Capítulo 13

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A semana passou voando, e as aulas que começaram tranquilas se tornaram intensas e com muitas atividades. Na quarta-feira precisei me encontrar com a Lara, Samanta, Juliana, Vicente e o Theo na parte da noite após o jantar, para terminarmos um trabalho em grupo.

Poucas foram as vezes que dirigi a palavra ao Vicente, e todas as vezes que ele tentava se aproximar eu me esquivava de alguma maneira.

Na quinta-feira tivemos nosso primeiro culto, e devo confessar que foi incrível adorar ao lado dos meus novos irmãos em Cristo. Caio passou o tempo todo ao meu lado segurando minhas mãos. Fiquei um pouco desconcertada, com receio de causar uma impressão errada para os que não conheciam nossa relação, mas permiti que ele o fizesse, pois também sentia falta de um momento como aquele ao seu lado.

Hoje, sexta-feira, seria o dia em que voltaria para o Rio. Já não aguentava mais vestir aquela mascara de indiferença e falsa alegria. Por dentro eu estava mal, sem ânimo e sem forças para suportar mais um dia tendo que encarar o Vicente.

A aula do turno da manhã tinha acabado há dez minutos, e assim como nos outros dias, fui para o refeitório, preparei meu prato e segui até a mesa mais afastada. Estava sendo um pouco antissocial? Talvez para os que viam a situação de fora, ou melhor, todos. Mas o que as pessoas não sabiam é que eu realmente precisava daquele momento.

Quando estava dando a minha terceira garfada percebo a cadeira da frente se mexer. Levanto o rosto e me deparo com Théo se sentando em seguida.

— Espero não estar incomodando... — Sorri.

Sim, você estava incomodando...

Optei por simplesmente não dizer nada. Dei de ombros e voltei a comer.

— Já está sentindo saudades de casa? — Tenta puxar assunto.

— Mais ou menos. — Volto a comer.

— Pois eu acho que você está sentindo sim, só não quer admitir. — Dá uma garfada em seu prato.

Paro de comer e o encaro com incredulidade. Desde quando dei essa liberdade e ousadia para que ele se metesse em minha vida?

— Perdão, o que disse?

— Isso mesmo que você ouviu. Se não estivesse com saudades por que estaria voltando hoje para o Rio? — Apoia os cotovelos na mesa e me fita com diversão.

— Como sabe disso?

— Tenho os meus meios, senhorita! – Sorri largamente e volta a comer — Pela sua reação acertei. Estou começando a conhece-la melhor.

Eu já estava bastante irritada e sem paciência esta semana, escutar tal baboseira me tirou do sério.

— Você não sabe nada de mim, doutor! — Digo entre dentes.

— Calminha, doutora! — Frisa a última palavra dando um sorriso torto que me fez recuar um pouco — Não precisa ficar na defensiva comigo.

Suspiro e volto a comer.

— Tudo bem, parei! — Ergue as mãos — A verdade é que o pastor André me contou sobre o seu retorno para o Rio.

Assinto com a cabeça, pois isso eu já imaginava.

— E...?

— E ele me pediu para te dar uma carona. — Me engasgo na mesma hora, e começo a tossir chamando a atenção de algumas pessoas.

Théo vem ao meu encontro para me socorrer. Ergo uma das mãos na tentativa de demonstrar que já tinha passado.

— Estou bem! — Asseguro percebendo que ele não tinha recuado.

Unidos Por Um Propósito [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora