Capítulo 16

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MAGGIE BRYER

Meus olhos passeiam pelas pessoas ao redor até encontrar uma plaquinha branca com meu nome, o homem que a segura tem um sorriso amistoso e tenso no rosto, seus olhos azuis brilham em reconhecimento quando me veem e não pude deixar de retribuir seu sorriso ao me aproximar.

-Oi, pai.

-Maggie! - Parecendo um tanto desconcertado, meu pai se oferece para levar minha mala e o entrego antes de seguirmos para fora do aeroporto - Como foi a viagem?

-Tranquila, estou um pouco cansada mas vou ficar bem. Como o senhor está?

-Bem, estou feliz que veio. Acho que precisamos de algum tempo juntos.

-Também acho. - Dou-lhe meu melhor sorriso amigável e surpreendo-me ao encontrar um clima ameno, o céu não apresenta o menor sinal de chuva, indo contra o conhecido estereótipo da cidade - Estou ansiosa para visitar os pontos turísticos.

-Tem algum específico para começar?

-A Torre de Londres? Eu gostaria muito de conhecê-la.

-Posso te levar até lá amanhã, acho que seria bom descansar por hoje.

-Está tudo bem mesmo, pai? Eu sei que é uma situação um tanto incomum, mas não quero forçar minha presença aqui. O senhor parece estanho, não sei, assustado ou temeroso. Se está incomodado eu posso ficar em um hotel, não há problema nisso.

-Não! - Ele para ao lado de um carro e abre o porta-malas para guardar minha bagagem antes de virar-se para mim - Estou feliz que esteja aqui e eu realmente quero que fique comigo,  eu só... Não queria te contar assim, até porque não sei como reagiria e não quero que a veja como uma pessoa que está te substituindo em minha vida, mas estou com uma pessoa agora. Uma mulher muito especial.

-Isso é ótimo! O senhor tem todo o direito de seguir com sua vida e estou feliz por você. Não quero que me veja como um obstáculo ou um empecilho para a sua felicidade.

-Não posso negar que isso me deixa mais tranquilo, Maggie. - Recebo um sorriso amigável e um leve aperto no ombro, minha mãe sempre foi tão afetuosa e amante de abraços que sua frieza inglesa me estranha um pouco, por mais que não seja hábitos completamente desconhecidos por mim - Obrigado.

Com mais um sorriso tímido passo por ele e vou na direção da porta do carro, só para perceber pela janela que estou no lado errado. Na Inglaterra o motorista fica à esquerda, começamos bem. Murmurando um pedido de desculpas passo por meu pai e faço meu caminho até o assento correto.

O reencontro é estranho, mas não tão ruim quanto eu esperava e isso é um verdadeiro consolo. Preciso avisar minha mãe que cheguei bem e enviar uma mensagem para Eth, não quero o homem colocando a Interpol atrás de mim. Infelizmente meu antigo chip não funciona aqui e comprar um novo no aeroporto - com todos aqueles preços abusivos - está fora de cogitação. O plano é: chegar a casa do meu pai, conectar o Wifi e usar internet para ganhar tempo até conseguir comprar um chip mais barato amanhã.

-Me fala sobre a sua namorada.

-Noiva.

-Oh! A relação já está bem avançada. - Brinco enquanto observo a paisagem da cidade pela janela - Ela é sua colega de trabalho?

-Não, é instrutora de ioga. Ela é divertida, engraçada, cozinha muito bem e gosta muito de viajar.

-E o senhor viaja com ela? - Pergunto com genuíno interesse.

-Sempre que consigo. Josie me fez perceber que estou envelhecendo e não posso dedicar minha vida inteira ao trabalho, preciso viver também.

-Josie tem filhos?

-Não, não é um desejo dela.

-Ela lida bem com o senhor tenda uma filha?

-Josie não odeia filhos, Maggie. Ela só não quer ter um. Josie sabe que tenho uma filha e está empolgada para conhecê-la.

-Quando esse encontro acontecerá?

-Pensei em convidá-la para jantar conosco hoje, o que acha?

-Me parece uma boa ideia.

-Você gostará dela, Josie é espirituosa, alegre, gosta de contar muitas histórias... Ela é incrível! - Seus olhos brilham de maneira linda ao falar dela e fico curiosa para conhecer Josie o quanto antes.

Mesmo que eu nunca vá assumir isso em voz alta, tudo o que ele descreveu lembra muito a minha própria mãe, a única diferença é que mamãe sempre sonhou em ter um filho - no caso, filha. Às vezes me pergunto se amarmos em demasia uma pessoa e não podermos ficar juntos, haveria chance de encontrar alguém semelhante no futuro? Porém, sendo esse novo amor o certo para nós? Não que eu veja isso acontecendo entre Eth e eu, mas por vezes me pergunto se foi o que aconteceu com meus pais. Eu sei que ambos se amavam e que não eram as pessoas certas um para o outro.

Anos depois minha mãe conheceu Rob e encontrou sua felicidade, agora há o noivado de meu pai e Josie. Talvez eu deva simplesmente parar de justificar os acontecimentos da vida, o que aconteceu entre eles acabou e não haverá volta - eu mesma não torço para que voltem, vejo o quanto Rob faz bem à minha mãe e por mais que não seja presente na vida do meu pai, o brilho em seus olhos responde por si.

Estou aqui para me aproximar dele, não justificar o passado. Não esperava a presença de uma Josie na viagem, mas toda aventura é bem-vinda e estou de fato curiosa para conhecê-la. Estou aqui para me aproximar do meu pai e conhecer o mercado local para a minha loja, preciso me atentar ao foco.

-Pai, se importaria de me ajudar em algumas pesquisas de mercado?

-Não, sobre o que gostaria de saber?

Conto sobre meu sonhe de abrir minha doceria, como trabalhei por anos e economizei cada centavo para realizá-lo e que gostaria de saber qual é o melhor lugar para mim: Inglaterra ou EUA. A quantia que tenho no banco é boa para começar, mas eu gostaria de ter um valor extra em caso de emergência ou despesa inesperada. Quero começar direito e por mais que minha mãe e Eth sempre tenham me incentivado, eu preciso dessa segurança.

Quando chegamos na casa do meu pai e conecto meu celular ao Wifi consegui enviar uma mensagem para a minha mãe avisando que estou bem e quando entrei no chat de Eth, antes mesmo de conseguir escrever alguma coisa, uma mensagem sua chegou e eu não poderia estar mais surpresa.

Minha irmã está em LA

O Baterista - A5 livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora