Capítulo 13

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ETHAN STONE

-Eth! - Ouço a voz de Lexy e antes que eu tenha tempo para raciocinar o que está acontecendo seus braços estão ao meu redor em um abraço apertado. Eu também estou feliz em vê-la, mas meu cérebro precisa de oxigênio e meu sangue precisa circular pelo corpo.

-Pelo amor de Deus, pequena coisa, eu preciso respirar!

-Uma vez você me disse que respirar é para o fracos. - Se afasta me olhando com um brilho de deboche no rosto. Eu criei uma fera e ela se voltou contra mim.

-E para os vivos, anota isso como letras miúdas.

-Idiota. - Revira os olhos com um grande sorriso no rosto, observo a surpresa tomar sua face quando ela finalmente se dá conta de quem está atrás de mim - Oh, pelos deuses. Maggie!

Lexy pula no pescoço de Maggie e mesmo que a garota esteja segurando muitas sacolas - e eu esteja com o dobro, na intenção de ajudá-la - ambas dão pequenos gritinhos, pulam e começam a girar juntas.

-Pensei que levaria mais um bom tempo para te ver! - Jake me dá um abraço camarada e pega algumas das sacolas que estão ameaçando cortar meus dedos pelo peso.

-Tive algumas pendências para resolver. - Dou de ombros e meu amigo me lança um olhar significativo e especulativo. Nada confirmado, claro.

-O que você têm aí? - Drew pergunta aproximando-se de nós.

-Trouxemos comida! - Maggie responde animada após se separar de Lexy, que já a ajudava com as sacolas também.

-O que? - Seus olhos crescem o dobro do tamanho e ganham o brilho próprio de uma criança na manhã de Natal, pronta para abrir os presentes. Que os deuses do rock nos ajudem.

-Esses são especialmente para você. - Maggie retira uma vasilha de dentro das infinitas sacolas e por um segundo estou crente que Drew começará a saltitar como se estivesse vendo um unicórnio.

Red boy agarra a vasilha e abre levemente a tampa para ver o que há dentro, ao invés de fechá-la como qualquer outro ser humano, ele joga a tampa de plástico para o outro lado da sala e levanta um cupcake vermelho - eu não sei o que diabos Maggie põe neles, mas ficam divinos e Drew os ama mais que chocolate. Seu rosto está tão caricato com olhos arregalados e boca aberta enquanto ergue o cupcake como se fosse a maior preciosidade do mundo que me pergunta se ele surtará, desmaiará ou cairá no chão.

Indo contra toda a ordem natural da coisa, red boy soca o bolinho inteiro na boca e suas bochechas inflam com um esquilo. Acho que no filme do Alvin, Drew seria o Theodore.

-Eu te amo Maggie. - Diz com as bochechas congestionadas.

-Eu sabia que gostaria. - Responde com um sorriso contente, seus olhos coloridos brilhando de satisfação.

Gata. Para. Caralho.

-Casa comigo. - Ele diz.

Okay, a cena perdeu todo o brilho e o encanto. Vamos simplesmente matar Drew e jogar seu corpo no Rio Hudson, podemos encontrar outro baixista entre as 7 bilhões de pessoas do planeta. Não deve ser difícil.

-Não!

-Não?

-Não, porra!

Sua expressão se fecha e uma carranca assume, eu não devo estar muito diferente agora. Quero matá-lo, mas me orgulho de ser um homem inteligente e saber que mesmo sendo um cara alto, Drew é um completo gigante e ele tem músculos demais para competir. Em contrapartida eu corro mais rápido, então o plano consiste em bater sua cabeça na parede e correr. Foda-se.

-Então vocês dois... - Lexy reveza seu olhar entre Maggie e eu, sendo educada demais para abordar a questão diretamente ela olha para Jake em busca de ajuda.

-Você tem uma garota? - Jake me pergunta e simplesmente dou de ombros. Drew já desistiu da interação social e está jogado no sofá acabando com os cupcakes.

-Deixe que Maggie responda isso. - Dou-lhe o meu sorriso mais brilhante e todos nós, com exceção do monstro ruivo faminto no sofá, olhamos para ela em busca de respostas - Por que não nos esclarece essa dúvida, querida Maggie?

Eu já se o que ela vai responder, tivemos essa embaraçosa conversa conversa depois de acordamos em sua cama, não é como se eu estivesse saltitando de felicidade com toda essa merda mas preciso confessar que senti um alívio do caralho quando Maggie disse que sua viagem é para reconhecimento, não permanência instantânea. Talvez o mundo não esteja tão perdido quanto eu achei.

Voltando ao foco da questão, Maggie parecia muito nervosa e temerosa que perdêssemos nossa amizade, algo que também não quero. Ao mesmo tempo sei o quanto essa viagem é importante para ela e como ela deseja ter algum contato com o pai, não posso privá-la disso, posso ser um lerdo ocasional, mas não um idiota.

Se for bem sincero comigo mesmo, assumirei que meu coração - órgão o qual eu não sabia que era capaz de doer verdadeiramente, não apenas de maneira figurativa, ao menos até agora - está rachado em ferimentos graves depois de nossa conversa. Maggie quer manter a amizade, visitar seu pai e focar em seu negócio, por mais que me ama ela não está disposta a arriscar tudo e eu mesmo não deixaria que isso acontece.

-Ethan terá uma garota, um dia. Vou para Londres depois de amanhã e nós continuaremos amigos.

Se algum dia eu tive esperanças de entender as mulheres desisti depois de hoje. Maggie possui prioridades próprias em sua vida e estar ainda mais confusa sobre um potencial romance não é algo que ela precisa, ao menos foi a conclusão que chegamos depois de conversar, então ela está indo.

Com a porra do coração sangrando estou deixando essa garota ir, não apenas porque sei que é o certo, mas porquê ela mesma quer isso. Sejamos sinceros, o pai não esteve presente em sua vida porém ela sente sua falta e quer conhecê-lo melhor, a mãe sempre esteve e continuará estando lá por ela. Eu não posso tirar de Maggie a oportunidade de ter uma família feliz por que minha família biológica era fodida. Ela merece ser feliz, é isso que desejo para ela.

Também sei que entrar em estado melancólico e ser o garoto sofredor pelos cantos não a ajudará a concretizar seu sonho por isso faço o que sei fazer de melhor: coloco um brilhante e convencido sorriso no rosto e me preparo para a próxima piada.

-Red boy, não acabe com esses bolinhos. Eu quero um também!

O Baterista - A5 livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora