia e tropeçar em garrafas de bebida no chão, o cheiro das drogas impregnado no ar como se me seguisse. Ainda tinha a porra da escola, as piadinhas e as surras que os caras levavam, eu consegui fugir por um tempo, mas em determinada altura já não era possível e tive que aprender a bater.
Era bater ou parar no hospital por ser considerado o esquisitão por alguns valentões. Eu os irritava? Não. Influenciava em suas vidas? Não. Ao menos falava com eles? Não, mas nossa existência já era motivo o suficiente para recebermos algumas lições. Que lógica de merda.
Eu amo Marjorie Bryer e aqueles olhos coloridos, sua personalidade doce e explosiva ao mesmo tempo, seu sorriso sarcástico e o brilho de divertimento em seus olhos. É por amá-la que não posso ficar com ela, não posso assistir essa pequena flor murchar até morrer porque fui egoísta.
-Caralho. - Acelero a moto.
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O Baterista - A5 livro 2
RomantikEssa história é de minha autoria, ou seja, DIREITOS AUTORAIS. É sempre bom lembrar que plágio é CRIME! Todos gostamos daquele famoso clichê: Amor ou Amizade. Quem sabe agora não teremos finalmente uma passagem por Vegas? Tudo é possível, baby! Maggi...