Para minha surpresa e espanto, havia pulsação. Pouca, mas havia.
— Ele está vivo! — Exclamo, levantando-me em um rompante.
Olho para as enfermeiras e elas compreendem o que precisa ser feito.
— Precisamos ser rápidos! — Digo.
Aisha corre para dentro do abrigo no momento em que Samanta e Lara se aproximam. Théo e Vicente já estão ao meu lado.
— Isso é um verdadeiro milagre! — O doutor se abaixa e começa a analisar os locais que foram atingidos. Com tecidos limpos em mãos, pressiona um dos buracos que jorra grande quantidade do líquido vermelho.
— Aqui! — A líbia nos entrega os materiais.
— Ele está perdendo muito sangue! — Comento.
Faço um torniquete em sua coxa direita. Do jeito que está, provavelmente precisará amputa-la, mas nada digo, apenas faço meu trabalho em silêncio.
— Nunca me senti tão inútil! — Escuto Vicente resmungar ao meu lado.
— Evite fazer esforços, haverá muito mais trabalho em breve. — Digo, pressionando um tecido limpo direto na ferida — Sam, cuide para que o paciente permaneça estabilizado por favor, talvez ele se mova involuntariamente devido as fortes dores.
— Droga! — Théo murmura balançando a cabeça em negação.
O doutor cuidava das feridas do lado esquerdo, sendo auxiliado por Lara.
— Lara, mantenha a perna esquerda elevada acima do tórax. Provavelmente precisará de mais pano até que o sangue coagule.
— É pra já! — Diz, tomando sua posição aos pés do paciente.
Sabendo disso, Aisha nos entrega mais alguns tecidos.
— Habib, onde fica o hospital ou pronto-socorro mais perto daqui? — Escuto Vicente perguntando ao nosso anfitrião.
— Há poucas quadras.
— Precisamos leva-lo até lá. — Diz, e eu preciso concordar com ele.
— O estado dele é gravíssimo. Está perdendo muito sangue. — Lanço um rápido olhar para os dois antes de retornar ao trabalho.
— Não sabemos como estão os órgãos, ossos... Além das balas alojadas em seu corpo, ele foi movido brutalmente até aqui. — Théo se ergue ainda olhando o corpo no chão — Os riscos são altíssimos e não temos recursos suficientes.
— Vamos! Entrem todos na van, precisamos leva-lo daqui! — Habib ordena.
— Mas ainda estamos no meio de um tiroteio. — O filho da vítima diz em desespero.
Habib se aproxima do jovem e toca o seu ombro.
— Filho, prepare-se para ver que há Deus em Israel! E tenha certeza de uma coisa, Ele não se chama Alá! — Dito isto, se vira para os outros e começa a dar instruções.
Théo, Gabriel e Cardoso erguem, com o máximo de cuidado possível, o corpo da vítima para dentro do veículo. Quando todos já estavam, entre aspas, acomodados, o motorista sai com a van.
Habib é o primeiro a erguer a voz proclamando o salmo 91.
— Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará. Direi do Senhor: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei. — Em poucos segundos todos estávamos recitando — Porque ele te livrará do laço do passarinheiro, e da peste perniciosa. Ele te cobrirá com as suas penas, e debaixo das suas asas te confiarás; a sua verdade será o teu escudo e broquel. Não terás medo do terror de noite nem da seta que voa de dia, nem da peste que anda na escuridão, nem da mortandade que assola ao meio-dia.
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Unidos Por Um Propósito [CONCLUÍDO]
RomanceUm dos principais motivo de separação entre casais é a divergência em suas prioridades e objetivos. No entanto, com Agatha e Vicente a história foi um pouco diferente. Ainda que possuíssem sonhos semelhantes, mal tiveram tempo de viver o tal amor, p...