Wildest Boys

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Eram 2:36 da manhã. Eu sabia o minuto exato porque não parava de conferir o horário no celular. Corpos dançantes, bebidas espalhadas por toda a casa em copos vermelhos e pares de olhos críticos sob minha presença. A única certeza que tinha era de que dali a situação não iria melhorar para mim.

Estava em uma tentativa falha de recuperar ou ao menos disfarçar o pé na bunda que recebi hoje mais cedo. Emma me afirmou com total certeza de que o melhor remédio para aquilo seria eu estar pairando em alguma festa ou que seja. É o preço que recebo de tentar recomeçar do zero em outra cidade, só não contava que o namorado seria do zero também.

Me instalo em um dos cantos da casa evitando que eu chame mais atenção. Fico inquieta por não encontrar Emma, o único rosto familiar por mim ali. Ando á sua procura mas foi sem sucesso. Mais olhos julgadores são lançados para mim. Uma novata, bonita eu diria, e completamente perdida. Vulnerabilidade a mil.

Tento procurar minha única amiga no andar de cima. Atravessei uma escadaria de madeira até me deparar com várias portas. Eu sei que atrás de uma delas, ela estaria enfiada. "Emma, Emma cadê você?". Sem respostas.

Entro em um dos quartos, vazio. Mas pelo menos posso processar tudo com menos barulho. Sento na cama e posso sentir o quanto era confortável. Estava tudo muito escuro, não sabia onde acender as luzes. Em uma cabeça como a minha, meus pensamentos voltaram á hoje de manhã. Noah Patrick conseguiu ser um filho da mãe no meu primeiro dia de mudança. Planejávamos morar juntos, construir nossos investimentos, entrar na mesma faculdade, e o mesmo me larga com "eu acho que isso não vai funcionar".

Ter que encher a cara enquanto dorme com outros será um plano adiado, pelo menos adiado nesta noite. Os únicos planos que eu tenho para agora é encontrar Emma e ir embora dali. Me deito naquela aconchegada cama esperando todos os meus problemas serem resolvidos.

Sinto meus olhos pegarem no sono. E então obedeci apenas minhas vontades. Aquela cama estava macia demais para ninguém aproveitar.

"Mas que porra é essa?" - ouço uma voz penetrar em meus ouvidos. Estava desnorteada. Mal conseguia abrir meus olhos por conta da claridade. - "Andem, vazem daqui!" - a voz ainda penetrava em meu ouvido.

Ao ter acesso á minha visão clara, percebi um corpo quase nu deitado ao meu lado. O que raios esse estranho estava deitado ali? Conferi se minha roupa estava adequada e percebo que o meu decote havia ultrapassado seus limites, além da minha saia ter subido um pouco mais que o planejado. Tento disfarçar minha situação, mas havia um garoto de braços cruzados em nossa frente nos expulsando. Estava eu com dois estranhos no mesmo quarto.

O garoto que dormia na cama já estava de saída enquanto eu tentava colocar minha roupa no lugar de frente para o outro garoto. "Vão procurar outro local pra foderem" - o mesmo dirigiu essas palavras até mim.

"Eu estava apenas cochilando. Não sei nem quem é aquele embuste que deitou ao meu lado" - dirijo a palavra até ele enquanto o encaro pela primeira vez. Além de rude era um gato. Simplesmente o cara mais lindo que já vi naquela festa, com toda certeza era o mais bonito dali. Havia cabelos acastanhados com olhos esverdeados. Suas maçãs do rosto eram rosadas e salientes. Sua sobrancelha tinha um desenho perfeito além de arqueadas. Seus lábios eram bem desenhados além de avermelhados. Maxilar era marcado e seu nariz era delicado e empinado. Vestia roupas pretas e sua expressão ainda sim me intimidava.

"Não interessa. Cai fora daqui" - eu ainda estava me recompondo quando me dirigiu essas palavras ríspidas. Me levantei e a única coisa que senti foi nojo de sua arrogância. O mesmo me olhou de baixo para cima e não deixou escapar sua olhada em minhas curvas.

O encarei com desdém e o mesmo sentiu a amargura em minha expressão. Fui em direção até a porta e dei uma última olhada para aquele poço de grosseria. O mesmo ainda me avaliava na saída. Aquele deveria ser o quarto dele. Também não gostaria que estranhos entrassem, mas não engulo o jeito que me tratou como indiferente.

Olho para a tela do celular. Eram 4:56 da manhã e ainda não tinha encontrado a maldita da Emma Cooper. Estava á procura também da minha bolsa e recusaria aceitar que ficou naquele quarto. Dei meia volta para buscá-la. Entrei e me deparo com o garoto que me expulsou de lá. Estava trocando sua roupa e então saio imediatamente.

O mesmo abriu a porta e me deparo com ele apenas de boxer ainda mais próximo. "A sua bolsa está em cima da cama" - o mesmo percebe eu desviar o olhar e provoca ainda mais - "Não vai pegar?"

Entro de forma ligeira e certa ao ponto. Busco minha Chanel e o encaro outra vez. O mesmo solta uma certa cara de ironia, ele estava zombando de minha cara.

"Não ache que pode me tratar como uma qualquer" - digo certa em meu tom de voz. "Sério? Não foi isso que deixou em sua primeira impressão" - o mesmo solta alguns risos. Bufo e saio com raiva. "Crianção" - solto essa ofensa como minhas ultimas palavras.

Encontro Emma cara a cara no meio da multidão. Não tive tempo para discutir seu sumiço, apenas a puxei para fora da casa e a veio acompanhada de dois garotos. Nos direcionamos para o carro de um deles e gostaria muito de pensar que a noite acabaria por ali, mas minha intuição dizia o contrário.

Estávamos dentro do carro e eu não sabia onde seria nossa parada. Queria perguntar á Emma mas a mesma estava conversando com um dos garotos. "Então essa é a da Califórnia?" - o mesmo virou em minha direção com seu olhar. Havia cabelos e olhos escuros com um jeitinho mauricinho, muito bonito por sinal. Deveria ser um dos filhinhos de papai de Nova York. "Hanna" - digo de uma forma simpática e o mesmo me dá um sorrisinho genuíno.

O outro garoto que estava no volante continuou em silêncio desde a partida do carro. Tentei ao menos vê-lo pelo retrovisor. O mesmo lança seu olhar de volta. Fico envergonhada e disfarço a encarada. Seus olhos eram azuis como cristais, muito bonitos por sinal.

Mando uma mensagem para Emma que a encontrava em meu lado perguntando onde estávamos indo. A mesma me responde com outra mensagem "para casa". Tive um momento de felicidade, finalmente aquele dia acabaria.

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