Capítulo 08

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Saio do cômodo desorientada. Não parava de pensar na conversa que tive há pouco com o diretor do CEM, e sobre os altos riscos que correríamos em terras onde éramos indesejados.

"As coisas por lá não são tão fáceis assim. O risco de algo pior acontecer é muito mais alto."

A voz do pastor André ecoava em minha mente.

Era aquilo que eu sempre desejara, certo? Servi-Lo no campo missionário. Ir onde muitos não queriam. Alcançar os inalcançáveis correndo o risco de perder a própria vida.

Acho que dona Flora falava algo comigo, mas inconscientemente ignorei a simpática senhora caminhando rumo ao exterior da edificação. Precisava de ar puro.

Ao colocar o pé do lado de fora, meus olhos procuram um local tranquilo e distante para que eu pudesse ficar e pensar até o horário da primeira aula. O fluxo de pessoas caminhando pelo centro já tinha aumentado. Olho meu relógio de pulso e percebo que ficara cerca de cinquenta minutos na sala do diretor. Mal teria tempo de comer alguma coisa.

Sabendo que não conseguiria prestar atenção nas aulas se estivesse com fome, decido ir até o refeitório. Chegando lá vou direto para a mesa de frutas e suco. Separo uma banana, metade de um mamão com um pouco de aveia por cima, algumas uvas e um suco natura de laranja.

Já ia sentando em uma mesa no fim do refeitório quando escuto uma voz familiar.

— Águi! — Olho para o lado e ao longe vejo Lipe acenando para mim. Ao seu lado estavam Caio, Lara e mais duas pessoas que eu não conhecia. Com um sorriso caminho até eles — Bom dia, pequena.

Reviro os olhos com tal apelido. Não gostava de ser chamada dessa forma e ele sabia disso.

— Bom dia! — Minha saudação mais parecia um resmungo.

— Que bicho te mordeu? — Pergunta com sarcasmo.

— Um bem alto! — Rebato me sentando ao seu lado, fazendo alguns rirem.

— Bom dia, maninha! — Caio me cumprimenta dando um beijo no topo da minha cabeça.

— Bom dia, maninho! — Aperto sua bochecha.

— Achava que você só tinha um irmão, cara. — Comenta o homem moreno ao seu lado.

— Pois achou errado! — Olha para mim — Essa é a minha segunda irmã mais velha, Águi. Maninha, esse é o Luiz, nosso companheiro de quarto.

— Muito prazer... Águi? — Ergue uma sobrancelha.

— Agatha! Águi é apenas o meu apelido. — Dou de ombro descascando minha banana — O prazer é meu, Luiz!

Comemos rapidamente, e em menos de dez minutos já estávamos caminhando para a sala onde ocorreria a primeira aula geral.

Sentindo falta de uma pessoa, aproximo-me de Lara, que conversa com o outro homem que também fui apresentada, um tal de Jorge. Toco em seu braço, e ela vira em minha direção assustada.

— Desculpe, não quis te assustar.

— Tudo bem, Águi! Aconteceu alguma coisa? — Ajeita o cabelo atrás da orelha.

— Você viu a Lídia por aí?

— Para ser sincera não! Acho que ela foi conversar com alguém pouco depois que você saiu.

— Hum! — Seria este alguém a tal Samanta?

— Sabe, pouco depois de você sair do quarto a Samanta passou lá para falar comigo, e avisou à Lídia que o Gabriel, o responsável por liderar o grupo de odontologia aqui no CEM, estava querendo falar com ela.

Unidos Por Um Propósito [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora