capítulo vinte.

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Hoje trouxe este capítulo curtinho mas que é muito importante para o início do fim da nossa estória.

Por ser mais curto, postarei um bônus na sequência, acho que irão gostar.

É isso, boa leitura e votem! É hora de começar a pensar e reparar em algumas coisas...

Apenas dois dias haviam se passado. Apenas quarenta e oito horas, mas que pareciam tempo demais para William. O príncipe estava em seu pior estado, definitivamente. Se antes mesmo de tudo acontecer ele já estava angustiado e isolado, agora tudo havia sido multiplicado.

É muito duro assistir e conviver com destroços, principalmente com aqueles que pertencem à uma catástrofe que você mesmo provocou. Nem todos sabem como lidar e, infelizmente, William faz parte dessa estatística.

No dia em que voltou para casa depois de romper com Edward, fora apenas um vaso e o seu coração quebrados, e choro intenso até adormecer. No dia seguinte, as lágrimas ainda corriam violentas mas a garganta não emitia som. Não houve sono, também, e como é sabido, a insônia é a mãe das más ideias. Na medicina antiga muito se usava do álcool como ferramenta anestésica, para que os pacientes embriagados se esquecessem um pouco da própria dor e sofressem menos em operações. Valia a pena tentar, então, certo?

Assim, uma garrafa cheia foi seca durante aquela madrugada, desse modo, alcançando o segundo dia.

Bebida não é remédio, mas foi o suficiente para que os olhos vermelhos e molhados de William se contivessem um pouco, se perdessem na paisagem fora da sua janela e ele se esquecesse dos verdes de Edward o encarando com decepção. No céu as estrelas formando animais e objetos se tornavam a nova devoção do príncipe anestesiado.

A mente alterada criava ilustrações imaginárias e cenários fictícios que o distraiam de suas aflições, até que o efeito alcoólico se esvaísse completamente e seu corpo fosse desligado ainda sentado no chão do quarto em frente às cortinas escancaradas.

Se por um lado alguns sofriam, outros estavam aliviados. A relação entre Edward e William era uma grande ameaça para Titânia. Ela havia despendido muitos anos de sua vida planejando e praticando sua vingança, e faltava muito pouco para que fosse totalmente concluída, ela não permitiria que ninguém interferisse em sua cartada final. Mas o destino agiu sem que ela precisasse usar suas próprias mãos, o que era de fato extasiante. As lamúrias e tristeza de Edward no cômodo ao lado não a afetavam, na verdade, a mulher estava muito melhor humorada, apesar de sua falsidade e cinismo na frente do cacheado.

Agora faltava pouco. Ela apenas precisaria esperar mais cento e quatro dias.

E como não se vive apenas de extremos, havia Edward. Ele era uma mistura de emoções, muito se confundia em seus pensamentos e não haviam conclusões exatas. É comum que falem sobre os estágios do luto: negação, isolamento, raiva, barganha, depressão e a aceitação. Mas, talvez, ele estivesse vivenciando todos ao mesmo tempo ou de maneira cíclica. Houveram momentos nos quais ele chorou desoladamente sentindo-se traído, seguidos por minutos de ódio e ira direcionados ao príncipe, Amélie e suas famílias, então, ele lembrava-se das jovens irmãs de William, sentindo um pouco de calmaria com a recordação de sua tarde juntos. As garotas eram doces, divertidas e inteligentes. Assim como o irmão. E então, vinha uma enxurrada de memórias de ocasiões onde compartilharam tanto Amor através de suas palavras. "Eu amo você, Edward. Nunca duvide, por favor. O amor que sinto por você é a coisa mais real que há em mim. Eu escolho você, sempre escolherei. Você é o único, amore, tenha ciência disso." Ou ações. "[...] colocou o aro no dedo médio de Edward e beijou a mão do anel." Não era possível que tudo tivesse sido fingimento, Edward sentiu tudo aquilo em seu coração, sentiu a honestidade de William e sentiu-se vivo pela primeira vez em quase vinte anos. Ele sentiu-se amado.

Eclisse | L.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora