A Escolha Certa 2

Capítulo 36

Acordei num quarto de hospital, fiquei com receio de ter dormido por dias, o que a gente deseja, às vezes, acontece, né? Principalmente se for algo ruim, aí que acontece mesmo. Olhei o relógio que estava na parede, eram 9:00 PM. Não havia ninguém no quarto como acompanhante, tentei me levantar, mas estava mole demais, provavelmente, por conta de algum analgésico.

Decidi dormir mais um pouco, mas não demorou muito para eu ouvir a porta se abrindo e segundos depois, alguém estava segurando a minha mão.

— Isso é tudo culpa minha, eu devia ter sido um amigo de verdade, ou até mesmo, um irmão melhor, que merda que eu fiz! Faria qualquer coisa para você acordar logo. — Gabriel falava enquanto apertava a minha mão e... chorava?!

— Oi. — falei enquanto apertava a mão dele de leve e ele me olhou assustado.

— Você está bem? Eu vou chamar um médico. — disse se virando, mas apertei firmemente sua mão.

— Espera, quero conversar primeiro. — pedi e ele voltou, se sentando na beirada da cama.

— E você está em condições de conversar? É melhor chamar um médico primeiro, depois conversamos. — disse preocupado enquanto me analisava.

— Eu quero conversar agora. — falei firme e o encarando.

— Eu sei que eu fui o errado, mas o Fernando disse e normalmente, o pai sempre concordava com ele, então senti que era o que deveria ser feito, mas eu deveria ter pensado melhor, até porque você é da família e é minha melhor amiga. — disse rapidamente enquanto me olhava nos olhos. Seus olhos brilhavam a cada palavra dita, eu nem precisei me auto questionar, eu já havia o perdoado.

— Eu sei, você teve seus motivos, está tudo bem... — falei com sinceridade e abri os braços, recebendo um abraço forte logo depois.

Gabriel chamou o médico, que disse que por conta de todo o estresse que eu estava enfrentando, acabei tendo um ataque de pânico e o desmaio foi devido a hiperventilação. Naquele momento, eu agradeci internamente por não ter sido outra crise do sono.

Minha mãe e Felipe vieram para me levar para casa. Eu estava sentindo falta dos dois, fazia algum tempo que não nos encontrávamos.

— Seu pai vai ficar bem, tenta ficar mais calma quanto a isso. — Felipe disse enquanto dirigia.

— É, assim espero. — dei um meio sorriso.

— E hoje, vamos fazer algo para te distrair, então, quando chegarmos em casa, você toma um banho e nos encontramos na sala. — minha mãe falava enquanto alisava meus cabelos.

Eu não estava nenhum pouco animada, mas fiz o que ela havia me instruído. Ao descer para a sala, vi que Felipe e minha mãe estavam num sofá, Gabriela e Murilo em outro e Eduardo no tapete com um local já reservado para mim. Cheguei em silêncio e me sentei ao seu lado.

— Desculpa por não ter ido te buscar, meu pai precisou de mim na empresa. — disse fazendo careta e eu o abracei.

Haviam pedido pizza e enquanto esperávamos, colocaram num programa qualquer de TV, e todos estavam debatendo sobre. Preferi ficar quietinha nos braços do Eduardo.

O que o Gabriel havia me dito não saía da minha cabeça por nada...

"O pai sempre concordava com ele."

Será que ele concordaria com isso? Será que o Fernando estava certo e eu deveria realmente me afastar? Só de pensar na hipótese, lágrimas brotaram em meus olhos com facilidade. Doía demais pensar que a melhora dele dependia da minha ausência, mas assim eu faria.