Capítulo 2

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MAGGIE BRYER

Praguejo quando a sacola escorrega por meus dedos e vai de encontro ao chão. Óbvio Maggie, para onde mais iria? Ao espaço? Gravidade, lembra? Normalmente não sou uma pessoa estressada, na realidade tenho tendências sociáveis apesar da minha timidez. Talvez eu esteja apenas ficando velha e rabugenta.

Ou está sendo a porra do dia mais louco da minha vida e não estou dizendo isso no sentido bom, pessoal!

-Inferno! - Com muita dificuldade me abaixo e coloco a porcaria do pote de sorvete de volta na sacola. Voltando a ficar de pé, respiro fundo antes de continuar meu percurso pelas escadas do prédio.

Seria maravilhoso ter grana para pagar o aluguel de um prédio com elevadores, infelizmente sou uma pessoa falida que não teve chances de ir para a faculdade porque sou falida desde que me lembro. Felizmente minha mãe conheceu um cara legal que fez bem à ela; Rob é gentil, carinhoso e atencioso conosco, mesmo que todas aquelas tatuagens e braços de motociclistas aparentem o contrário. Ele também tem uma barriguinha engraçada de cerveja, então não sei se o torna mais ameaçador ou apenas um grande urso fofo potencialmente ameaçador.

É muito legal da parte de Rob me dar um emprego em seu bar. Não fui a garota mais inteligente da escola ao ponto de conseguir uma bolsas de estudo e o tempo que eu poderia investir em cursos preparatórios para qualquer outra coisa era dedicado a trabalhos de meio período para ajudar nas contas da casa. Por mais que sempre tenhamos sido minha mãe, minha avó e eu, quando Rob apareceu tudo ficou mais fácil. Minha avó morreu alguns meses depois e ele nos ajudou quando mais precisávamos.

Ele não é meu pai, mas temos uma relação respeitosa. Eu também gosto de trabalhar com ele, por mais que eu esteja juntando dinheiro para abrir a doceria que sempre sonhei. Sonho um pouco distante? Talvez, mas ainda não pago imposto por sonhar, então eu posso fantasiar um pouquinho.

Com certa dificuldade consigo resgatar a chave no meu bolso traseiro e abrir a maldita porta. Eu não deveria ter comprado tanta comida para afogar as mágoas, mas eu preciso. Chamaremos de mal necessário.

-Finalmente! Estou te esperando há uma eternidade!

A voz de Ethan me faz pular, meu coração quase sai pela boca e considero uma vitória não ter tido um verdadeiro ataque. Invasões esporádicas no meu apartamento acontecem quando se presenteia seu melhor amigo com as chaves dando-lhe livre acesso.

-Por que não me ajuda ao invés de fazer testes cardíacos grátis?

Ethan salta do sofá com impressionante agilidade para um corpo tão grande em um apartamento tão pequeno, toma as milhares de sacolas dos meus braços e as leva para a cozinha como se não pesassem mais que uma grama.

-Está recebendo alguma visita? - Pergunta ao olhar a quantidade de comida dentro das sacolas. Sim, há ingredientes para pratos variados porque estou desesperada, me sinto perdida e preciso não apenas comer mas também cozinhar para conseguir pensar com clareza.

-Não, é para mim.

-Você está comendo isso tudo sozinha?

-Talvez.

-Você não é muito pequena para comer tudo isso aqui?

-Existe alguma lei que me proíba de cometer gula?

-Divina? Com certeza. Em nossa constituição? Não acho que tenha.

-Então estou comendo tudo.

-Certo, Maggie o que há de errado? - Encosta-se no pequeno balcão com os braços cruzados, encarando-me como se tentasse ver minha alma. Idiota.

-O que?

O Baterista - A5 livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora