— Bom dia! — Cumprimento as duas mulheres presentes na ala hospitalar. Sam e Nádia.
— Bom dia, doutora Agatha! — Nádia responde.
— Por favor, apenas Agatha. Não sou exatamente uma médica aqui. — Analiso seu rosto, menos abatido que ontem — Como você se sente hoje?
— Estou melhor. Acho que consegui descansar pela primeira vez em muito tempo. — Responde com um pequeno sorriso nos lábios.
— Isso é bom! — Também ofereço um sorriso.
— Águi, podemos falar por um instante? — Sam pergunta, já caminhando para o lado de fora.
— Claro! — Olho para Nádia — Volto já! — Acompanho minha amiga. Estando apenas nós duas, peço que ela fale.
— Não conseguiremos fazer exames aqui, mas aparentemente ela está com anemia, devido a gestação.
— É, eu cogitei essa hipótese. Não sabemos a quantidade de sangue que ela perdeu até chegar aqui. — Penso rapidamente — Vamos iniciar com uma mudança alimentar. Ela precisa de ferro, zinco, vitamina B2 e proteína. Poderia providenciar isso enquanto converso com ela?
— Claro! — Dito isso, ela se retira e eu entro na ala novamente.
— Dout... — Olho feio para ela, que sorri antes de continuar — Agatha.
— Bem melhor!
— O meu bebê ainda está aqui, certo? — Toca o ventre e eu assinto.
Aproximo-me ainda mais, pois a conversa será um pouco delicada.
— O que quer saber? — Incentivo.
Nádia pondera por um momento, antes de perguntar por fim.
— Se ele está morto, como sairá daqui? — Sua voz embarga e seus olhos começam a lacrimejar.
Seguro suas mãos com delicadeza.
— Querida, normalmente temos duas opções. Esperamos que ele saia naturalmente, que o seu corpo o coloque para fora. — Ela assente — Ou através de um procedimento cirúrgico, a cesariana. Entretanto, como não estamos em um hospital, onde há todos os recursos necessários para preservar sua saúde, o mais indicado é esperarmos o seu corpo ficar pronto para expeli-lo naturalmente.
— E em quanto tempo isso acontece?
— Bem, o tempo de espera é invariável, mas fique tranquila, pois você ficará sob cuidados, recebendo medicações para a indução do parto. — Tranquilizo-a.
— Você é uma boa médica. — Observa.
— Obrigada! E você é uma boa paciente. — Rimos juntas.
— Por que está aqui e não em um hospital de verdade? Ganharia muito mais. — Questiona.
— Porque estou aqui com o objetivo de ajuda-los, e não tenho pretensão de receber algo em troca. — Faço símbolo de dinheiro com a mão e ela sorri — Mas acima de tudo, estou aqui porque Deus me quer aqui.
— Deus... — Contrai os lábios — Você é cristã, não é?
— Sim, eu sou. — Começo a ser mais cautelosa — Por quê?
— Por nada! É que se você simplesmente mencionasse o nome do seu Deus em meu país, você já seria uma pessoa morta. — Assinto.
— Você é da Líbia mesmo?
— Nasci lá, mas morei por dez anos no Egito. Até que resolvi voltar... E o resto você já sabe. — Dá de ombros e me oferece um sorriso triste — Nunca mais em minha vida quero colocar os pés naquele lugar.
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Unidos Por Um Propósito [CONCLUÍDO]
RomansaUm dos principais motivo de separação entre casais é a divergência em suas prioridades e objetivos. No entanto, com Agatha e Vicente a história foi um pouco diferente. Ainda que possuíssem sonhos semelhantes, mal tiveram tempo de viver o tal amor, p...