Lara e eu caminhávamos de volta para o dormitório. Tínhamos acabado de jantar com os outros no refeitório. O restante do dia passou voando, e a aula dada por Théo no turno da tarde foi super importante e interessante.
Após o episódio do almoço, não vi Lídia ou os irmãos Ferraço em lugar algum. O que me deixou um pouco preocupada.
— Aquele não é o Caio? — Minha colega de quarto aponta para um jardim um pouco escondido.
Forço a visão para tentar reconhecer a figura masculina sentada a alguns metros de nós.
— Acho que sim... — Suspiro — Nos vemos no quarto.
Sem esperar por uma resposta, caminho em direção ao jovem cabisbaixo. Tal ato me fez lembrar dos acampamentos de verão e inverno. Sempre que os irmãos Ferraço brigavam, o mais novo se isolava em um canto afastado de tudo e de todos. Apenas uma pessoa conseguia quebrar a barreira invisível que era erguida por ele.
— Posso me juntar a você? — Pergunto com cautela ao me aproximar.
Surpreso por me ver ali, ele simplesmente dá de ombros e chega um pouco mais para o lado me dando espaço para sentar.
— O dia hoje foi extremamente cansativo, estou exausta! E olha que foi apenas o primeiro. — Tento puxar debilmente uma conversa.
— Águi, não sou mais um menino de dez anos! — Resmunga olhando para o céu, fazendo-me sorrir.
— Pelo menos funcionou. — Ele me encara com incredulidade — Isso é um bom sinal! Acho que ainda tenho jeito com a coisa. — Digo fazendo-o soltar uma leve risada — Viu! Consegui até arrancar uma risada de você!
— Só você mesmo! — Responde voltando seu olhar para o céu.
— Eu sei que está preocupado, maninho! E compreendo sua aflição.
— É bom saber que pelo menos uma pessoa me compreende! — Responde irritado.
— Vocês dois se desentenderam, não foi? — Cruzo as pernas e apoio as mãos no banco me inclinando um pouco para frente.
— Ele é um inconsequente, Águi! — Bufa — Nós já tínhamos conversado sobre isso antes de virmos para cá. Ele disse que não faria nada estúpido novamente!
— Está dizendo que fazer a vontade de Deus é estupidez? — Pergunto com incredulidade, não conseguindo me conter.
— Estou dizendo que outras pessoas poderiam ir no lugar dele! O Missionário Théo também é médico, para que irem vocês três? Sem contar que há outros enfermeiros e técnicos para auxilia-lo.
Respiro fundo antes de começar a falar.
— Caio, me responda uma coisa com sinceridade. — Ele me olha com desconfiança, mas concorda — Por qual motivo você decidiu vir para cá?
Alguns segundos se passam antes de obter minha resposta.
— Estou aqui a serviço do Rei, para cumprir o meu chamado. — Sussurra.
— E se por acaso os papéis se invertessem? O que você faria se alguém estivesse precisando dos seus serviços em um lugar perigoso?
— Eu... — Ele se vira ficando de frente para mim — É claro que eu ajudaria, Águi! Estou aqui para isso!
— Acredito que todos presentes no CEM fariam o mesmo. — Ofereço-lhe um pequeno sorriso — Inclusive o seu irmão.
— Eu só não quero que nada aconteça com ele. — Acaricio sua bochecha.
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Unidos Por Um Propósito [CONCLUÍDO]
Roman d'amourUm dos principais motivo de separação entre casais é a divergência em suas prioridades e objetivos. No entanto, com Agatha e Vicente a história foi um pouco diferente. Ainda que possuíssem sonhos semelhantes, mal tiveram tempo de viver o tal amor, p...