O dia seguinte amanhecera tão agradável quanto o anterior. Ensolarado mas com uma brisa leve que soprava o cabelo de homens, mulheres e crianças. Às sextas-feiras o povo de Lunari acordava exageradamente animado pois sabiam que seria uma noite de música e alegria. Os aldeões reuniam-se na praça principal para tocarem, dançarem e cantarem, era o modo mais barato para que pudessem se divertir. As mulheres juntavam-se para preparar um grande ensopado com o máximo de legumes e verduras que cada família pudesse ceder, o qual eles comiam depois de festejarem. A vida em Lunari vinha sendo difícil, porém o povo era muito esperançoso e não deixava que a angústia os dominasse. E esse era o intuito das celebrações nas sextas: esquecer por algumas horas que fosse, os problemas que os rodeavam. Era um suspiro de alegria em meio as dificuldades.
A família real não ia muito à esses eventos. Eles saiam pouco do castelo, na verdade. Federico mantinha seus filhos sempre por perto, fazia questão de zelar meticulosamente pela integridade de todos eles. Depois do rompimento com Lughari, quando Desmond jurou vingança, o rei de Lunari ficou receoso sem saber se o, agora, inimigo cumpriria sua promessa, então não deixava seus herdeiros irem muito além dos arredores do castelo. Obviamente os jovens sempre davam um jeito de burlar essa regra sem o conhecimento de seus pais.
A família Tomlinson era composta por cinco filhos: as irmãs do meio, Serena e Elisa de dezoito e dezessete anos eram demasiadamente lindas. Serena tinha enormes olhos azuis – olhos claros eram a marca dos Tomlinson – e cabelos longos e lisos em um tom de loiro queimado. A garota tinha uma personalidade calma e era muito atenciosa com todos a sua volta. Sua maior paixão era a dança. Balé era o alimento de sua alma. Por ser pouco menos de três anos mais nova que William, cresceram juntos e eram muito amigos, ela via o irmão como seu confidente e fiel escudeiro. Já Elisa – ou Lis, como todos a chamavam – era uma princesa de alma alegre e impetuosa, alguns poderiam até dizer que seu comportamento era "demais" para uma pessoa da realeza, mas isso não a incomodava. Lis era feliz à seu próprio modo e sua família a amava assim. Apaixonada por literatura e por botânica, poderia passar horas nos jardins lendo e estudando cada pequena planta, era uma jovem muito inteligente. Com os mesmos olhos de herança, ora azuis e ora verdes, tinha um corpo esguio e cabelos castanhos e finos.
As caçulas Elena e Antonella eram gêmeas e tinham quinze anos. Olhos azuis brilhantes e lábios rosados cheios. Elena era a filha mais próxima do pai. Desde a infância fazia questão de estar sempre perto do rei, o admirava mais do que a qualquer outra pessoa no mundo. Era gentil e muito sagaz também. Amava cavalgar e sair escondida do palácio para passear pelo bosque. Elena tinha um apetite insaciável e acabava sempre sendo flagrada comendo. Antonella era, possivelmente, a pessoa mais quieta naquela família. Ella – como gostava de ser chamada – era alguém difícil de acessar por ser tímida e bastante insegura. Mas quando alguém conseguia se aproximar e conhecê-la, definitivamente se apaixonava. Ela tinha uma personalidade doce e intrigante, via o mundo com um olhar muito particular, além de ser forte e muito inteligente. Amava escrever e tinha muito talento, porém, a única pessoa quem autorizava ler seus contos e poesias era o primogênito. Os dois tinham um lindo relacionamento, Ella era muito mimada pelo irmão.
William di Lucca, o filho mais velho. Definitivamente o orgulho da rainha. Era um rapaz sociável e muito carinhoso. Suas irmãs eram o brilho de seus olhos, protegia todas elas com sua própria vida. Era um irmão presente e muito aconselhador. Federico admirava a força e sabedoria de seu filho, via nele um futuro rei promissor. Ele era uma figura tão importante naquela família quanto o próprio pai. Suas orbes eram azuis escuras – diferente de sua mãe e irmãs, que eram azuis claras – e seus lábios finos atenuavam a delicadeza dos traços de seu nariz e rosto. Uma beleza surreal.
[...]
Perto do meio dia William, Ella e Elena conversavam na biblioteca quando uma das empregadas os interrompe batendo na porta:
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Eclisse | L.S.
FanfictionDesde as mitologias mais antigas, Sol e Lua são retratados juntos, como signos complementares. Na Itália do século XVIII a crença nos deuses Hélios e Selene era muito presente, por essa razão os reinos de Lughari e Lunari eram muito unidos. Dois r...