Eclisse | L.S.

capítulo vinte e um.

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Eram duas em ponto daquela tarde de sexta-feira, todo o povo estava reunido na praça central sob o sol quente, assim como fora solicitado pelo rei e pela rainha horas mais cedo.

Naquela manhã, Lorde Alessandro levou o comunicado real aos aldeões e ali eles estavam, incluindo Edward. O cacheado estava na companhia de Niall, Isabella e Francesco, irmão mais velho da garota. Havia uma multidão ao redor da fonte e enfrente aos comércios, todos ansiosos e curiosos sobre o que aconteceria a seguir. A informação sobre o anúncio misterioso movimentou as pessoas naquele dia.

Vinham sendo tempos transformadores e esperançosos, desde a primeira noite de chuva até a celebração da nova aliança econômica e política sendo feita, no baile semanas atrás.

A chuva era algo complexo. Impressionável e animador, mas que não podia ser controlada por ninguém. Foram dois episódios isolados depois de quase vinte anos, mas então, o que poderia ser feito? Não é possível alcançar o céu ou fazer com que chova magicamente. Porém, a aliança era palpável, estava há passos de ser tocada e conquistada, e isso, com certeza, agitava as pessoas na aldeia e no castelo.

Edward ficou bastante apreensivo sobre comparecer ou não. Ele imaginava qual seria o rumo de tudo aquilo, provavelmente falariam sobre o casamento ou algo pior. Mas ainda assim, havia aquele lado seu que gostaria de pagar para ver, que sentia-se tentado.

O rapaz de olhos verdes estava, aos poucos, tendo dias mais calmos e menos sofridos, de certa forma. Mas o que seriam os seres humanos sem o autoflagelo? Melhores, possivelmente, mas ainda não atingimos este estado de autopreservação, infelizmente.

Titânia estava fora por aquele dia e Edward deixou Tici em casa, a quantidade exagerada de pessoas concentradas poderia ser perigosa para a felina.

O burburinho cessou assim que os portões do castelo foram abertos. Johannah e Federico deram passos à diante e o rei se prostrou na parte mais elevada da pequena ponte para falar.

- Caro povo de Lunari, é com meu peito farto em felicidade, honra e orgulho que me dirijo à vocês hoje. - falou com sua voz mais alta e imponente. - Todos aqui sabem do novo acordo com o reino de Arles que firmamos há pouco. - aplausos, assobios e gritos contentes foram escutados. - Então, hoje gostaria de anunciar o casamento do meu primogênito, William di Lucca, com a princesa Amélie Cartier-Delyon. União que será o símbolo desta nova era e de nossa reconstrução.

A multidão explodiu em entusiasmo, aquilo era boa notícia. Aquelas pobres pessoas viveram duas décadas difíceis, passaram por dificuldades purgatórias e agora viam alguma esperança, finalmente.

Edward se encolheu um pouco. Ele sabia que aquilo aconteceria, mas é claro que o machucava. As palavras "William", "casamento" e "Amélie" o causavam calafrios ao serem mencionadas. Ele sentiu seu peito doer e uma lágrima quente cair de seus olhos, mas tudo piorou quando o príncipe e a princesa saíram de braços dados pelos portões do castelo.

William e Amélie caminhavam lentamente em uma espécie de desfile, seguidos pelas irmãs dele e a família da garota. Todos ovacionavam e abriram alas para eles passarem. Toda a família real distribuía sorrisos e acenos de mão, com exceção do príncipe, quem tinha uma feição triste e uma postura cansada. Seus sorrisos eram murchos e seu braço direito não abandonava a lateral de seu corpo.

- Eu sei que você não está muito feliz por estarmos aqui, mas poderia tentar sorrir mais ou pensarão que serei uma péssima futura esposa. - a princesa disse de modo divertido fazendo William sorrir.

Esta foi a imagem que a mente de Edward capturou.

Seus olhos multiplicaram aquela lágrima solitária a transformando em dezenas. Francesco estava ao seu lado e ouviu quando ele fungou o nariz. O rapaz se apressou em abraçá-lo e esconder seu rosto molhado das pessoas ao redor.