capítulo dezenove.

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Tornei este capítulo um pouco mais curto, porque não queria torturar muito vocês. A música dele está nas mídias.

Boa leitura e não deixem de votar, é importante!

Às vezes, estamos tão deprimidos e angustiados que se parece material e o incômodo exibe-se de forma alarmada. O poder da psique sobre o nosso campo físico pode exercer quase uma sensação de enfermidade. Quando nosso peito está surrado e nossa garganta seca e quente, quando as pernas não demonstram ânimo em movimentarem-se, o apetite perde-se e a insônia gera duas bolsas escuras e profundas em nossa face. Quando os olhos, que são as janelas da nossa alma, demonstram nossa aflição em forma líquida.

Porém, existe, também, o estado de apatia ou a repressão. Quando os desconfortos são tão constantes que se tornam naturais, até que nos acostumemos com eles, ou então, tentamos fingir que eles não existem. O corpo range e é sujo, a emoção apesar de existente, não tem força de expressão. Os batimentos cardíacos não são notáveis, apenas o estado de vida de sua corpulência comprova o funcionamento do órgão. Você sente-se imóvel, sem força e sem vitalidade.

William e Edward encontravam-se em algum lugar entre estes dois pontos, onde eles se isolavam e carregavam seus pesares em silêncio, mas, inevitavelmente, acabavam por explodir rudemente em algum momento, depois tentando reconstituir o que se espalhou dos fragmentos do estilhaço.

Todos sabemos que o silêncio forçado ora ou outra precisa ser vociferado.

Uma semana havia se passado desde o dia do baile. A única coisa que havia mudado desde então, era a família Cartier-Delyon hospedada em Lunari e William e Edward estarem mais imersos. Imersos em suas angústias e em sua saudade.

Edward engolia seu choro o dia todo, não queria dar a Titânia o sabor de ver o quão abalado ele estava, fisicamente e emocionalmente, se permitindo pôr para fora o que sentia somente quando estava sozinho, o que geralmente ocorria quando ele estava em seu quarto à noite, antes de dormir.

Diferente de William, quem passava o dia longe de todos e não reprimindo nada do que sentia. Ele aparecia para as famílias apenas nos horários das refeições ou quando solicitado – lê-se obrigado – a comparecer em alguma ocasião comum. Boa parte do seu tempo ele dedicava a escrever, sendo essa uma das maneiras de lidar com seus próprios sentimentos. Escrevia cartas e poemas de amor, desculpas, saudade e fuga. Fugir era um pensamento constante para ele.

Eles acreditavam estarem agindo com discrição, mas diferente disso, tudo era notável e extravagante. Um semblante triste e machucado não poderia ser disfarçado para olhos atentos, assim como uma enorme porta de maneira não abafaria soluços e choro constante. Para Titânia isso tinha um efeito satisfatório, já para a rainha, algumas coisas instigadas pelo seu coração vinham afetando a sua 'razão', fazendo com que a cada dia uma parte de suas muralhas ruísse.

Os rapazes sentiam como se já houvessem perdido a batalha, mesmo não admitindo em voz alta. Aquilo o que sentiam poderia não fazer sentido para a maioria, afinal, eles tinham um relacionamento recente e estavam temporariamente afastados, não era grande coisa, certo? Errado. William e Edward são almas que estão juntas há muito, muito tempo. Estão seguindo jornadas paralelas desde vidas passadas e em todas essas vidas eles experimentaram a ruptura em algum momento, como em um ciclo vicioso, e era por isso que a situação os atingia tão profundamente. Era como se todas as cargas de vidas anteriores estivessem sendo somadas à presente, tornando tudo tão maior.

Almas gêmeas e predestinadas depois que se (re)encontram não podem ser separadas, porque se tornam então incompletas e insatisfeitas, como eles estavam agora.

[...]

A família de Amélie ficaria em Lunari até o casamento, faltavam menos de três semanas para o evento, então, não valeria a pena voltarem para a França agora, havendo tantos preparativos a serem feitos. Eles começaram a receber alfaiates e costureiras na semana anterior, uma bagunça de tecidos acontecia no castelo. Toalhas, flores e o cardápios estavam sendo definidos, também, mas isso tudo ainda de maneira sigilosa, pois primeiro haveria de ser feito o anúncio oficial ao povo e em seguida uma festa para celebração, antes do matrimônio, de fato.

Eclisse | L.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora